— Sim, o “carma”, expressão
vulgarizada entre os hindus, que em sânscrito quer dizer “ação”, a rigor,
designa “causa e efeito”, de vez que toda ação ou movimento deriva de causa ou
impulsos anteriores. Para nós expressará a conta de cada um, englobando os
créditos e os débitos que, em particular, nos digam respeito. Por isso mesmo,
há conta dessa natureza, não apenas catalogando e definindo individualidades,
mas também povos e raças, estados e instituições.
O Ministro fez uma pausa, como
quem dava a perceber que o assunto era complexo, e continuou;
— Para melhor entender o “carma”
ou “conta do destino criada por nós mesmos”, convém lembrar que o Governo da
Vida possui igualmente o seu sistema de contabilidade, a se lhe expressar no
mecanismo de justiça inalienável. Se no círculo das atividades terrenas
qualquer organização precisa estabelecer um regime de contas para basear as
tarefas que lhe falem à responsabilidade, a Casa de Deus, que é todo o
Universo, não viveria igualmente sem ordem. A Administração Divina, por isso
mesmo, dispõe de sábios departamentos para relacionar, conservar, comandar e
engrandecer a Vida Cósmica, tudo pautando sob a magnanimidade do mais amplo
amor e da mais criteriosa justiça. Nas sublimadas regiões celestes de cada orbe
entregue à inteligência e à razão, ao trabalho e ao progresso dos filhos de
Deus, fulguram os gênios angélicos, encarregados do rendimento e da beleza, do
aprimoramento e da ascensão da Obra Excelsa, com ministérios apropriados à
concessão de empréstimos e moratórias, créditos especiais e recursos
extraordinários a todos os Espíritos encarnados ou desencarnados, que os
mereçam, em função dos serviços referentes ao Bem Eterno; e, nas regiões
atormentadas como esta, varridas por ciclones de dor regenerativa, temos os
poderes competentes para promover a cobrança e a fiscalização, o reajustamento
e a recuperação de quantos se fazem devedores complicados ante a Divina
Justiça, poderes que têm a função de purificar os caminhos evolutivos e
circunscrever as manifestações do mal. As religiões na Terra, por esse motivo,
procederam acertadamente, localizando o Céu nas esferas superiores e situando o
Inferno nas zonas inferiores, porquanto, nas primeiras, encontramos a crescente
glorificação do Universo e, nas segundas, a purgação e a regeneração
indispensáveis à vida, para que a vida se acrisole e se eleve ao fulgor dos
cimos. (Capítulo 7 — "Conversação preciosa", do livro Ação e Reação, pelo Espírito André Luiz)