De
acordo com Krishnamurti, em O Mistério da Compreensão, o cérebro se torna novo quando há uma distância
entre um fato e a reação do sujeito em relação a este mesmo fato. Quando
reagimos imediatamente, estamos apenas confirmando o nosso ponto de vista, as
nossas opiniões, o nosso preconceito, a nossa superficialidade. Para que um
cérebro se torne novo, devemos conceder-lhe um tempo para refletir, para
pensar, para sopesar, para meditar.
O
cérebro novo requer que olhemos para as mesmas coisas, mas sem pressa, sem
querer resolver instantaneamente aquilo que se nos apresentou. O tempo que
damos, entre uma sensação e sua avaliação, transforma um ato fragmentário num
ato total, aquele que pertence ao todo do indivíduo. Em se tratando do homem, e
olhando-o sob a perspectiva do todo, não existe o brasileiro, o norte-americano,
o chinês, porque todos os indivíduos fazem parte da espécie humana.
Como transformar, então, o homem velho no homem novo de que nos reporta o evangelho? Buscando refletir sobre o velho, sem o intuito de mudá-lo bruscamente. Quando a vontade age, ela fragmenta o próprio homem. Eu quero me tornar perfeito, eu quero ser grande e mundialmente reconhecido, eu quero que as coisas saiam sempre ao meu gosto. Nesse caso, há uma imposição sobre uma ideia, sobre um comportamento, sobre uma atitude. Essas resoluções não nos deixam espaço para outras acepções, as acepções do homo novus de que nos fala Paulo nas suas pregações.
O cérebro velho está acostumado com um tipo de resposta, com um tipo de comportamento. O novo causa-lhe incômodo. Quando propomos ao cérebro outro tipo de resposta, fazemo-lo agir em nosso benefício. Façamos uma analogia com a prece, cujos estímulos enviamos a Deus, com a intenção de nos livrarmos de alguma dificuldade, de algum problema. Na realidade, esses estímulos enviados a Deus não modificam o problema, a dificuldade, mas fazem-nos pensar de forma diferente a respeito de uma dada dificuldade. Este é o homem novo com cérebro novo.
O
cérebro é o repositório dos conhecimentos, adquiridos ao longo do tempo. Para
que ele se torne novo, jovial, leve e solto, é necessário que evitemos
entulhá-lo com coisas superficiais e insignificantes.
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