28 janeiro 2023

Íncubo e Súcubo

Em O livro dos Vampiros, de J. Gordon Melton, o incubus era uma figura demoníaca intimamente associada ao vampiro. Era conhecida pela hábito de invadir o quarto de uma mulher à noite, deitar-se sobre ela para que seu peso ficasse bem evidente sobre seu peito, forçando-a a fazer sexo. O succubus, a contraparte feminina do incubus, atacava os homens da mesma maneira.

A experiência objetiva de incubus/succubus foi sustentada por Tomás de Aquino no século XIII. Argumentava que crianças poderiam mesmo ser concebidas pelas relações entre uma mulher e um incubus. Acreditava que um espírito maligno poderia mudar a forma e aparecer como um succubus para o homem e um incubus para uma mulher.

Na edição de fevereiro da Revista Espírita de 1863, Allan Kardec trata desse tema, lembrando os casos de obsessão profunda. Cita as figuras de Tibério, Nero, Cláudio, Messalina, Calígula. Há certos gêneros de obsessão que não podem deixar dúvidas quanto à qualidade dos Espíritos, e são obsessões desse gênero que deram origem à fábula dos íncubos e súcubos.

Na edição de abril da Revista Espírita desse mesmo ano, Kardec volta a tratar do assunto, reproduzindo um estudo médico sobre algumas pessoas, que poderiam ser objeto desses ataques.

Eis o que foi relatado: 

“Durante a crise, o pulso e os batimentos cardíacos não estão acelerados; dá-se comumente o contrário: o pulso se concentra, torna-se fraco, lento e as extremidades se esfriam; apesar da violência da agitação e dos golpes furiosos desferidos de todos os lados, as mãos ficam geladas.

“Contrariamente ao que se vê muitas vezes em casos análogos, nenhuma ideia erótica se mistura ou parece juntar-se à ideia demoníaca. Eu mesmo me surpreendi com essa particularidade, por ser comum a todas as doentes: nenhuma diz a mais leve palavra ou faz o menor gesto obsceno. Em seus mais desordenados movimentos, jamais se descobrem e se seus vestidos se levantam um pouco quando rolam por terra, é muito raro que não os recomponham imediatamente.

“Não parece que haja aqui lesão da sensibilidade genital; assim, jamais se tratou de íncubos e súcubos, ou de cenas de feitiçaria. Todas as doentes pertencem, como demonomaníacas, ao segundo dos quatro grupos indicados pelo Sr. Macário; algumas escutam a voz dos diabos; muito mais geralmente falam por sua boca.

Este tema íncubo/súcubo pode ser encontrado: 

Capítulo XIX — "Transe e Incorporações", do livro No Invisível, de Léon Denis. Eis um trecho: "A sensualidade e a avareza subsistem nas almas inferiores. Os fenômenos produzidos por Espíritos “incubos” e “súcubos” não são imaginários e assentam em testemunhos formais; fácil negar; seria preferível observar e curar".

Capítulo VIII — "O Vampirismo", do livro Mediunidade (Vida e Comunicação), do professor José Herculano Pires. Eis o texto: "No capítulo trágico da obsessão em massa temos o tópico especial do vampirismo. Desde a mais alta Antiguidade os casos de obsessão e loucura foram conhecidos e tratados a pancadas para expulsão dos demônios causadores. Na Idade Média, como disse Conan Doyle, houve uma invasão de bárbaros, que os clérigos combatiam com afogamento das vítimas nos rios e lagos e a queima dos hereges vivos em praça pública, sobre montes de lenha a que se ateava o fogo da purificação. Nos conventos e mosteiros houve a infestação dos súcubos e íncubos, demônios libertinos que se apossavam das vítimas, homens e mulheres, para relações sexuais delirantes".

Capítulo VI — "As Almas Frágeis", do livro O Centro Espírita, do professor José Herculano Pires. Eis o trecho: "Apague-se o sexo do mundo e voltaremos aos espaços vazios de mundos mortos na mecânica fria dos tempos anteriores à Gênese. Por isso, a Historia Religiosa está povoada de íncubos e súcubos, os espíritos vampirescos que, durante a Idade Média atormentavam freiras e frades na suposta santidade dos mosteiros e conventos. E ainda hoje a ação desses espíritos se faz sentir por toda parte, em manifestações espantosas que, em geral, permanecem ocultas nos arquivos da pesquisa psíquica mundial". 


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