As questões pertinentes à etimologia (estudo da
origem das palavras) e à semântica (mudanças que no espaço e no tempo,
experimenta a significação das palavras consideradas) datam de tempos remotos.
Heráclito, nos seus aforismos, já nos chamava atenção para esse fato. Se
tivéssemos um termo para cada coisa, evitaríamos o equívoco, a ambiguidade e a anfibologia.
O significado da palavra alma varia
de acordo com a concepção de mundo considerada. Para os materialistas,
a alma é o princípio da vida orgânica material; não tem
existência própria e se extingue com a vida. Para os panteístas,
a alma é o princípio da inteligência, de que cada ser absorve
uma porção ao nascer; após a morte, volta ao todo universal. Para os espiritualistas,
a alma é um ser moral, distinto, independente da matéria e que
conserva a sua individualidade após a morte.
O Espiritismo, como ramo importante do
Espiritualismo, define a alma como um ser imaterial e individual que existe em
nós e sobrevive ao corpo. Na generalidade,
assemelha-se às diversas correntes espiritualistas. Especificamente, distingue-se delas pelo seu corpo doutrinário.
Façamos uma comparação: para a dogmática
religiosa, a alma, depois da morte, vai para um lugar circunscrito — Céu ou
Inferno —, podendo lá ficar eternamente. Para o Espiritismo, a alma continua o processo de sua evolução espiritual,
podendo, inclusive, reencarnar novamente.
Em se tratando da matéria orgânica, temos um termo
próprio para designá-la, ou seja, o princípio vital. O princípio
vital, sendo comum em todos os seres vivos, encontra-se num fluido especial,
denominado de fluido vital, fluido magnético, fluido nervoso etc.,
universalmente espalhado, do qual cada ser absorve e assimila uma parte durante
a vida. O fluido vital, por sua vez, nada mais é do que uma das transformações
do fluido universal, princípio elementar da matéria.
Allan Kardec sugere que, para uma compreensão mais
exata da palavra alma, poderíamos simplesmente acrescentar-lhe um adjetivo para
cada uso específico. Assim sendo, empregaríamos a palavra alma vital,
para designar o princípio da vida material; a alma intelectual, para
o princípio da inteligência; a alma espírita, para o princípio da
nossa individualidade após a morte. Agindo desta forma, evitaríamos muita
confusão, liberando mais tempo para o entendimento de outras questões cruciais
para o nosso aprendizado espiritual e moral.
Habituemo-nos a procurar no dicionário ou na
enciclopédia o verdadeiro significado das palavras. Este esforço tem a sua
recompensa: damos à palavra o seu verdadeiro sentido. E isso é de muita valia
para a propagação da Doutrina Espírita.
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