A facilidade da notícia cria a mentalidade da
notícia. Se não prestarmos atenção, raras vezes estaremos visitando a nós
mesmos.
Notícia é o
relato factual, objetivo e atual de um acontecimento de interesse público,
divulgado por um veículo de comunicação que, via de regra, deveria ser de forma
clara, concisa e imparcial. Seus elementos essenciais são: fato (algo que realmente aconteceu), atualidade (deve tratar de algo recente), interesse público (ser relevante para a sociedade), objetividade (relatar sem opinar) e veracidade (basear-se em informações
verdadeiras e verificadas).
Léon Denis, no capítulo 24 — “A disciplina do pensamento e
a reforma do caráter”, da terceira parte — “As potências da alma”, do livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor, orienta-nos
a evitar as discussões barulhentas, as palavras vãs, as leituras frívolas. Acrescenta:
“Sejamos comedidos com os jornais. A leitura dos jornais, fazendo-nos passar
continuamente de um assunto a outro, torna o espírito ainda mais instável.
Vivemos em uma época de anemia intelectual, que é causada pela raridade dos
estudos sérios, pela opção abusiva da palavra pela palavra, de forma bela e
vazia e, sobretudo, pela insuficiência dos educadores da juventude”.
Por que a insistência com o jornal? Há uma ilusão da
notícia. Diz-se que a notícia é, para o cérebro, o que o açúcar é para o corpo:
apetitosa, fácil de digerir e altamente destrutiva no longo prazo. Renunciando à
notícia, podemos ter pensamentos mais claros, percepções mais valiosas,
melhores decisões e muito mais tempo.
Razões para ficarmos distantes da notícia: 1) nossos cérebros
reagem desproporcionalmente a diferentes tipos de informação; 2) notícias são irrelevantes
(qual delas contribuiu para nossa melhoria interior?); 3) notícias são perda de
tempo (um ser humano médio desperdiça meio dia a cada semana lendo sobre
assuntos atuais).
Em geral, lê-se muito, lê-se rapidamente e não se medita. Léon Denis complementa:
O estudo silencioso e recolhido é sempre fecundo para o desenvolvimento do pensamento. É no silêncio que se elaboram as obras fortes. A palavra é brilhante, mas degenera, com muita frequência, em conversações estéreis, às vezes, malfazejas; desta forma, o pensamento se enfraquece e a alma se esvazia. Ao passo que, com a meditação, o espírito se concentra; dirige-se para o lado grave e solene das coisas; a luz do mundo espiritual banha-o em suas ondas. Há, em torno do pensador, grandes seres invisíveis que só querem inspirá-lo; é na penumbra das horas tranquilas, ou à luz discreta de sua luminária de trabalho, que melhor eles podem estabelecer comunicação com ele. Em toda parte e sempre, uma vida oculta mistura-se à nossa.
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