25 julho 2010

Cartesianismo e Espiritismo

René Descartes (1596-1650) nasceu em La Haye, França, pertencendo a uma família de prósperos burgueses. Estudou no colégio jesuíta de La Fléche, na época um dos mais conceituados estabelecimentos de ensino europeu. Foi soldado, esteve sob as ordens de Maurício de Nassau. Participou de várias campanhas militares. As obras de Descartes são de considerável extensão. As mais importantes são: Regras para a Direção do Espírito (1628), O Discurso do Método (1637) e Meditações Filosóficas (1641).

A dez de novembro de 1616, o jovem Descartes teve um sonho premonitório. Sonhou que o Espírito da Verdade o visitara e, reverente, tal como é natural à Entidade de sua estirpe, comunicou-lhe que lhe competia a missão de edificar uma “Ciência Admirável”, cujas coordenadas lhe trouxe em outra visita onírica. Houve, ainda, uma terceira, concluindo o esclarecimento devido. Ao acordar, preocupado com a responsabilidade de tão grande missão, pediu a Deus que o amparasse a fim de que pudesse fielmente cumprir a grande tarefa, tão acima de suas parcas forças.

As quatro celebres regras: 1) Só admitir como verdadeiro o que parece evidente, evitar a precipitação assim como a prevenção; 2) Dividir o problema em tantas partes quantas as possíveis (é o que se chama regra de análise); 3) Recompor a totalidade subindo como que por degraus (regra da síntese); 4) Rever o todo para se Ter a certeza de que não se esqueceu de nada e que, portanto, não há erro.

Problemas levantados por Descartes, à luz do Espiritismo:

1 — PROVA DA EXISTENCIA DE DEUS: os Espíritos informam a Allan Kardec que Deus é inteligência suprema causa primária de todas as coisas. Para o Espiritismo, não há efeito sem causa. Tudo enquadra-se na lei natural. Ao “Penso, logo existo” de Descartes, J. H. Pires escreve “sinto Deus em mim, logo existo”. Quer dizer, Deus não é percebido pelo pensamento, mas pelo sentimento.

2 — RES COGITANS E RES EXTENSA: para Descartes, o Universo é constituído de dois elementos fundamentais: res cogitans e res extensa. Essas duas substâncias cartesianas, em termos espíritas, são a inteligência e a matéria que, juntamente com Deus, formam a trindade universal.

3 — UNIÃO DA ALMA E DO CORPO: partindo-se de que alma e corpo são distintos Allan Kardec, com o auxílio dos Espíritos, informa-nos que o perispírito — matéria quintessenciada — é o elemento de ligação entre a alma e o corpo físico.

O método cartesiano pode ser vislumbrado nas entrelinhas da Doutrina Espírita. Allan Kardec, em várias passagens da Codificação, fala-nos que devemos colocar tudo sobre o crivo da razão; que é preferível rejeitar nove verdades a aceitar uma única verdade como falsidade; que a fé inabalável somente é aquela que consegue enfrentar a razão face a face em todas as épocas da humanidade.

Esse estudo do Cartesianismo serve não só para nos chamar a atenção sobre o tema, como também o de sugerir o desenvolvimento e aprofundamento do mesmo. Se assim o fizermos, vamos encontrando o verdadeiro encadeamento das ideias e uma explicação racional da síntese filosófica elaborada por Allan Kardec.

Fonte de Consulta

Enciclopédias

PIRES, J. H. O Espírito e o Tempo: Introdução Antropológica ao Espiritismo. 3. ed., São Paulo, EDICEL, 1979.


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