A teologia dá grande
apreço ao sofrimento, sugerindo que deveríamos imitar o mestre Jesus na cruz,
que morreu nessa circunstância para nos salvar. Será necessário que o símbolo
da cruz ocupe a posição central da religião cristã? Não teria sido a sua supervalorização
a causa da pobreza em que vivem muitos religiosos cristãos? Como distinguir o
bom do mau sofrimento?
A palavra apatia significa tanto a ausência de doença, de
lesão orgânica, de sofrimento, como a ausência de paixão, de emoções. Apatia provém do
grego clássico apatheia. Páthos, em grego, significa "tudo aquilo que afeta o corpo ou a alma" e tanto quer
dizer dor, sofrimento, doença, como o estado da alma diante de circunstâncias
exteriores capazes de produzir emoções agradáveis ou desagradáveis, paixões.
Há um masoquismo do
passado fundamentado no Getsêmani, esse jardim que se tornou um símbolo para as dores humanas.
Getsêmani é um jardim situado no sopé do Monte das Oliveiras, em Jerusalém
(atual Israel), onde se acredita que Jesus e seus discípulos tenham orado na
noite anterior à crucifixão de Jesus. De acordo com o Evangelho segundo Lucas,
a angústia de Jesus no Getsêmani foi tão profunda que "seu suor
transformou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão”.
Tal como acontecera a Sócrates,
que foi obrigado a beber cicuta, Jesus não podia ter se eximido do martírio na
cruz? O problema que se coloca: devemos escolher a apatia (desvio
do sofrimento) ou aceitá-lo com resignação? Nos dois casos, tanto Sócrates
quanto Jesus preferiram enfrentá-lo com determinação, no sentido de mostrar à
humanidade que existem valores que estão acima da própria vida. Resultado:
passados mais de dois mil anos e ainda estamos nos lembrando de seus exemplos.
Em O Evangelho
Segundo o Espiritismo, os Espíritos instruem-nos que há o bem e
o mal sofrer. Eles nos dizem: “... Ficai satisfeitos quando Deus vos envia à
luta. Essa luta não é o fogo da batalha, mas as amarguras da vida, onde é
preciso, algumas vezes, mais coragem do que num combate sangrento, porque aquele
que ficaria firme diante do inimigo, se dobrará sob o constrangimento de uma
pena moral. O homem não é recompensado por essa espécie de coragem, mas Deus
lhe reserva os louros e um lugar glorioso”.
Quando, pois, nos
atingir um motivo de inquietação ou de contrariedade, esforcemo-nos por
superá-lo. Sejamos sempre mais fortes que os inimigos do pensamento e teremos a
recompensa do equilíbrio físico e espiritual.
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