21 maio 2022

Frederico Figner

“Se a experiência carnal amadurece e passa, a vida prossegue e a luta continua”, deixa ele registrado logo na introdução da sua conhecida obra Voltei.

Frederico Figner, com o pseudônimo de Irmão Jacob, no livro Voltei, psicografado por Francisco Cândido Xavier e publicado em 1949 pela FEB, conta detalhes de seu retorno à pátria espiritual, mostrando-nos as dificuldades de sua adaptação ao novo mundo. Cumpriu sua promessa de relatar aos amigos que aqui deixou a sua adaptação no plano espiritual.

Figner fez parte da Federação Espírita Brasileira (FEB) como vice-presidente, tesoureiro e membro do conselho fiscal. Viveu intensamente o amor ao próximo, mas reconheceu “não ter providenciado luz para ele mesmo”.

Rita Cirne, jornalista, colaboradora do Grupo Espírita Batuíra e do jornal Valor Econômico, no Jornal "Correio Fraterno" n.º 504, de março / abril de 2022, retrata a entrevista do diretor da FEB Carlos Campetti, no programa “Biografia” (FEBtv, de 19 de novembro de 2014).

Abaixo cópia do texto publicado no Correio Fraterno 

Carlos Campetti disse que com Figner tudo era “pão, pão, pedra, pedra”. Era um homem emotivo, mas uma pessoa prática, objetiva. Quando tinha que falar, não mandava recado. Pela manhã, passava pela FEB, dava passes. Ao sair do trabalho, retornava à Federação para dar assistência às pessoas. Muitas vezes ia aos morros do Rio de Janeiro levar alimentos e medicamentos. Tinha por hábito dizer aos Espíritos que acendessem a própria luz.

Sensibilizado com a situação de muitos artistas, que viviam em penúria na velhice, ele doou um terreno, em Jacarepaguá, no Rio, para a construção da instituição Retiro dos Artistas, que funciona até hoje.

No programa citado, Campetti se emociona ao comentar o trecho do livro em que Figner percebe já ter desenvolvido a sua luz. No seu entender, seria ele um judeu reconciliado com Cristo: “Pôde compreender o papel de Jesus e conseguiu interiorizar essa proposta e iluminar a si mesmo”. 

Sua luta começou na Tchecoslováquia, onde nasceu em dezembro de 1866. De família muito pobre, com apenas 16 anos decidiu migrar para os Estados Unidos para ajudar a quitar as dívidas de seus pais e a ter recurso para os dotes de suas irmãs, uma necessidade para que elas pudessem se casar, segundo os costumes da época. Nos Estados Unidos, adquiriu um dos fonógrafos que estavam sendo lançados por Thomas Edison, e veio para o Brasil. Oferecia a novidade nas praças, permitindo que as pessoas gravassem e ouvissem a própria voz. Ganhou dinheiro com essa atividade viajando pelo Brasil, Uruguai e Argentina. Assim, conseguiu montar no Rio de Janeiro a Casa Edison para vender fonógrafos, começando a fazer gravações de artistas brasileiros no início do século 20. Figner acabou criando uma indústria de produção de discos, surgindo assim a marca Odeon, que ficou famosa no Brasil. 

Com seu espírito empreendedor, construiu uma vida próspera. Casou-se e teve seis filhos. Sua esposa Esther e ele já eram espíritas quando a sua filha mais velha, Rachel, desencarnou. Eles ouviram falar da médium de efeitos físicos Ana Prado, de Belém do Pará, e foram até ela em busca de alguma comunicação com a filha. Tiveram sucesso nessa empreitada e o que sucedeu naquelas sessões no Pará foi relatado no livro O trabalho dos mortos, de Nogueira de Faria, lançado pela FEB em 1921.

A sua jornada terrena se encerrou em 19 de janeiro de 1947, com 80 anos. Segundo informa a Federação Espírita do Paraná, ao se abrir seu testamento, verificou-se que ele havia destinado parte substancial dos seus bens às obras sociais de Francisco Cândido Xavier. E, na espiritualidade, uma nova seara de serviços se abria para ele, que estava preparado para o desafio.

Link do programa: https://www.youtube.com/watch?v=jidlMXTd-w0

Curiosidades

No livro Voltei, Figner narra seu encontro com Thomas Edison na espiritualidade: “Vi Edson em pessoa. Tamanha luminosidade lhe coroava a cabeça veneranda, que tive ímpetos de ajoelhar-me. Avancei para ele, perturbado de júbilo, e quis beijar-lhe as mãos. O inolvidável benfeitor abraçou-me, de encontro ao peito, e, esquivando-se às minhas homenagens, recordou os últimos anos do século passado, reportando-se ao fonógrafo, cuja vulgarização tive o prazer de acompanhar”.

O vídeo do jornalista e historiador Thiago Gomide, no canal “Tá na História “mostra a mansão que pertenceu a Frederico Figner na rua Marquês de Abrantes, no Flamengo, em 1912. Gomide afirma que Figner foi fundamental para o desenvolvimento da indústria fonográfica no Brasil ao divulgar o fonógrafo inventado por Thomas Edison e ao criar a Casa Edison, no centro do Rio, a primeira gravadora da América Latina. Já a sua Mansão no Flamengo foi tombada em 1995. Adquirida pelo Sesc-Rio de Janeiro, foi restaurada e hoje abriga uma unidade dessa instituição.

Extraído de: 

https://correio.news/bau-de-memorias/frederico-figner-em-busca-de-sua-propria-luz?rq=figner

Explicações de Ranieri sobre o livro "Voltei"

Frederico Figner havia prometido, quando encarnado, contar a experiência do outro lado, quando desencarnado.

Não sabia, porém, que há controle das comunicações quando o médium é missionário, evangelizado e disciplinado.

Após o desencarne, procurou o Chico para tal empreendimento, mas Emmanuel se opôs.

Figner não disse, mas pensou em outros Espíritos, tais como André Luiz, que escrevera vários livros.

Lendo-lhe o pensamento, Emmanuel esclareceu que André Luiz se exercitou durante dois anos através de Chico Xavier, antes que pudesse dar à publicidade qualquer coisa.

Figner saiu aborrecido, mas submeteu-se à disciplina de Emmanuel.

Mais tarde lhe foi permitido escrever o livro “Voltei”. Esperava ver estampado o seu nome no livro, mas lhe foi vetado.

Chico, orientado por Emmanuel, resolveu enviar os originais às filhas de Frederico Figner, e ao recebê-los ficaram revoltadas.

“— Onde já se viu! Isso tudo é invenção do Chico Xavier! Não permitiremos que saia o nome de nosso pai! Vê lá se ele iria escrever isso e dizer essas coisas! Isso é invenção da cabeça do Chico! Não, não concordamos!”

Com isso, o livro saiu com o nome de Irmão Jacob.

Mais um desapontamento, pois queria que os homens o conhecessem tal qual era.

RANIERI, R. A. Chico Xavier: O Santo dos nossos Dias. Rio de Janeiro: Editora Eco. (Título no índice: Voltei)

 

 

 

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