De acordo com o Dicionário
de Ética de Stanley J. Grenz e Jay T. Smith, a preguiça é um vício — tanto na ética grega antiga quanto na ética
cristã — caracterizado pela aversão ao esforço, pela indolência ou pela falta
de entusiasmo. Foi classificada como um dos sete pecados capitais, ao lado da Soberba,
Avareza, Luxúria, Inveja, Gula e Ira.
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O Espírito Humberto
de Campos (Irmão X), no capítulo 22 (“O Remédio à Preguiça”), do livro Reportagens
de Além-Túmulo, psicografado por Francisco Cândido Xavier, relata a
história de Januário Pedroso, preguiçoso nato.
Januário Pedroso
era funcionário público, cuja tarefa era a de orientar o trabalho de
pecuaristas e lavradores. Até conseguir essa posição, fez todos os esforços
possíveis; depois, sob a égide de que funcionário público não faz nada,
limitava-se a assinar o ponto, ficando o resto do tempo sentado em sua
escrivaninha. O seu superior fez de tudo para tirá-lo da inércia. Mandou-o para
o Norte, o Sul, o Oeste e o Leste do país. Mas nada disso foi suficiente para
alterar-lhe o ânimo.
Desencarnou e ficou algum tempo nas trevas. Pediu auxílio aos mentores espirituais. Estes lhe disseram que “contra a preguiça, diligência”. Agora, porém, não estamos na esfera do Globo. Você está enfermo e precisa remédio. A senha há de ser diferente...
"— Como? — interrogou o infeliz, aterrado.
O magnânimo orientador dirigiu-lhe significativo olhar e perguntou:
— Que indicava você, na qualidade de servidor do campo, quando o
fogo invadia a pastagem?
Pedroso, embora intrigado, respondeu:
— Aconselhava o contra fogo.
O generoso amigo esboçou um gesto de bondade tranquila e
esclareceu:
— Tenho de partir do mesmo princípio. A ociosidade invadiu sua vida. Contra a sua preguiça devo receitar a imobilidade. Para que aprenda a estimar o trabalho e a criar o sublime desejo de movimentação no mundo, você renascerá paralítico".
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A preguiça conserva a cabeça desocupada e as mãos ociosas.
A cabeça desocupada e as mãos ociosas encontram a desordem.
A desordem cai no tempo sem disciplina.
O tempo sem disciplina vai para a invigilância.
A invigilância patrocina a conversação sem proveito.
A conversação sem proveito entretece as sombras da cegueira de espírito.
A cegueira de espírito promove o desequilíbrio.
O desequilíbrio atrai o orgulho.
O orgulho alimenta a vaidade.
A vaidade agrava a preguiça.
Como é fácil de perceber, a preguiça é suscetível de desencadear todos os males, qual a treva que é capaz de induzir a todos os erros.
Compreendamos, assim, que obsessão, loucura, pessimismo, delinquência ou enfermidade podem aparecer por autênticas fecundações da ociosidade intoxicando a mente e arruinando a vida.
E reconheçamos, de igual modo, que o primeiro passo para libertar-nos da inércia será sempre: trabalhar.
Emmanuel
Lição 21 do livro Passos da Vida, de Francisco Cândido Xavier, pelos Espíritos Diversos.
...
O espírita deve ser "calmo, mas não tão sossegado que se afogue em preguiça". (Capítulo 7 de Opinião Espírita)
"Existe muita preguiça mascarada de dúvida, existindo até mesmo o médium cuja mediunidade todos reconhecem, prezam e valorizam, menos ele..." (Capítulo 17 de Opinião Espírita)
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O Preço da Preguiça
Havia um sábio que não poupava esforços para ensinar
bons hábitos a seu povo. Frequentemente fazia coisas que pareciam estranhas e
inúteis; mas tudo o que fazia era para ensinar o povo a ser trabalhador e
cauteloso. Ele dizia:
— Nada de bom pode vir a uma nação cujo povo reclama
e espera que outros resolvam seus problemas. Deus dá as coisas boas da vida a
quem lida com os problemas por conta própria.
Uma noite, enquanto todos dormiam, ele pôs uma
enorme pedra na estrada. Depois foi se esconder atrás de uma cerca e esperou
para ver o que acontecia. Primeiro, veio um fazendeiro com uma carroça
carregada de sementes que levava para moagem na usina.
— Quem já viu tamanho destino? — disse ele
contrariado, enquanto desviava sua parelha e contornava a pedra — Por que esses
preguiçosos não mandam retirar essa pedra da estrada? E continuou reclamando da
inutilidade dos outros, mas sem ao menos tocar, ele próprio, na pedra.
Logo depois, um jovem soldado veio cantando pela
estrada. Ele pensava na maravilhosa coragem que mostraria na guerra e não viu a
pedra. Tropeçou nela e se estatelou no chão poeirento. Ergueu-se, sacudiu a poeira
da roupa, pegou a espada e enfureceu-se com os preguiçosos que insensatamente
haviam largado uma pedra imensa na estrada. Ele também se afastou, sem pensar
uma única vez que ele próprio poderia retirar a pedra. Assim correu o dia.
Todos que por ali passavam reclamavam e resmungavam por causa da pedra colocada
na estrada, mas ninguém a tocava.
Finalmente, ao cair da noite, a filha do moleiro por
lá passou. Era muito trabalhadeira e estava cansada, pois desde cedo andava
ocupada no moinho. Mas disse a si mesma:
“Já está quase escurecendo, alguém pode tropeçar
nesta pedra à noite e se ferir gravemente. Vou tirá-la do caminho.”
E tentou arrastar dali a pedra. Era muito pesada,
mas a moça empurrou, empurrou, puxou e inclinou a pedra, até que conseguiu retirá-la
do lugar. Para sua surpresa, encontrou uma caixa debaixo da pedra. Ergueu-a.
Era pesada, pois estava cheia de alguma coisa. Havia na tampa os seguintes
dizeres:
“Esta caixa pertence a quem retirar a pedra.”
Ela abriu a caixa e descobriu que estava cheia de
ouro. A filha do moleiro foi para casa com o coração feliz. Quando o fazendeiro
e o soldado e todos os outros ouviram o que havia ocorrido, juntaram-se em
torno do local na estrada onde a pedra estava. Revolveram o pó da estrada com
os pés, na esperança de encontrar um pedaço de ouro.
Então, o sábio disse:
— Meus amigos, com frequência encontramos obstáculos
e fardos no caminho. Podemos reclamar em alto e bom som enquanto nos desviamos
deles se assim preferirmos, ou podemos erguê-los e descobrir o que eles
significam. A decepção é normalmente o preço da preguiça.
Rangel, Alexandre. As mais belas parábolas de todos
os tempos. Belo Horizonte, MG: Editora Leitura, 2002.
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