Este tema está inserido no capítulo V “Bem-Aventurados os Aflitos”,
de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Os subtítulos são:
justiça das aflições, causas atuais das aflições, causas anteriores das
aflições, esquecimento do passado, entre outros. Refere-se às instruções dos
Espíritos.
Perda. No sentido da Doutrina Espírita, não perdemos o ente querido;
despedimo-nos momentaneamente. A perda é física, não moral ou espiritual.
Todos os sofrimentos — misérias, decepções, dores físicas, perda de
seres amados — encontram consolação em a fé no futuro. Os dizeres sobre a
morte de alguém que não gostamos muito, como por exemplo, “já foi tarde”, “fiquei
livre de tal pessoa” e “vai colher o que plantou” não caem bem no âmago da
Doutrina Espírita, pois ela, além de consoladora, dá-nos a dimensão da justiça
divina.
As mortes prematuras fazem-nos refletir sobre a relação entre a idade
física e a idade espiritual. Pensamos: Deus levou um jovem, mas deveria levar
um velho. O jovem tem um futuro pela frente; o velho já viveu bastante, vai dar
trabalho aos que ficam. E os desígnios de Deus? Como detectar a sua justiça?
O lado visível é claro: Deus levou uma pessoa em tenra idade. E o lado invisível?
Como interpretar os designíos do Criador? Em tudo, Ele sabe melhor do que nós o
que é importante. Vamos imaginar um jovem que se enveredou pelo crime e pelo
vício. Sua partida precipitada pode diminuir a sua carga de débitos em seu
passivo perispiritual.
A parte e o todo. Diz-se que aquilo que é bom para a parte pode não ser
bom para o todo. Podemos também pensar o seguinte: aquilo que é ruim para a
parte pode ser bom para o todo. Retirando do mundo um delinquente, o mundo como um todo terá necessariamente menos crimes cometidos.
Digno de nota é a resignação com que os espíritas aceitam a desencarnação de seus entes
queridos, familiares e amigos. Isso pode causar uma impressão profunda naqueles que não
estão identificados com a consoladora Doutrina dos Espíritos.
O espírita aceita a desencarnação como um imperativo
biológico-espiritual próprio da existência humana. Sofre, como os demais,
mas procura se esforçar, amparado na convicção doutrinária, refugiado no
consolo evangélico, no sentido de aceitar, tanto quanto possível valorosamente,
as separações.
A justiça humana tem um limite; a divina, não. Cabe-nos tentar ampliar o
nosso modo de pensar, a fim de penetrar cada vez mais na essência da Sabedoria
Divina, que é a verdade.
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