17 julho 2025

As Três Peneiras

Conta-se que certa vez um amigo procurou Sócrates, o célebre filósofo grego, desejando contar-lhe algo sobre a vida de outro amigo comum.

— Quero contar-te algo sobre o nosso amigo Andréas que vai deixar-te boquiaberto.

— Espera — interrompeu o filósofo — passaste o que vais dizer pelas três peneiras.

— Três peneiras? Espantou-se o interlocutor.

— Primeira peneira: a coisa que me contarás é verdade?

— Eu assim creio, pois me foi contada por alguém de confiança — diz o amigo...

— Bem! Alguém te disse... Vejamos a segunda peneira: a coisa que pretendes me contar é boa?

O outro hesitou, resfolegou e respondeu:

— Não exatamente...

Sócrates continuou sua inquirição:

— Isso começa a me esclarecer. Verifiquemos a terceira peneira, que é a prova final: o que tinhas a intenção de me contar é de utilidade tanto para mim como para o nosso amigo Andréas e para ti mesmo?

— Não, não e não.

— Então, caro amigo, disse Sócrates, a coisa que pretendias me contar não é certamente verdadeira, nem boa, nem útil; assim sendo, não tenho a intenção de conhecê-la e aconselho-te a não mais procurar veiculá-la.

A cada dia somos alvo de pessoas com grande desejo de nos contar coisas a respeito dos outros.

Devemos procurar fazer o teste das três peneiras gregas:

— É verdade? É bom? É útil?

Caso negativo, devemos simplesmente evitar que sejamos parte integrante nas bisbilhotices e nos mexericos de pessoas ávidas de “novidades” sobre a vida alheia.

 

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