21 dezembro 2010

Muito se Pedirá Àquele que Muito Recebeu

“Muito se Pedirá Àquele que Muito Recebeu” é um subtítulo, transcrito nos itens 10, 11 e 12, do capítulo XVIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, “Muitos os Chamados e Poucos os Escolhidos”. Este tema mostra a estreita relação entre o conhecimento adquirido e a responsabilidade que daí advém, ou seja, pedir-se-á ao que tem, mas em compensação dar-se-lhe-á mais.

Antes da vinda do Cristo, a Terra possuía vasta cultura, principalmente aquela veiculada pelos grandes filósofos da antiguidade clássica grega. Faltava-lhe, porém, a educação moral, aquela que modifica o ser na sua essência. O Espírito Emmanuel, no capítulo 21, do livro Roteiro, lembra-nos que: o cativeiro consagrado por lei era flagelo comum; a mulher, aviltada em quase todas as regiões, recebia tratamento inferior ao que se dispensava aos cavalos; os pais podiam vender os filhos; as crianças fracas eram, quase sempre, punidas com morte; as feras devoravam homens vivos nos espetáculos e divertimentos públicos, com aplauso geral.

O suplício pelo qual Jesus passou na cruz dá novo ânimo aos seus seguidores; estes começam a dedicar-se aos doentes e infortunados; instituem-se casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o espírito popular; ensinam a compaixão e a solidariedade, a bondade e o amor, a fortaleza moral e a esperança; todos os seres humanos são tocados pela luz do Mestre; uma nova mentalidade é implantada no planeta terra.

De acordo com o preceito evangélico, o que tiver recebido mais conhecimento e não o tiver aplicado, será rudemente castigado; contrariamente, aquele que recebeu menos conhecimento e não o tiver aplicado, será menos castigado. É a noção de justiça. Como exigir daquele que não tem capacidade de entender a boa nova? Para tanto, urge conhecer a vontade do Senhor, consubstanciada na lei do amor, ensinada por Cristo.

Jesus quer nos chamar a atenção para a direção dos nossos olhos. Se olharmos as coisas com segunda intenção, com maldade, com desconfiança, então estaremos “pecando”. Por outro lado, quando ampliamos a nossa visão para as coisas do espírito, vamos nos tornando cegos para a concupiscência, para o erro, para o desvio com relação às Leis Naturais. É por isso que ele diz: “Se fôsseis cegos não teríeis pecado”.

Antevendo toda a deturpação que sua doutrina sofreria ao longo do tempo, Jesus falou-nos do Consolador Prometido, aquele que viria nos lembrar do que houvéramos esquecido e nos trazer novos conhecimentos. O Espiritismo veio abrir a nossa visão de mundo, para que pudéssemos enxergar além dos aspectos puramente físicos, pois ensina-nos que o verdadeiro mundo não é este, mas o mundo espiritual.

Caso tenhamos sido agraciados pelo Senhor da vida a respeito dos conhecimentos espirituais, não os deixemos estagnados. Ao contrário, passemo-los para os nossos irmãos, pois “Aquele que sabe e cala-se é como o avarento que amealha tesouros”. 

 

 

29 outubro 2010

A Filosofia Espírita e o Existencialismo Moderno

Filosofia é a ciência geral dos princípios e das causas. A Filosofia Espírita é a Filosofia vista sob o ponto de vista dos princípios codificados por Allan Kardec. Em metafísica, é qualificável de existencial tudo o que, por oposição ao essencial ou ao conceitual, concerne à afirmação de uma existência. O existencialismo é qualquer doutrina que admite, por oposição aos filósofos do conceito cujo modelo é o sistema hegeliano, a existência como centro de sua reflexão.

existencialismo moderno surgiu como decorrência das duas grandes guerras mundiais: a Primeira Guerra (1914-1918); a Segunda Guerra (1939-1945). Na guerra, um ser humano destrói o outro sem o menor constrangimento. Daí, a percepção do sentido do absurdo juntamente com a do sentimento trágico da vida: desespero, náusea, nada.

Dentre os existencialistas, talvez Sartre seja o mais conhecido. A sua filosofia é a filosofia da consciência. Procura demonstrar que o Ego não está na consciência mas no exterior, no mundo, onde encontra o seu lugar de existência. No mundo, o ego aparece em “perigo”. Para ele, o cogito surge ofuscado pela inquietude da “facticidade”, e pensa: mesmo “estilhaçado”, o cogito se abre à liberdade, pois existir é superar a existência em direção à impossível essência, mas esse movimento é também transcendência.

Para o existencialismo, conforme o ser humano vai vivendo, ele vai formando a sua existência. Assemelha-se à tabula rasa de Locke. A essência é como uma folha em branco, que vai sendo preenchida pelas nossas experiências. No Espiritismo, não é assim que acontece, pois o Espírito, o princípio inteligente do universo (essência), toma um corpo (existência), mas é anterior ao corpo, porque já teve outras vivências passadas.

Segundo o existencialismo, se as pessoas agirem de conformidade com as atitudes inautênticas, ou seja, de modo mecânico e superficial, elas não sentirão nem medo, nem angústia. Quando, porém, optam pelo comportamento autêntico, em que a verdade se desvela, sentirão a angústia, que é a impossibilidade do possível. O Espiritismo não despreza o medo e a angústia, sintomas de nossa ignorância com respeito à lei de Deus. Mas, uma vez compenetrados dos ditames dessa lei, passamos a vê-los como um estado de transição para a perfeição de nosso Espírito imortal.

A sociedade individualista e consumista leva-nos irremediavelmente ao niilismo. Vendem-nos a ideia de que temos que ser ricos, poderosos, famosos. Com isso, todos os nossos recursos pessoais são deslocados para esse fim. A livre busca do saber e os sentimentos profundos da alma são considerados maus e reprimidos. Voltemos os nossos olhos para o saber dos antigos, principalmente o dos gregos.

O desespero, a falta de fé, a dor e sofrimento na atualidade são consequência da falta de valores morais sólidos, os quais têm sido medrados em nosso meio, principalmente no âmbito político. Quando relaxamos os valores morais, outros entram em seu lugar. Necessitamos urgentemente de uma mudança comportamental, para que possamos nos ater ao que é realmente vital para o nosso progresso espiritual.

Compilaçãohttps://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/filosofia-esp%C3%ADrita-e-os-problemas-existenciais





27 outubro 2010

O Termo Filosofia Espírita

Questão: podemos falar em Filosofia Espírita?

Para responder a esta questão, gostaríamos de remetê-los à entrevista feita por Mônica Aiub e Márcio José Andrade e Silva com Luiz Alberto Cerqueira, professor de Filosofia e diretor do Centro de Filosofia Brasileira (CEFIB), na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

De acordo com Luiz Alberto Cerqueira, “O mau hábito de imaginar que a atividade filosófica só se desenvolve em função de autores impede uma visão crítica do estudo de filosofia no país”. Acrescenta que aquilo que os gregos chamaram de filosofia, referida ao sujeito pensante, não é exclusiva dos gregos nem de qualquer cultura particular. Tem, assim, a preocupação de desenvolver o estudo filosófico em função de problemas, e não de autores. Acha que o modelo brasileiro desenvolvido em cima de autores é o câncer da vocação filosófica brasileira.

A filosofia pode ser alemã, inglesa, francesa, americana, mas não pode ser brasileira. Se ela pode ser alemã, por que não brasileira? Nesse caso, os filósofos são comentadores e não realmente filósofos. (1)

Se podemos falar em filosofia disso, ou filosofia daquilo, por que não podemos falar de Filosofia Espírita?

A Filosofia Espírita, entendemos nós, nada mais é do que o sujeito pensante elaborando os seus conceitos filosóficos, sob a direção dos princípios fundamentais, codificados por Allan Kardec. Nesse caso, somos obrigados a nos debruçar sobre as obras básicas do Espiritismo, principalmente, O Livro dos Espíritos.

José Herculano Pires, no livro Introdução à Filosofia Espírita, diz: “Na verdade, a Filosofia Espírita se apresenta, para o investigador imparcial, como o delta natural em que desemboca no presente toda a tradição filosófica”. (2)

Fonte de Consulta

(1) FILOSOFIA, CIÊNCIA & VIDA. Ano IV, número 42, 2009, p. 7 a 11.

(2) PIRES, J. H. Introdução à Filosofia Espírita. São Paulo: Paidéia, 1983.

 

21 outubro 2010

Psicologia e Espiritismo

Psicologia é a ciência dos fenômenos psíquicos e do comportamento. Estuda as ideias, sentimentos e determinações cujo conjunto constitui o espírito humano. Psicanálise é o processo de exame psicológico que pretende descobrir no inconsciente neuropata as tendências, os desejos e os complexos perturbadores de sua alma. Psiquiatria é parte da medicina que estuda as doenças mentais, na sua etiologia, patogenia, manifestações clínicas e tratamento.

Os primórdios da Psicologia encontram-se: 1) na antiguidade grega, a afirmação de que é o espírito que vê o ouve (e não os órgãos sensoriais); 2) a classificação dos humores e sua relação com os temperamentos (sanguíneo, fleumático, melancólico e colérico); 3) Pitágoras e sua crença na imortalidade da alma; 4) Platão com sua teoria de que os desejos se satisfaziam nos sonhos, por meio de imagens, quando se achavam adormecidas as mais altas faculdades da mente.

A Psicologia só se afirma como “ciência”, independente da filosofia, e, objetiva, a partir da 2.ª metade do século XIX. Esse movimento se confirma com a elaboração progressiva de diversos métodos quantitativos e testes, além da constituição de várias teorias – behaviorismo e Teoria da Gestalt.

Muitos filósofos contribuíram para o desenvolvimento da Psicologia. Eis alguns deles: Santo Agostinho (430 d.C.) estudou os problemas da Psicologia sob o ponto de vista de um observador que descreve vivências reais; Thomas Hobbes (1588-1679) fez um sumário da psicologia incluindo as sensações, a imaginação e os sonhos; Descartes – com a sua dualidade espírito-matéria –, concebeu a possibilidade de uma ação puramente mecânica; Locke, em seu Ensaio sobre o Entendimento Humano, mesmo não sendo uma obra psicológica, inaugurou a psicologia da associação de ideias.

Sigmund Freud e Carl Gustav Jung foram os dois grandes expoentes da Psicologia. Freud interpretou os sonhos e desenvolveu o "método da associação livre", pelo qual conseguiu obter a cura de muitas doenças mentais. Jung deu sequência ao trabalho desenvolvido por Freud, porém de modo mais científico. Jung aprofundou-se no estudo do inconsciente.

O Espiritismo é a síntese de todo o processo de conhecimento. O Espírito Emmanuel, em O Consolador, responde a várias perguntas sobre a relação entre a Psicologia e o Espiritismo. Tomamos a liberdade de copiar três delas, com suas respectivas respostas.

Pergunta 45. A psicanálise freudiana, valorizando os poderes desconhecidos do nosso aparelhamento mental, representa um traço de aproximação entre a Psicologia e o Espiritismo?

Essas escolas do mundo constituem sempre grandes tentativas para aquisição das profundas verdades espirituais, mas os seus mestres, com raras exceções, se perdem na vaidade dos títulos acadêmicos ou nas falsas apreciações dos valores convencionais.

Os preconceitos científicos, por enquanto, impossibilitam a aproximação legítima da Psicologia oficial e do Espiritismo.

Os processos da primeira falam da parte desconhecida do mundo mental, a que chamam de subconsciente, sem definir essa cripta misteriosa da personalidade humana, examinando-a apenas na classificação pomposa das palavras. Entretanto, somente à luz do Espiritismo poderão os métodos psicológicos aprender que essa zona oculta, da esfera psíquica de cada um, é o reservatório profundo das experiências do passado, em existências múltiplas da criatura, arquivo maravilhoso em todas as conquistas do pretérito são depositadas em energias potenciais, de modo a ressurgirem no momento oportuno.

Pergunta 47. Por que, relativamente ao estudo dos processos mentais, se encontram divididos no campo da opinião os psicologistas do mundo?

Os psicologistas humanos, que se encontram ainda distantes das verdades espirituais, dividem-se tão-só pelas manifestações do personalismo, dentro de suas escolas; mesmo porque, analisando apenas os efeitos,, não investigam as causas, perdendo-se na complicação das nomenclaturas científicas, sem uma definição séria e simples do processo mental, onde se sobrelevam as profundas realidades do espírito.

Pergunta 48. O Espiritismo esclarecerá a Psicologia quanto ao problema da sede de inteligência?

Somente com a cooperação do Espiritismo poderá a ciência psicológica definir a sede da inteligência humana, não nos complexos nervosos ou glandulares do corpo perecível, mas no espírito imortal.

Em vista disso, concluímos que há necessidade de seus representantes (os psicólogos) deixarem de lado a vaidade, o preconceito e o personalismo, e aceitarem as teses da imortalidade da alma, da reencarnação e dos distúrbios mentais associados à mediunidade.

 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.

GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.].

SOUZA, Silney: http://www.webartigos.com/articles/22428/1/PSICOLOGIA-E-ESPIRITISMO/pagina1.html#ixzz12tsJzSKx

XAVIER, F. C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977. 



06 outubro 2010

O Instrutor Espírita diante do Centro Espírita

O objetivo do ensino na Casa Espírita é transmitir ao educando informações básicas acerca dos princípios doutrinários, sem ferir o íntimo de cada ouvinte; ao contrário, criar condições favoráveis à recepção destes postulados, lembrando que cada um de nós está em níveis de percepção espiritual diferentes, cabendo ao instrutor ajustar-se às necessidades de cada grupo.

Para atuar na área de ensino, o colaborador deve ter as seguintes características: 1) não medir esforços para a preparação do assunto que irá expor; 2) ter facilidade de expor ideias aos outros; 3) estar a par das regras de oratória e exposição; 4) ser amante do conhecimento, não só espírita, mas de cultura geral; 5) não se melindrar com críticas e observações acerca de sua exposição; 6) dar abertura à influência do plano espiritual superior.

O instrutor deve ter em mente as técnicas de exposição. Hoje, mais do que nunca, precisamos estar a par dos avanços da informática: recursos dos programas de PowerPoint, por exemplo. Em se tratando das técnicas de exposição, há os diversos métodos de ensino, que nos orientam sobre palestra, dinâmica de grupo, debates orientados, sessão de brainstormings, entre outros. Tudo deve ser feito com critério, pois como se diz: “Se Jesus, na sua época, tivesse usado o PowerPoint, não teria nenhum discípulo”. Quer dizer, a postura e a empatia do expositor contam mais do que as aparelhagens modernas.

Em se tratando de uma Casa Espírita, onde nos ensinam que o Espírito já adquiriu conhecimentos em outras existências, o diálogo é de fundamental importância, pois um aluno com vivências passadas mais ricas do que a nossa, pode também nos ensinar muito, tornando a aula mais proveitosa.

O instrutor deve procurar expressar a Doutrina Espírita em seu tríplice aspecto, ou seja, em termos da filosofia, da ciência e da religião. Para muitos, a interligação parece difícil, mas o Espiritismo, sendo uma síntese de todo o conhecimento veiculado, pode analisar um assunto qualquer sob estes três aspectos. Com isso, desviamo-nos do comodismo de repetir frases de efeito, que não nos levam muito longe em nossas reflexões sobre a própria doutrina.

Evitar o “eu acho”, “eu penso”, “eu isso”, “eu aquilo”. Nosso problema é expor a Doutrina, lembrando que o termo doutrinário significa quem obedece rigidamente aos princípios da própria doutrina, prestando atenção à teoria no seu sentido abstrato, mais do que no prático. Podemos e devemos usar as nossas próprias palavras, mas refletidas e alicerçadas nos fundamentos básicos do Espiritismo.

O instrutor deve ter em mente que ele é apenas uma peça na organização global de uma Casa Espírita. Achar que a sua função é mais importante do que a dos outros pode fazê-lo desviar da verdade. Lembremo-nos de que cada um dos frequentadores tem uma tarefa específica. Ninguém é mais do ninguém, porque todos trabalhamos para a unidade - Centro Espírita - que, por princípio, não tem dono. É simplesmente uma organização religiosa.

Estejamos convictos de que só ensina quem aprende. Não sejamos os falsos profetas do Evangelho, aqueles que se colocam como disseminadores da doutrina do Cristo e não passam de expositores do erro e da discórdia.

 

15 setembro 2010

Psicopatia e Espiritismo

Psicopatia é uma designação geral, pouco específica e controversa, para uma grande classe de modos anormais de vivência e conduta. Em geral, considera-se a psicopatia como desvio psíquico condicionado pela hereditariedade da norma média no campo da vida impulsiva, emocional e voluntária, que leva a uma adaptação errada. (1) A psicopatia deve ser analisada em função da falta de consciência do psicopata. 

Pessoas que matam em defesa própria, parceiros que matam motivados por ciúme, pessoas extremamente narcisistas que matam movida por ciúme, pessoas que matam pessoas que se encontram no caminho de um objetivo etc. são alguns dos traços característicos dos psicopatas. (2) 

Estatisticamente considerada, a psicopatia apresenta os seguintes dados: metade dos crimes hediondos dos EUA é cometida por psicopatas; 4 vezes mais crimes violentos são cometidos pelo psicopata, comparado ao criminoso comum; 70% é a taxa de reincidência de um psicopata em liberdade; 1 a cada 3 psicopatas é mulher. 

Segundo Martha Stout, em Meu Vizinho é um Psicopata, a psicopatia pode atingir qualquer pessoa, independentemente de renda, poder ou belo porte físico. Esses distúrbios originam-se na pouca ou falta de consciência, cujo termo técnico é “Transtorno da Personalidade Antissocial”, uma incorrigível deformação do caráter, que se acredita estar em 4% da população mundial. (3) 

Os sintomas dos distúrbios mentais relacionados com a psicopatia podem ser assim resumidos: incapacidade de adequação às normas sociais; falta de sinceridade e tendência de manipulação; impulsividade, incapacidade de planejamento prévio; permanente negligência com a própria segurança e a dos outros; irresponsabilidade persistente; ausência de remorso após magoar, maltratar ou roubar outra pessoa. (3) 

De acordo a Doutrina Espírita, a lei de Deus está escrita na consciência do ser. Essa lei pode ser esquecida, mas há muitos abnegados instrutores, encarnados e desencarnados, encarregados de nos lembrar dela. São os Espíritos superiores, cuja missão é fazer progredir a Humanidade. (4) 

Para a ciência médica, a falta de consciência permite ao indivíduo cometer qualquer crime. Na visão espírita, tudo tem a sua razão de ser e nenhum agravo à lei de Deus fica sem o reparo necessário. O esquecimento do passado, apregoado pela Doutrina Espírita, é apenas para nos livrar de embaraços maiores à nossa vivência neste mundo. No íntimo de cada um de nós há os germes da perfeição. Podemos, pelo nosso livre-arbítrio, contrariar aquilo que está dentro de nós, mas teremos que reparar em futuro próximo. 

(1) DIETRICH, Georg e WALTER, Hellmuth. Vocabulário Fundamental de Psicologia. São Paulo: Edições 70, 1978.

(2) MUNDO ESTRANHO. São Paulo: Editora Abril, setembro de 2010, edição 103.

(3) STOUT, Martha. Meu Vizinho é um Psicopata. Tradução de Regina Lyra. São Paulo: Sextante, 2010.

(4) KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: FEESP, 1995.



13 Regras para Lidar com os Sociopatas na Vida Cotidiana 

1 — Aceite a dura realidade de que algumas pessoas literalmente não tem consciência.

2 — Em caso de conflito entre os seus instintos e o que se espera de alguém no papel de educador, médico, líder, protetor dos animais, humanista, pai ou mãe, siga os seus instintos.

Seu instinto entende sem precisar que lhe digam, que rótulos imponentes e respeitáveis não conferem consciência a quem não a tem.

3 — Quando pensar em um novo relacionamento, seja de que natureza for, siga a Regra dos Três com relação às afirmações e promessas que outra pessoa fizer e às responsabilidades que ela tem. Transforme a regra dos três na sua política pessoal.

Uma mentira, uma política não cumprida ou uma única responsabilidade negligenciada podem decorrer de um mal entendido. Duas talvez representem um erro grave. Mas três ocorrências indicam que você está lidando com um mentiroso, e o engodo é a essência do comportamento de quem não tem consciência. Reduza o seu prejuízo e se afaste o mais rapidamente possível. Por mais difícil que seja abandonar o relacionamento, será melhor fazer isso logo do que mais tarde, quando os danos forem maiores. Não entregue seu dinheiro, seu trabalho, seus segredos ou seu afeto a quem falhou três vezes. Suas doações valiosas serão desperdiçadas.

4 — Questione a autoridade.

5 — Desconfie da bajulação.

Elogios são ótimos sobretudo quando sinceros. Por outro lado a bajulação é exagerada e agrada a nosso ego de uma forma irreal. É uma característica do charme fingido e quase sempre envolve uma tentativa de manipulação, que, às vezes, pode ser inofensiva e, outras vezes, sinistra. Vigie seu ego afagado e lembre-se de desconfiar da bajulação.

6 — Se necessário redefina seu conceito de respeito.

Muitas vezes confundimos medo com respeito, e quanto mais tememos alguém, mais o vemos como merecedor de nosso respeito.

A decisão de separar o respeito do medo é ainda mais importante para as nações e grupos. O político mesquinho ou arrogante, que ameaça os povo com lembretes frequentes da possibilidade de crimes, violência ou terrorismo e que depois ganhe esse medo reforçado para ganhar apoio tem mais chance de ser um trapaceiro bem sucedido do que um líder legítimo.

7 — Não entre no jogo.

A intriga é uma ferramenta poderosa do sociopata. Resista à tentação de competir com um sociopata sedutor, de enganá-lo, de analisá-lo ou mesmo de enfrentá-lo.

8 — A melhor maneira de se proteger de um sociopata é evitá-lo, recusando-se a manter qualquer tipo de contato ou comunicação visual com ele.

O único método eficaz para lidar com um sociopata é impedir que ele tenha qualquer tipo de acesso à sua vida. Os sociopatas vivem totalmente à margem das regras da sociedade, e por isso é perigoso incluí-los em relacionamentos e círculos sociais.

9 — Questione a sua própria tendência a sentir pena.

O respeito deve ser reservado aos generosos e moralmente corajosos. A pena é outra reação socialmente valiosa e deve ser reservada para inocentes que estejam de fato sofrendo e enfrentando um revés na vida. Os sociopatas tiram grande proveito dessa cortesia (pena) para explorar os outros. Não tenha medo de fechar a cara e, com tranquilidade, ser direto.

10 — Não tente recuperar os irrecuperáveis.

Uma segunda (terceira, quarta e quinta) chance deve ser dada aos indivíduos que tem consciência. Se você estiver lidando com alguém sem essa característica fundamental, aprenda a engolir em seco e reduzir seu prejuízo. A certa altura, a maioria de nós precisa aprender a lição importante, ainda que desanimadora, que, por melhores que sejam as nossas intenções, não podemos controlar o comportamento e menos ainda o caráter - de outras pessoas. Aceite esse fato da vida e evite a ironia de nutrir a mesma ambição do sociopata — controlar. Se não é isso que você deseja, mas ajudar os outros, dedique-se apenas àqueles que realmente queiram ser ajudados. Acredito que você descobrirá que a pessoa sem consciência não está entre eles. Você não é, em absoluto, culpado pelo comportamento do sociopata. Da mesma forma ele não é responsabilidade sua. A sua responsabilidade é cuidar da sua própria vida.

11 — Nunca concorde por pena ou por qualquer outra razão, em ajudar um sociopata a esconder seu verdadeiro caráter.

O apelo "Por favor não conte", na verdade em tom choroso e rangendo os dentes, é uma marca registrada de ladrões, pedófilos e sociopatas. Não dê ouvidos a esse canto da sereia. Os outros merecem ser alertados, enquanto os sociopatas não merecem que você os proteja. Se alguém desprovido de consciência insistir que você lhe "deve" isso, lembre-se do seguinte: "Você me deve essa" tem sido o chavão dos sociopatas por mil anos e continuará sendo. Foi o que Rasputim disse à imperadora da Rússia. Costumamos ouvir "Você me deve essa" como uma cobrança da qual não podemos escapar, mas não é bem assim. Não o escute. Ignore também outro chavão: "Você é igualzinho a mim." Você não é.

12 — Defenda sua psique.

Não permita que uma pessoa sem consciência ou várias convençam você de que a humanidade é um fracasso. A maioria dos seres humanos tem consciência e é capaz de amar.

13 — Viver bem é a melhor vingança.

Trechos extraídos do livro Meu Vizinho é um Psicopata, de Martha Stout, tradução de Regina Lyra, editado pela Sextante, em 2010, páginas 175 a 180.


Psicopatia: Maldade Humana

O psiquiatra forense Michael Stone, da Universidade de Colúmbia, nos EUA, criou um índice que mede o grau de maldade em pessoas que cometeram assassinatos. Este índice varia entre 1 e 22 e procura avaliar: o motivo, o método e a crueldade. “A maldade aumenta conforme crescem a futilidade do motivo, o sadismo e a violência do método, e agravantes como perversão sexual, número de vítimas, tempo em atividade e tortura”. (Mundo Estranho, edição 103, p. 24)

Os 22 itens da maldade humana podem ser assim resumidos: pessoas que matam em defesa própria; parceiros que matam motivados por ciúme; pessoas traumatizadas e desesperadas que matam, mas se arrependem; pessoas extremamente narcisistas que matam movida por ciúme; pessoas que matam pessoas que se encontram no caminho de um objetivo; psicopatas com sede de poder que matam quando se sentem ameaçados; psicopatas frios e egocêntricos que matam em beneficio próprio; assassinos torturadores; assassinos seriais com perversões sexuais; psicopatas que colocam vítimas sob tortura extrema por um longo período e depois matam. (Mundo Estranho, edição 103, p. 24 a 33)

Psicopatas assustam até nos números:

86% dos serial killers americanos são psicopatas.

Metade dos crimes hediondos dos EUA é cometida por psicopatas.

2,5 vezes é o risco de psicopatas conseguirem liberdade condicional por causa de sua capacidade de simular, comparados a presos normais.

4 vezes mais crimes violentos são cometidos pelo psicopata, comparado ao criminoso comum.

70% é a taxa de reincidência de um psicopata em liberdade.

1 a cada 3 psicopatas é mulher.

7 vezes é o risco de um psicopata matar um estranho, comparado ao criminoso comum.

20% é a estimativa de psicopatas na população carcerária do Canadá e dos Estados Unidos.

(Mundo Estranho, edição 103, p. 27) 



11 setembro 2010

Empirismo e Espiritismo

O empirismo refere-se às doutrinas filosóficas que admitem que o conhecimento humano deduz tanto seus princípios quanto seus objetos ou conteúdos, da experiência. Racionalismo, intelectualismo e intuicionismo são os termos opostos ao empirismo, pois admitem o conhecimento que não venha apenas pela experiência, ou somente pelas vias sensoriais.

Quando John Locke dá início ao empirismo inglês, a filosofia predominante é a cartesiana, cujo problema metafísico é resolvido pela teoria substancialista (três substâncias) de Descartes: res cogitans – a substância pensante – (alma), res extensa – a substância extensa – (o corpo) e Deus, a substância infinita criadora.

Descartes falava de três tipos de ideias: adventíciasfictícias e inatas. As ideias adventistas são as que sobrevêm em nós postas pela presença da realidade externa; as ideias fictícias são aquelas que por nós mesmos formamos em nossa alma; as ideias inatas são as que constituem o acervo próprio do espírito, da mente e da alma. Locke nega a existência de ideias inatas. Para explicar como as ideias se formam na mente, supôs que a alma fosse um papel em branco (tabula rasa) onde tudo o mais deveria ser escrito pelas sensações da experiência.

Berkeley e Hume dão prosseguimento às ideias sobre o empirismo. Berkeley elimina a substância material (res extensa) ficando apenas com a de pura vivência ou pura percepção. Hume faz desaparecer também as substâncias: res cogitans e Deus. Dizia que toda ideia que não tiver um correlacionado na existência real é falsa.

Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, aplicava o método teórico-experimental em suas pesquisas. Dizia: “Fatos novos se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis conhecidas; ele os observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege: depois, deduz-lhes as consequências e busca as aplicações úteis”. O Espiritismo não teve uma teoria preconcebida sobre a existência e comunicação dos espíritos. Foi pela observação, análise e estudo rigoroso dos fatos que se construiu o edifício espírita. (Kardec, 1975, cap. I, item 14)

A lei da reencarnação mostra-nos que o Espírito, eventualmente num corpo carnal, já teve outras experiências, outras vivências. Daí ser possível fazer ilações, que vão além daquelas feitas pelo empirismo, que só aceita o aqui e o agora da experiência. Com a reencarnação penetramos em outras memórias, as memórias espirituais, o que nos dá ensejo de enfatizar a existência de ideias inatas, negadas pelo empirismo.

O perispírito ou corpo espiritual é o elo de ligação entre o corpo físico e o Espírito propriamente dito. O problema da obtenção do conhecimento — pelos sentidos ou pelo espírito — tem aqui o seu esclarecimento: o Espírito é um todo, pois engloba o espírito propriamente dito, o perispírito e o corpo físico.

A certeza de que há vida além da vida faz-nos ampliar o conceito de um determinado fato (ele é presente, mas tem conexões com as vidas passadas e as futuras). Presentemente, estamos passando por uma experiência. Ela não está isolada, porque é reflexo de uma ação passada, englobando as existências passadas. Pode ser também um projétil para o futuro, e influenciando nossas futuras encarnações.

O Espiritismo, sendo a síntese do processo do conhecimento filosófico, não só elucida o problema da origem das ideias, como também nos fornece subsídios para entendermos a mecanismo das ideias inatas, negado pelo empirismo.




06 setembro 2010

Depressão e Espiritismo

Depressão é o estado de abatimento psíquico e físico. É normal que as pessoas tenham períodos de depressão nervosa, mas quando ela é muito acentuada ou quando tende a se manter por períodos muito longos, pode-se tratar de uma perturbação mental. A psiquiatria é a ciência que cuida desses problemas mais graves, pois concebe a depressão como uma doença. Nesse caso, pode-se buscar a cura, inclusive com uso de remédios.

depressão não é característica apenas da era moderna Na Bíblia, há relatos sobre os padecimentos dos atingidos pelo infortúnio, aqueles que perderam a fé em Deus, e com isso a esperança no futuro. Hipócrates, o pai da medicina, no século IV a.C., já nos esclarecia que a depressão tinha relações estreitas com o temperamento melancólico. Na Idade Média, esteve associada à força mística de alguma entidade misteriosa. Somente no século XVIII é que passou a ter características de método científico.

Os tipos de depressão são os mais variados. Há os casos próprios (depressão endógena) e os provenientes de doenças e frustrações várias. Exemplo: depressão das doenças orgânicas (hepatite, câncer, enfarte, Parkinson); depressão traumática (acidentes automobilísticos, acidentes de trabalho); depressão dos lutos patológicos; depressão em virtude da decepção amorosa.

Algumas estimativas numéricas: a depressão afeta 15 a 20% das mulheres e 5 a 10% dos homens; aproximadamente 60% das pessoas com depressão não fazem tratamento; atualmente 10% da população mundial sofrem do mal. Em dez anos, acredita-se que esse número será de 20%; recentemente, a Organização Mundial da Saúde classificou a depressão como uma das doenças que mais causam incapacidade. É a 4.ª numa lista de 5. Até 2020 terá ocupado o 2.º posto.

No Espiritismo, os passes e as prédicas evangélicas curam a depressão? Não resta dúvida que os fluidos emitidos pelos passes, seguidos pelas orientações doutrinárias espíritas, são extremamente úteis. Entretanto, o tratamento médico deve vir em primeiro lugar; os passes e as palestras são complemento não substituição. Tratar de uma obsessão quando o problema é físico pode gerar graves incômodos ao sujeito com depressão.

A depressão de hoje pode ter íntimas relações com vivências passadas. O Espírito André Luiz, no capítulo 4 de “No Mundo Maior”, oferece-nos subsídios para compreendermos o cérebro intoxicado. É caso do sujeito que assassinou o padrasto, roubou-lhe certa quantia de dinheiro, mas não deixou pista alguma à justiça. “Conseguiu ludibriar os homens, mas não pode iludir a si mesmo”. O padrasto, já no mundo espiritual, concentrando a mente na ideia de vingança, passou a segui-lo ininterruptamente. Daí em diante não teve mais sossego, por mais que trabalhasse e cuidasse dos seus familiares.

O Espírito Joana de Ângelis, nesta linha de vivências passadas, mostra-nos, na mensagem “Nostalgia e Depressão”, que as pessoas vitimadas pela insegurança e pelo arrependimento, perdem a liberdade de movimentos, de ação e de aspiração. A nostalgia reflete evocações ricas de momentos felizes, que não mais se experimentam. Pode perfeitamente proceder de existências passadas do Espírito.

Em vista da gravidade da depressão, que é o desarranjo do nosso estado mental, saibamos cultivar pensamentos de paz, alegria e bom ânimo, alicerçados nas prédicas trazidas por Jesus.

Compilaçãohttps://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/depress%C3%A3o






25 agosto 2010

Divórcio e Espiritismo

O casamento é qualquer projeto de vida em comum entre pessoas de sexos diferentes. O divórcio é o rompimento legal do casamento. “Os Fariseus tiveram por dura a condição do matrimônio não admitir divórcio, alegando que melhor era não casar”. Diz-se também das dissensões entre marido e mulher ou entre amigos. Exemplo: dado o seu mau caráter, está em divórcio com todos.

Na Roma antiga, era costume casar-se e descasar-se. Na época, as mulheres contavam os anos pelo número de maridos. César, por exemplo, repudiou sua mulher com a simples alegação de que “a mulher de César não deve ser suspeita a ninguém”. Observava-se, também, que era uma honra para a mulher ter tido um único marido. Nesse caso, em seu túmulo ia a seguinte lápide: “não teve senão um marido”.

Nos Estados Unidos, 50% dos casamentos acabam em divórcio. Na União Europeia, a cada 30 segundos um casamento é dissolvido. Por cada dois casamentos, há um que se rompe. De acordo com Censos e pesquisas do Registro Civil do IBGE, o número de divorciados no Brasil tem aumentado ao longo do tempo. Em 1980 houve 41.140 divórcios; em 1991, 378.469; em 2000, 2.319.595. Esses números representaram, respectivamente, 0,03, 0,26 e 1,37% da população. Presentemente, a cada 6 novos casamentos há 1 divórcio.

Tratando-se de Religião: 1) de acordo com o direito canônico, a indissolubilidade do matrimônio cristão adquire particular firmeza em razão do sacramento; 2) o divórcio como direito masculino é encontrado em Deut. 24, 1-4; 3) em virtude da facilidade de dissolução do casamento no Império Romano, os cristãos acabaram aceitando com facilidade a indissolubilidade do matrimônio. As suas convicções estão firmadas nas próprias palavras do Cristo, que só no adultério via motivo para o divórcio. (Mat., 19,9)

O Espírito Emmanuel, comentando a passagem evangélica sobre o divórcio, diz-nos que “partindo do princípio de que não existem uniões conjugais ao acaso, o divórcio, a rigor, não deve ser facilitado entre as criaturas”. A Divina Providência jamais prescreve princípios de violência. Caso optemos pela separação, talvez estejamos adiando os reajustes para uma futura encarnação.

De acordo com o Espiritismo, o divórcio é uma lei humana que tem por fim separar legalmente o que está separado de fato; não é condenável perante Deus, pois, ele trata de legitimar o que já está separado, isto é, regular separações onde não há amor, mas somente a união dos sexos ou de interesses materiais.

Saibamos que em nosso planeta, há raríssimas uniões de almas gêmeas, poucos matrimônios de almas afins e grande número de ligações de resgate. Tenhamos, assim, paciência e resignação e adiemos o máximo possível a ruptura de uma união matrimonial.

Compilaçãohttps://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/div%C3%B3rcio

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O Divórcio no Código de Hamurábi

Se um homem se dispôs a abandonar uma sugetum que lhe deu filhos ou uma salme que lhe permitiu possuir crianças, a esta mulher será devolvido o seu dote e lhe será dada uma parte do campo, jardim e bens moveis e ela criará as crianças.

Sugetum — esposa de segunda categoria: quando a esposa (salme) não podia dar filhos, o homem tinha o direito de casar-se novamente; a sugetum nem bem era a primeira esposa, nem uma concubina escrava.

Há considerações sobre o abandono da primeira esposa, a saída da mulher de casa... envolvendo as questões de dinheiro ou dote. .

Código de Hamurábi, 137-143

O Divórcio entre os Hebreus

Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela e se ela não o atrair, por ter encontrado algo indecente nela e se ele lhe lavrar e entregar um termo de divórcio despedindo-a de casa;

E se, saindo de sua casa, for e se casar com outro homem.

E se este a aborrecer, e lhe lavrar e lhe entregar o termo de divórcio e a despedir da sua casa, ou se vier a morrer,

Então seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a desposá-la, para que seja sua mulher, depois que foi contaminada; pois é abominação perante o Senhor; assim não farás pecar a terra que o Senhor teu Deus te dá por herança.

Deuteronômio 24, 1-4.

Extraído de PINSKY, Jaime. 100 Textos de História Antiga. São Paulo: 11.ed., Contexto, 2021.

 

 

 

24 agosto 2010

Assistência Espiritual: Palestra A2

A Assistência Espiritual, denominada A2, tem a duração de uma hora. A palestra evangélica propriamente dita é feita em aproximadamente 40 minutos. O restante do tempo destina-se ao preparo de ambiente, prece de abertura, avisos, vibrações e palavra do mentor espiritual. O seu objetivo é transmitir as verdades imorredouras do Cristo, no sentido de acalmar e equilibrar os pensamentos das pessoas presentes na reunião.

Além da mesa, composta por um diretor, um auxiliar e um médium psicofônico para receber as instruções dos mentores espirituais, pode-se, conforme for a quantidade de colaboradores, formar uma corrente de médiuns para dar sustentação ao trabalho.

A palestra A2 é um passe coletivo. Faz parte de uma engrenagem mais ampla, que é o trabalho de passes de um Centro Espírita. Essa assistência é indicada para os casos de natureza espiritual mais profunda: desespero, melancolia, cólera e melindres; perturbações e envolvimentos de fundo mediúnico, problemas de mediunidade (visões e arrepios) e depressão nervosa.

Em nosso dia-a-dia, estamos sujeitos a uma série de situações que nos causam estresse: a falta de dinheiro para o nosso sustento, o relacionamento no local de trabalho, as desavenças familiares, as rusgas e a nossa própria intemperança. Essas situações, quando administradas inconvenientemente, geram um desequilíbrio emocional muito intenso, provocando viés de conduta, necessitando de uma assistência espiritual, que no caso pode ser indicado o A2.

O A2 é um trabalho voltado para as pessoas, que após terem passado por outras assistências da Casa, já não apresentam acentuado grau de envolvimento espiritual negativo. O objetivo dessas palestras é melhorar o pensamento do frequentador, no sentido de mudar a sua conduta frente à vida e a si mesmo. É romper a simbiose e o monoideísmo.

Exemplifiquemos: o trabalho de desobsessão foi a primeira tentativa de doutrinar o obsessor. Acontece que os automatismos dos pensamentos de tristeza, melancolia, ódio continuam jungidos ao frequentador. Os ensinamentos evangélicos, transmitidos nessa assistência espiritual, podem perfeitamente desfazer esse automatismo e criar hábitos e atitudes voltados para o bem, para a felicidade.

Além dos cuidados com a preparação de ambiente e do médium, a do expositor reveste-se de relevância especial. Sob sua palavra, a reunião vai se desenrolar. O expositor precisa conhecer a Doutrina Espírita e, principalmente O Evangelho Segundo o Espiritismo, matéria-prima de sua exposição. Não é viável transformar a sua palestra numa aula. A aula tem outra dinâmica, pois está mais voltada para a razão do que para emoção. Lembremo-nos de que o expositor da boa nova assemelha-se a um técnico eletricista desligando as tomadas mentais infelizes.

Em todo o trabalho de assistência espiritual, pede-se que o frequentador tenha muita fé e confiança nos médiuns e nos Espíritos protetores. Assim, na condição de “assistido”, tenhamos fé; na condição de colaboradores, saibamos passar confiança e tenacidade aos que procuram uma Casa Espírita.

30 julho 2010

Aborto, O

aborto — eliminação de um ser humano no período de vida compreendido entre a fecundação e o nascimento —, é um tema controverso. Ele está relacionado com diversos problemas, desde o direito de a mulher em dispor de seu corpo como bem entender até os imperativos da lei de Deus, que prescreve punições sobre o direito à vida de um ser sem defesa.

A problemática filosófica do aborto fundamenta-se no estatuto antropológico do embrião. A dúvida: quando é que o feto se torna pessoa e não simplesmente “pessoa futura” ou “pessoa potencial”? Em séculos passados, admitia-se a tese da “animação mediata”, segundo a qual o embrião era gradativamente informado pela alma vegetal, animal e, finalmente, racional. Foi abandonada no século passado pela tese da “animação imediata”, ou seja, pela simultaneidade entre a fecundação e a pessoa humana.

O estatuto antropológico do embrião levanta, também, um problema moral, ou seja, desde o momento em que o concebido é pessoa, qualquer aborto tem responsabilidade moral, pois há um homicídio dificultado pela impossibilidade de defesa e pela inocência do agredido. Sendo uma pessoa, desde o instante da fecundação, não é lícito pôr termo à vida do embrião. O correto seria tratá-lo como se já fosse uma pessoa.

Há vários tipos de aborto. Ele pode ser natural ou artificial, espontâneo e involuntário (pode, mesmo assim, haver culpa) ou provocado voluntariamente. Há o aborto ilegal, que é considerado crime e, como tal, penalizado pela lei civil. Podemos falar, também, do aborto clandestino.

As causas do aborto são muitas e variadas, sendo difícil avaliar a importância de cada uma delas. Além daquelas referentes à própria mulher (medo à gravidez e ao parto e os poucos recursos financeiros para sustentar o novo rebento), há as de origem familiar (pressão dos familiares, principalmente do marido) e as de ordem social (campanhas contra a fecundidade e famílias numerosas).

A condenação do aborto fundamenta-se numa apreciação moral, principalmente aquela trazida pela religião em que se acredita num Deus criador. Depreende-se que há um direito inalienável à vida. Nesse sentido, só Deus é senhor da vida. Assim, o ser humano não tem o direito de tirar a vida do seu próximo.

Pergunta: o aborto provocado é um crime? A Igreja, por exemplo, aceita a pena de morte e a guerra justa e condena o aborto. Quais são as suas razões? É que na guerra ou na pena de morte há um agressor; no caso do aborto, o novo ser não é um agressor e muito menos agressor injusto. Em realidade, é vítima inocente quando eliminado antes do tempo.

Na pergunta 358 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos respondem: “Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando.”

aborto refere-se à paralisação da vida. No aborto, o feto não tem escolha: a vida lhe é tirada. Há uma infração à lei de Deus. Fala-se em crime. As consequências podem vir em futuras encarnações: quantos casais querem ter filhos e a mulher não consegue engravidar? Fala-se, também, em graves desajustes perispirituais, a refletirem-se no corpo físico, na existência atual e na futura, na forma de câncer, esterilidade e infecções renitentes.

O nosso corpo é um empréstimo concedido por Deus. Além de cuidarmos de sua higiene, física e espiritual, respeitemos, também, a vida que está dentro dele.

Fonte de Consulta

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: FEESP, 1995.

LOGOS – ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE FILOSOFIA. Rio de Janeiro: Verbo, 1990.

POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São Paulo: Verbo, 1986.

Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/aborto?authuser=0

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Aborto provocado — Consequência para o Abortado — Dr. Ricardo di Bernardi

A especificidade de cada caso determina situações absolutamente individuais no que se refere a repercussões sofridas pelo espírito eliminado de seu corpo em vias de estruturação. 

Se existe na ciência do espírito uma regra fundamental que rege a lei de causa e efeito, poderíamos enunciá-la assim: a reação da natureza sempre se fará proporcional à intencionalidade da ação. Isto é, jamais poderemos afirmar que um determinado ato levará inexoravelmente a uma exata consequência.

Quando a responsabilidade maior da decisão couber aos encarnados, pai e ou mãe, eximindo o espírito de participação voluntária no aborto, teremos um tipo de situação a ser analisada.

O espírito, quando de nível evolutivo mais expressivo, tem reações mais moderadas e tolerantes. Muitas vezes seria ele alguém destinado a aproximar o casal, restabelecer a união ou mesmo, no futuro, servir de amparo social ou afetivo aos membros da família.

Lamentará a perda de oportunidade de auxílio para aqueles que ama. Não se deixará envolver pelo ódio ou ressentimento, mesmo que o ato do aborto o tenha feito sofrer física e psiquicamente. Em muitos casos manterá, mesmo desencarnado, tanto quanto possível, o seu trabalho de indução mental positiva sobre a mãe ou os cônjuges.

Nas situações em que o espírito se encontrava, em degraus mais baixos da escada evolutiva, as reações se farão de forma mais descontrolada e sobretudo mais agressiva. Espíritos destinados ao reencontro com aqueles a quem no passado foram ligados por liames desarmônicos, ao se sentirem rejeitados devolvem na idêntica moeda o amargo fel do ressentimento.

Ao invés de se sentirem recebidos com amor, sofrem o choque emocional da indiferença ou a dor da repulsa. Ainda infantis na cronologia do desenvolvimento espiritual, passam a revidar com a perseguição aos cônjuges ou a outros envolvidos na consecução do ato abortivo.

Em determinadas circunstâncias, permanecem ligados ao chakra genésico materno, induzindo consciente ou inconscientemente a profundos distúrbios ginecológicos naquela que fora destinada a ser sua mãe.

Outros, pela vampirização energética, tornam-se verdadeiros endoparasitas do organismo perispirutal, aderindo ao chakra esplênico, sugando o fluido vital materno.

As emanações maternas e paternas de remorso, de culpa, ou outras que determinam o estado psicológico depressivo, abrem caminho em nível do chacra coronário dos pais para a imantação magnética da obsessão de natureza intelectual.

A terapêutica espiritual, além da médica, reconduzirá todos os envolvidos ao equilíbrio, embora frequentemente venha a ser longa e trabalhosa.

Há também espíritos que, pela recusa sistematicamente determinada em reencarnar para fugir de determinadas situações, romperam os liames que os unia ao embrião. Esses terão seus débitos cármicos agravados e muitas vezes encontrarão posteriores dificuldades de reencarnar, sendo atraídos a gestações inviáveis e a pais necessitados de vivenciar a valorização da vida.

No entanto, o grande remédio do tempo sempre proporcionará o amadurecimento e a revisão de posturas que serão, gradativamente, mais harmoniosas e sobretudo mais construtivas.

Todos terão oportunidade de amar.

Dr. Ricardo Di Bernardi é médico pediatra - homeopata, palestrante espírita internacional e autor de vários livros. É presidente do ICEF - Instituto de Cultura Espírita de Florianópolis.

 http://www.icefaovivo.com.br/

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Aborto: Menina de Nove Anos

Fato: o arcebispo de Olinda e Recife, D. José Cardoso Sobrinho, excomungou os médicos que praticaram o aborto de gêmeos na menina de 9 anos. A mídia explorou bastante o caso, tendo, inclusive, repercussões internacionais.

D. José Cardoso Sobrinho concedeu uma entrevista à Revista Veja, de 18/03/2009. Os seus argumentos basearam-se no Cânone 1398, do código do Direito Canônico. Por essa lei, qualquer pessoa que comete aborto está excomungada, por uma penalidade chamada latae sententiae ("sentença oculta"), ou seja, uma pena eclesiástica em que um sujeito incorre sem necessidade de que se dite expressamente sentença, pelo fato mesmo de cometer o delito.

D. José Cardoso Sobrinho fez referência à lei humana e à lei Divina. Para ele, importa mais obedecer à lei de Deus e não à lei dos homens. Por isso, mostrou-se bastante tranquilo no ato da excomunhão, apesar de toda a celeuma criada em torno da religião e da ciência.

Que subsídios a Doutrina Espírita oferece-nos para o entendimento desta questão? Primeiramente, o Espiritismo não tem dogmas, mas princípios. Ou seja, qualquer assunto pode ser discutido à luz da lógica e da razão. Segundo, os Espíritos superiores nos informam que praticar o aborto é crime.

Vejamos algumas questões, extraídas de O Livro dos Espíritos.

Pergunta 357 – Quais são, para o Espírito, as consequências do aborto?

─ Uma existência nula a recomeçar.

Pergunta 358 - O aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época da concepção?

─ Há sempre crime quando se transgride a lei de Deus. A mãe, ou qualquer pessoa, cometerá sempre crime ao tirar a vida à criança antes do seu nascimento, porque isso é impedir a alma de passar pelas provas de que o corpo devia ser o instrumento.

Pergunta 359 - No caso em que a vida da mãe estivesse em perigo pelo nascimento da criança, haveria crime em sacrificar a criança para salvar a mãe?

─ É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe.

Esta resposta atende perfeitamente ao ocorrido. Os médicos acharam que a mãe poderia correr risco de vida e preferiram sacrificar os gêmeos que ainda não tinham vindo à luz.