16 setembro 2022

Arigó e a Mediunidade

Com o lançamento do filme “Predestinado: Arigó e o Espírito Dr. Fritz”, a leitura do livro Arigó: Vida, Mediunidade e Martírio, do professor José Herculano Pires, tornou-se oportuna, em virtude de o autor ter convivido com o médium, onde pode obter informações valiosas para a estruturação do livro.

As matérias do livro estão divididas em três partes, a saber: Parte I — O Impacto Arigó: vida, mediunidade e martírio; Parte II — Arigó e o Paranormal: benzedura, mitologia, situação social...; Parte III — Depoimentos Médicos: especialista, professor de cirurgia, indivíduo metérgico...

Logo no início do livro diz: “É preciso deixar bem claro para o leitor, seja ele espírita, católico, protestante, livre-pensador, materialista ou de qualquer outra posição ideológica, que o caso Arigó não é religioso. Tem, naturalmente, o seu aspecto religioso, mas o seu ponto central, o seu interesse fundamental é o desafio que ele lança aos meios científicos”.

Um fato importante: José Pedro de Freitas, vulgo Arigó, era um homem simples, cuja religião era o catolicismo. Somente depois, se tornou espírita.

No capítulo VIII da terceira parte, "Balanço do Caso Arigó", faz um resumo daquilo que viu e ouviu, ou seja, do que pode observar pessoalmente em Congonhas e colher nos depoimentos médicos. 

Eis os relatos: 

a) Balanço dos fenômenos

Fazendo um rápido balanço dos fenômenos relatados pelos médicos que ouvimos, chegamos a estas conclusões:

1. Arigó age em estado de transe, pronunciando frases em alemão e falando português com sotaque alemão. Condição verificada por nós e confirmada por todos os médicos que ouvimos, embora alguns não possam afirmar que as frases estranhas sejam exatamente de alemão por não conhecerem suficientemente essa língua.

2. Arigó age de maneira ríspida, não procurando agradar ninguém, nem mesmo os que declinam sua qualidade de médico. Não procura clientela e nem mostra desejo de conservá-la.

3. As intervenções — tanto as operações quanto os chamados exames à ponta de faca — são feitas sem anestesia, sem assepsia, sem qualquer cuidado pré-operatório, sem ação hipnótica, aplicação de técnica letárgica, de acupuntura, de kuatsu, sem instrumentos ou ambientes adequados. Os pacientes não acusam dor e se mostram conscientes durante o ato, respondendo a perguntas.

4. Os diagnósticos são feitos por meio extrassensorial, inclusive à distância. Aos pacientes presentes Arigó geralmente pergunta o que sofrem, mas receita enquanto falam e muitas vezes corrige os doentes. De outras vezes receita para uma moléstia corriqueira de que o doente se queixa, mas acusa aos familiares e a outras pessoas a presença de câncer, realmente existente.

5. Os diagnósticos, as receitas e as operações são efetuados com extrema rapidez. O médico Ary Lex cronometrou a extração de um quisto sinovial realizado em trinta segundos. Verificamos pessoalmente no trabalho de consultas a média de uma receita por minuto.

6. Arigó deixa a faca ou o bisturi pendurado nos olhos do paciente, depois de enfiá-los entre o globo ocular e a pálpebra, na direção da arcada superciliar. Move a faca ou o bisturi na região ocular sem o menor cuidado, com violência, voltando o rosto para outro lado e sem provocar ferimentos. Produz com a faca a protrusão do globo ocular. Na presença do médico Elias Boainain deixou o bisturi e a faca pendurados, ao mesmo tempo, num único olho do paciente.

7. Arigó produz a hemostasia e a coagulação do sangue por meio de ordens verbais ou simples aplicação de pequenas mechas de algodão. Na presença da médica Maria de Lourdes Pedroso fez o sangue parar na curva do maxilar do paciente, no momento exato em que devia escorrer pelo pescoço.

8. Arigó identifica pessoas entre o povo, inclusive médicos que pretendiam observar anonimamente os fenômenos, como ocorreu com a médica psiquiatra referida no item acima.

9. Arigó limpa a faca ou o bisturi nas mãos dos circunstantes ou em suas roupas e depõe nas suas mãos as peças anatômicas extraídas. Na presença da psiquiatra acima referida limpou o bisturi na blusa de uma moça e a blusa não ficou suja, embora o bisturi ficasse limpo.

10. Arigó produziu na presença do médico José Hortêncio de Medeiros Sobrinho a cicatrização imediata de uma incisão para extração de quisto sinovial, deixando no lugar "apenas uma leve cicatriz."

Todos esses fenômenos são de natureza evidentemente paranormal, testemunhados pelos médicos e por milhares de pessoas de todos os graus de cultura que têm ido à procura do sensitivo. Outros fenômenos, como o aparecimento de líquidos em mechas de algodão, nas mãos de Arigó ou de pessoas que o ajudam, inclusive médicos, e o movimento de instrumentos cirúrgicos sem contato do médium, são relatados por centenas de pessoas.

b) Balanço das operações

As operações relatadas pelos médicos que depuseram nesta série foram as seguintes:

1. Pterígio, nos depoimentos do oftamologista e cirurgião ocular Sérgio Valle, que citou como testemunha o seu colega Peri Alves Campos; do especialista em cirurgia geral, Ary Lex; da psiquiatra Maria de Lourdes Pedroso.

2. Catarata, no depoimento do cardiologista José Hortêncio de Medeiros Sobrinho, que mencionou uma técnica de raspagem. O médico Ladeira Marques, do Rio, na citação que fizemos, refere-se à extração do cristalino. Essa contradição aparece em numerosos relatos, parecendo que Arigó emprega duas técnicas diferentes, em ocasiões diversas. Ouvimos de uma jovem oculista a acusação de que Arigó usa uma técnica de raspagem, empurrando o cristalino de maneira perigosa, para dentro da órbita, segundo um velho processo chinês. Este é um caso curioso a ser esclarecido.

3. Sinusite, com perfuração do assoalho do seio frontal, no depoimento da psiquiatra Maria de Lourdes Pedroso, confirmando um dos episódios do relato de nossas observações pessoais.

4. Quisto sinovial, drenagem sem fechamento do corte, no depoimento do cirurgião Ary Lex; extração, com fechamento e cicatrização paranormal imediata no depoimento do médico Hortêncio de Medeiros Sobrinho.

5. Lipoma, duas extrações no depoimento do cirurgião Ary Lex, que cronometrou uma delas, verificando que foi realizada em apenas trinta segundos.

6. Fundo de olho, com protrusão ocular restabelecendo a visão de um cego desde a infância, no depoimento do médico Hortêncio de Medeiros, que não pode precisar a natureza exata dessa intervenção. Também o médico Ladeira Marques, do Rio, refere-se a uma operação semelhante.

7. Surdez, com introdução de uma pinça envolta em algodão nos ouvidos do paciente, sem extração de cera ou de qualquer outro elemento. O algodão saiu apenas manchado de serosidade amarelada, e o paciente ficou ouvindo. Depoimento do médico Hortêncio de Medeiros Sobrinho.

c) Casos de cura

Os casos de cura relatados pelos depoimentos médicos desta série são os seguintes:

1. Câncer, cura radical por receituário de uma paciente de 28 anos, casada, no depoimento do médico Hortêncio de Medeiros Sobrinho. Caso comprovado com exames e operações anteriores, exames e operações posteriores. Cura radical, numa paciente de 30 anos, casada, no depoimento do médico Oswaldo Lidger Conrado. Caso comprovado, como o anterior, mas não por operação posterior. Devemos juntar a este item o importante caso de remissão do processo canceroso num paciente médico, de 72 anos de idade, relatado pelo médico Oswaldo Conrado, e o caso de cura radical de câncer da laringe que serviu de ilustração a um de nossos artigos no Diário de S. Paulo, relatado pelo próprio paciente, o cirurgião-dentista Otto Teixeira de Abreu, consultório à rua Riachuelo, nesta capital. Caso comprovado anteriormente por quinze radiografias, uma laringoscopia e uma biopse.

2. Cura à distância (Arigó em Congonhas e o paciente em Salvador, na Bahia) de um caso de uremia em estado de coma, no depoimento do médico Oswaldo Conrado. Esse caso envolve também o fenômeno de precognição ou premonição, tendo o sensitivo anunciado a vinda futura do doente a São Paulo, que se confirmou.

 

 

 

 

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