05 fevereiro 2023

Efeito Inteligente e sua Causa [na Revista Espírita]

O dístico de abertura da Revista Espírita (1858-1869) é: Todo efeito tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. O poder da causa inteligente está na razão da grandeza do efeito.

Trechos sobre o efeito inteligente na Revista Espírita

Janeiro de 1859:  À S. A. o príncipe G.

“Se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente. Quando vemos o braço do telégrafo produzir sinais que correspondem ao pensamento, não concluímos que ele seja inteligente, mas sim que é movido por uma inteligência. Dá-se o mesmo com os fenômenos espíritas. Se a inteligência que os produz não é a nossa, evidentemente encontra-se fora de nós”.

Março de 1860: Manifestações Físicas Espontâneas — O padeiro de Dieppe

“Dizemos mais: O verdadeiro e, por assim dizer, único sinal de intervenção dos Espíritos é o caráter intencional e inteligente do efeito produzido, quando a impossibilidade de uma intervenção humana esteja perfeitamente demonstrada. Nessas condições, raciocinando conforme o axioma de que todo efeito tem uma causa, e que todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente, torna-se evidente que, se a causa não estiver nos agentes ordinários dos efeitos materiais, estará fora desses mesmos agentes; que se a inteligência que age não for humana, é preciso que se encontre fora da Humanidade. Haverá, então, inteligências extra-humanas? Isso parece provável. Se certas coisas não são e não podem ser obra dos homens, devem ser obra de alguém. Ora, se esse alguém não for um homem, parece que, necessariamente, deve estar fora da Humanidade; se não o vemos deve ser invisível. É um raciocínio tão peremptório e de tão fácil compreensão quanto o do Sr. de La Palisse”.

Maio de 1863: Estudo sobre os Possessos de Morzine — Quinto e Último Artigo

CAUSAS DA OBSESSÃO E MEIOS DE COMBATÊ-LA

“Aqui o Espiritismo nos oferece uma comparação admirável. No começo das manifestações, quando se viam as mesas girando, batendo, endireitando-se e se erguendo no espaço sem ponto de apoio, o primeiro pensamento foi que se devesse à ação da eletricidade, do magnetismo ou de um fluido desconhecido. Esta suposição nada tinha de desarrazoado; ao contrário: oferecia toda probabilidade. Mas quando se viu que esses movimentos davam sinais de inteligência, manifestavam uma vontade própria, espontânea e independente, a primeira hipótese teve de ser abandonada porque não resolvia esta fase do fenômeno, sendo necessário que se reconhecesse, no efeito inteligente, uma causa inteligente. Qual era essa inteligência? É ainda pela via da experimentação que a ela se chegou, e não por um sistema preconcebido”.

Fevereiro de 1867: Livre-Pensamento e Livre-Consciência

“Falamos da força de gravitação, desta força que rege o Universo, desde o grão de areia até os mundos. Mas, quem a viu? Quem a pôde seguir e analisar? Em que consiste? Qual a sua natureza, sua causa primeira? Ninguém o sabe e, contudo, ninguém hoje dela duvida. Como reconheceram? Por seus efeitos; dos efeitos concluíram a causa. Fez-se mais: calculando a força dos efeitos, calculou-se a força da causa, que jamais foi vista. Dá-se o mesmo com Deus e a vida espiritual, que também se julga por seus efeitos, conforme o axioma: “Todo efeito tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. O poder da causa inteligente está na razão da grandeza do efeito.” Crer em Deus e na vida espiritual não é, pois, uma crença puramente gratuita, mas o resultado de observações, tão positivas quanto as que fizeram crer na força da gravitação”.

Junho 1869: Pedra Tumular do Sr. Allan Kardec

“O homem era a simplicidade encarnada; e se a Doutrina é, ela própria, simples como tudo quanto é verdadeiro, é tão indestrutível quanto as leis eternas sobre as quais repousa.

O monumento se comporia pois, de duas pedras eretas de granito bruto, encimadas por uma terceira, repousando um pouco obliquamente sobre as duas primeiras, numa palavra, de um dólmen. Na face inferior da pedra superior seria gravado simplesmente o nome de Allan Kardec, com esta epígrafe: Todo efeito tem uma causa; todo efeito inteligente tem uma causa inteligente; o poder da causa inteligente está na razão da grandeza do efeito.

Esta proposição, acolhida por sinais unânimes de assentimento dos membros da Sociedade de Paris, nos pareceu que devia ser levada ao conhecimento dos nossos leitores. Não sendo o monumento apenas a representação dos sentimentos da Sociedade de Paris, mas dos espíritas em geral, cada um devia ser posto em condições de apreciá-lo e para ele concorrer”.

Junho de 1869: Correspondência

“Nosso bem-amado mestre há muito nos ensinou a compreender isto, pois que nos disse, pela epígrafe da Revista “Todo efeito tem uma causa; todo efeito inteligente tem uma causa inteligente; o poder da causa inteligente está na razão da grandeza do efeito.” Sua morte, nas circunstâncias que a precederam e seguiram, contribuirá, estamos certos, para impor silêncio aos caluniadores, surpreender os ignorantes e levar os retardatários do mundo civilizado a estudar, ver, compreender e progredir”.

 

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