Agostinho (354-430 d.C.), natural de Tagaste, norte da
África, foi bispo de Hipona (hoje Annaba, na Argélia) durante trinta e quatro
anos, onde escreveu, combateu heresias e viveu em comunidade com outros
cristãos. Para ele, filosofia e teologia estavam ligadas de maneira
indissociável. Suas principais obras foram Confissões e A Cidade de Deus, obras que continuam sendo lidas até
hoje.
Em Confissões, procura mostrar pelo seu exemplo o que pode a
graça para os mais desesperados dos pecadores. Com admirável franqueza e
contrição confessa os desregramentos de sua mocidade (teve inclusive um filho
bastardo, Adeodato), sempre atribuindo a si mesmo as tendências perversas e a
Deus os progressos de seu espírito para o bem. Foi um homem em permanente
batalha contra as suas próprias emoções e fraquezas. Discute também questões
acerca do tempo e a presença do mal no mundo.
Em A Cidade de Deus, discute a vontade humana,
as relações entre teologia e razão e a divisão da história entre as duas
cidades – dos homens e de Deus. O pensamento político contido em A Cidade
de Deus, forja-se no encontro de duas tradições: a da cultura greco-romana
e a das Escrituras judaico-cristãs. Da Antiguidade grega Agostinho retém as
ideias de Platão (República e Leis). Traça, assim, os
planos de uma cidade ideal, a Cidade de Deus, em contrapartida com a da cidade
terrestre, em que predomina a guerra, a injustiça, o egoísmo etc. Para ele, a
verdadeira administração de uma cidade deve estar baseada na justiça, e esta
por sua vez na caridade, ensinada por Cristo.
Recebeu de Platão e dos neoplatônicos a distinção entre o
mundo imperfeito e transitório das coisas materiais, acessado por meio dos
sentidos, e o mundo perfeito e eteno, acessado por meio do intelecto. Assim,
baseando-se na filosofia socrático-platônica, santo Agostinho busca a verdade necessária,
imutável e eterna, não nas coisas materiais, que estão sempre em transição, mas
em Deus, pois somente Deus é a verdade.
A explicação de Agostinho sobre o mal do mundo. Para ele, a culpa
está no pecado original. O divino está dentro de nós, mas foi maculado por
aquilo que aconteceu no Jardim do Éden. O remédio está na graça divina. Os
escolhidos por Deus estavam predestinados a serem salvos da maldição eterna.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo encontram-se
algumas comunicações deste insigne Espírito. São elas: Os Mundos de Expiações e
de Provas, Mundos Regeneradores e Progressão dos Mundos (Cap. 3, 13 a 19), O
Mal e o Remédio (Cap. 4, 19), O Duelo (Cap. 12, 11 e 12), A Ingratidão dos
Filhos e os Laços de Família (Cap. 14, 9) e Alegria da Prece (Cap. 27, 23). Em O Livro dos Médiuns há anotações Sobre
o Espiritismo (Cap. 31, 1) e Sobre as Sociedades Espíritas (Cap. 31, 16).
O Espírito Erasto, discípulo de São Paulo, comenta sobre as comunicações
de santo Agostinho: 1) Santo Agostinho é um dos maiores divulgadores do
Espiritismo; ele se manifesta quase que por toda parte; 2) Como muitos, ele
também foi arrancado do paganismo; 3) Em meio de seus excessos, sentiu o alerta
dos Espíritos superiores: a felicidade se encontra alhures e não nos prazeres imediatos;
4) Depois de ter perdido a sua mãe, disse: “Eu estou persuadido de que minha
mãe voltará a me visitar e me dar conselhos, revelando-me o que nos espera a
vida futura”; 5) Hoje, vendo chegada a hora para a divulgação da verdade que
ele havia pressentido outrora, se fez dela o ardente propagador, e se
multiplica, por assim dizer, para responder a todos aqueles que o chamam.
(Kardec, 1984, cap. 1, item 11, p. 41)
Há, também, uma nota de Allan Kardec: Santo Agostinho veio destruir
aquilo que edificou? Não. Ele agora vê com os olhos do espírito; sua alma
liberta da matéria entrevê novos horizontes, que lhe propiciam compreender o
que não compreendia antes. Sobre a Terra, julgava as coisas segundo os
conhecimentos que possuía, mas, quando uma nova luz se fez para ele, pode
julgá-las mais judiciosamente. “Foi assim que mudou de ideia sobre sua crença
concernente aos Espíritos íncubos e súcubos e sobre o anátema que havia lançado
contra a teoria dos antípodas”. Com uma nova luz pode, sem renegar a sua fé,
fazer-se propagador do Espiritismo, porque nele vê o cumprimento das coisas
preditas. Proclamando-o, hoje, não faz senão nos conduzir a uma interpretação
mais sã e mais lógica dos textos. (Kardec, 1984, cap. 1, p. 42
KARDEC, A. O Evangelho
Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.
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