30 março 2014

Humberto de Campos

Humberto de Campos (H. de C. Veras) (1886-1934) foi jornalista, crítico, contista e memoralista, nascido em Miritiba, Maranhão. Terceiro ocupante da Cadeira 20, eleito em 30 de outubro de 1919, na sucessão de Emílio de Menezes e recebido pelo Acadêmico Luís Murat em 8 de maio de 1920. Filho de Joaquim Gomes de Faria Veras, pequeno comerciante, e Ana de Campos Veras. Perdendo o pai aos seis anos, Humberto de Campos deixou a cidade natal e foi levado para São Luís. De infância pobre, desde cedo começou a trabalhar no comércio como meio de subsistência. 

Aos 17 anos, no Pará, já era colaborador e redator na Folha do Norte. Em 1910 publicou seu primeiro livro a coletânea de versos intitulada Poeira. Em 1912 no Rio de Janeiro, entrou para O Imparcial, em que teve contato com Goulart de Andrade, Rui Barbosa, José Veríssimo e outros. Escreveu com diversos pseudônimos, entre os quais, o Conselheiro XX. Dentre as suas inúmeras obras, Memórias, em 1933, que são as crônicas dos começos de sua vida foi a mais evidente. O seu Diário secreto, de publicação póstuma, provocou grande escândalo pela irreverência e malícia em relação a contemporâneos.

A infância pobre de Humberto de Campos, como de tantas outras pessoas ilustres, sugere-nos que no processo da reencarnação, os Espíritos trazem dentro de si os talentos ocultos. O estado de pobreza é, para muitos deles, um período de reflexão, no sentido de bem aproveitar a sua missão na Terra.  Dentro desse quadro de aperfeiçoamento, o principal traço de caráter de Humberto de Campos era a perseverança. Dizia: "Gosto de subir, mas não gosto de mudar de escada". 

A partir de 1937, três anos após a morte de seu corpo físico, começou a ditar mensagens, crônicas e romances através da psicografia de Francisco Cândido Xavier. "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho" foi a obra de maior notoriedade.  A tônica de sua comunicação mediúnica baseava-se em mensagens que redundavam em consolo aos tristes e esperança aos desafortunados. 

Fato notório é a polêmica no meio jurídico sobre o valor probatório da psicografia. A viúva de Humberto de Campos, em 1944, moveu um processo contra a Federação Espírita Brasileira e Francisco Cândido Xavier, no sentido de obter uma declaração, por sentença, de que essa obra mediúnica "era ou não do 'Espírito' Humberto de Campos", e que em caso afirmativo, que ela obtivesse os direitos autorais da obra. O juiz João Frederico Mourão Russell proferiu a seguinte parecer: ao morrer, o indivíduo deixa de possuir direitos civis, logo Humberto de Campos não poderia reavê-los. Direitos autorais herdáveis limitam-se àqueles referentes a obras produzidas pelo escritor antes de sua morte. A consulta com base em perícia científica sobre o Espiritismo foge às prerrogativas do Judiciário. 

Em vista do processo judicial, Humberto de Campos passa a assinar as suas obras com o pseudônimo de Irmão X, possivelmente relembrando o seu pseudônimo de Conselheiro XX, quando estava encarnado. Como Irmão X vieram Lázaro redivivo (1945), Luz acima (1948), Pontos e contos (1951), Contos e apólogos (1958), Contos desta e doutra vida (1964), Cartas e crônicas (1966) e Estante da vida (1969). 

 


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