Em termos históricos, os gregos derramavam sangue na sepultura dos mortos para dar força vital às sombras, os médiuns de diversos povos bebiam sangue para entrar em êxtase. Nos cultos a Cibele e a Mitra os neófitos eram batizados nos mistérios com sangue de touros sacrificados, considerado purificador e nutriente.
Há uma relação estreita entre sangue e carne. No Antigo e no Novo Testamento, este par de termos designa o homem falível em oposição ao homem de fé. Para o ser humano, o sangue é um elemento vital, pois morre quando este lhe falta. Em termos sagrados, o sangue corresponde à “alma”. Conforme a Bíblia, era proibido comer sangue, pois se é Deus quem dá a vida só ele a pode retirar.
O sangue é a essência da vida e simboliza todos os valores solidários com o fogo, o calor e o Sol. Daí, a sua associação com os valores do belo, do nobre, do generoso e do elevado. O sangue é representado por substâncias que reproduzem sua cor, assim como o ocre, para simbolizar a vida que continua.
O sangue de Cristo, como um dos sacramentos eucarísticos, ocupa uma posição central na Igreja: carne é o pão; o sangue, o vinho. Simbolicamente, o vinho misturado com água significa a Igreja, que se une inseparavelmente com a água dos fiéis e gera uma unidade com Cristo: os membros da Igreja são impregnados da força purificadora e redentora do sangue do Salvador. Lembremo-nos de que o sangue de Cristo é uma força de penitência e redenção.
Há muitas frases e expressões idiomáticas que pronunciamos sobre o sangue. Eis algumas delas: “irmãos de sangue”, “batismo de sangue”, “ter sangue quente”, “algo está no sangue”, “ter sede de sangue”, “conservar o sangue frio”.
Fonte de Consulta
BIEDERMANN, Hans. Dicionário Ilustrado de Símbolos. Tradução de Glória Paschoal de Camargo. São Paulo: Melhoramentos, 1993.
CHEVALIER, J. e GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1998.
ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]
LEXIKON,
Herder. Dicionário de Símbolos. Trad. Erlon José Paschoal. São
Paulo: Cultrix, 1997.