12 setembro 2008

Moradas na Casa do Pai

1. Não se turbe o vosso coração. – Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. – Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós aí estejais. (João 14, 1 a 3)

A casa do Pai é o Universo. As moradas são os diversos mundos que circundam no espaço infinito, servindo de habitação apropriada ao adiantamento dos diversos Espíritos, espalhados por todo o Cosmo. Por Universo, entende-se o conjunto de tudo quanto existe (incluindo-se a Terra, os astros, as galáxias e toda a matéria disseminada no espaço). Tomado como um todo; o cosmo, o macrocosmo. Em filosofia, diz-se de tudo quanto existe no espaço e no tempo.

Embora não haja uma classificação absoluta, Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, divide-os em cinco tipos:

1) Mundos Primitivos, destinados às primeiras encarnações do Espírito. Nesse mundo, o ser humano ainda é muito rude, pois está na infância da sua evolução espiritual. O livre-arbítrio, pouco desenvolvido, não oferece ao Espírito muitas oportunidades de escolha. No processo de encarne-desencarne, vai adquirindo o senso moral, que o torna responsável pelas suas próprias ações.

2) Mundos de Expiação e Provas, em que há o domínio do mal. É a situação do planeta Terra. Nele o mal tende a suplantar o bem. Os mansos são enganados pelos inescrupulosos, o mais forte rouba o mais fraco, há guerras e rumores de guerra. Além do mal físico, há também o mal moral, que é a atitude de pensar no mal em vez de pensar no bem. Por esta razão, Jesus condenava o "pecado pelo pensamento", pois a pessoa já tinha cometido o "pecado" de coração.

3) Mundos de Regeneração, em que as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta. Pode-se dizer que já há um equilíbrio entre o bem e o mal.

4) Mundos Felizes ou Ditosos, em que o bem sobrepuja o mal. O homem já não é mais lobo do próprio homem, como afirmara Hobbes. Há leveza de locomoção; basta aplicar a vontade que se vai aonde quiser. As doenças, as guerras e os homicídios estão em queda e, consequentemente, toda infraestrutura montada para atender essa demanda.

5) Mundos Celestes ou Divinos, habitações de Espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem. As doenças, as prisões e os hospitais não existem mais, porque os Espíritos, devidamente enquadrados na lei de amor, não têm mais necessidade dessas organizações para a sua devida evolução espiritual.

Temos facilidade de pintar as agruras do "inferno" e poucas palavras para descrever o "céu". Por quê? De certa forma, somos o resultado do que pensamos. Se o nosso pensamento é superficial, terra-a-terra, faltam-nos condições de perceber as ideias das esferas mais altas. O corvo voa baixo; a águia procura o cimo. Estamos muito mais para corvo do que para águia. Às vezes, até falamos desses mundos superiores, mas é muito mais fruto de leituras ou de comunicações mediúnicas do que da nossa sapiência.

Santo Agostinho, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, diz: "A Terra está classificada no mundo de provas e expiações. Esteve material e moralmente num estado inferior ao que está hoje, e atingirá sob esse duplo aspecto, um grau mais avançado. Ela atingiu um dos seus períodos de transformação, em que, de mundo expiatório, tornar-se-á mundo regenerador; então os homens serão felizes, porque a lei de Deus nela reinará".

Para Reflexão: "Nos mundos mais adiantados, o homem não procura elevar-se acima dos outros, mas acima de si para se aperfeiçoar".



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