Aos 17 anos, no Pará, já era colaborador e redator na Folha do Norte. Em
1910 publicou seu primeiro livro a coletânea de versos intitulada Poeira.
Em 1912 no Rio de Janeiro, entrou para O Imparcial, em que teve
contato com Goulart de Andrade, Rui Barbosa, José Veríssimo e outros. Escreveu
com diversos pseudônimos, entre os quais, o Conselheiro XX. Dentre as suas inúmeras obras, Memórias, em 1933, que são as crônicas dos começos de sua vida foi a mais evidente. O seu Diário
secreto, de publicação póstuma, provocou grande escândalo pela irreverência
e malícia em relação a contemporâneos.
A infância pobre de Humberto de Campos, como de tantas outras pessoas ilustres, sugere-nos que no processo da reencarnação, os Espíritos trazem dentro de si os
talentos ocultos. O estado de pobreza é, para muitos deles, um período de
reflexão, no sentido de bem aproveitar a sua missão na Terra. Dentro desse quadro de aperfeiçoamento, o principal traço de caráter de Humberto de Campos era a perseverança. Dizia:
"Gosto de subir, mas não gosto de mudar de escada".
A partir de 1937, três anos após a morte de seu corpo físico, começou a
ditar mensagens, crônicas e romances através da psicografia de Francisco
Cândido Xavier. "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho" foi a
obra de maior notoriedade. A tônica de sua comunicação mediúnica baseava-se em mensagens que redundavam em
consolo aos tristes e esperança aos desafortunados.
Fato notório é a polêmica no meio jurídico sobre o valor probatório da
psicografia. A viúva de Humberto de Campos, em 1944, moveu um processo contra a
Federação Espírita Brasileira e Francisco Cândido Xavier, no sentido de
obter uma declaração, por sentença, de que essa obra mediúnica "era ou não
do 'Espírito' Humberto de Campos", e que em caso afirmativo, que ela
obtivesse osdireitos autorais da obra. O
juiz João Frederico Mourão Russell proferiu a seguinte parecer: ao morrer, o
indivíduo deixa de possuir direitos civis, logo Humberto de Campos não poderia
reavê-los. Direitos autorais herdáveis limitam-se àqueles referentes a obras
produzidas pelo escritor antes de sua morte. A consulta com base em perícia
científica sobre o Espiritismo foge às prerrogativas do Judiciário.
Em vista do processo judicial, Humberto de Campos passa a assinar as
suas obras com o pseudônimo de Irmão X, possivelmente relembrando o seu
pseudônimo de Conselheiro XX, quando estava encarnado. Como Irmão X
vieram Lázaro redivivo (1945), Luz acima (1948), Pontos
e contos (1951), Contos e apólogos (1958), Contos
desta e doutra vida (1964), Cartas e crônicas (1966)
e Estante da vida (1969).
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