Seguir os ensinamentos de Cristo nunca
foi, não é e nunca será tarefa fácil. Os seus verdadeiros adeptos têm de passar
por tolos, imbecis e loucos. Por quê? Porque a maioria das pessoas está mais
voltada para os interesses materiais do que para os interesses espirituais.
Geralmente aplicam a filosofia do "do ut des" ("dou para
que dês"), isto é, acham que tudo se baseia numa troca lucrativa. Aquele
que negligencia a facilidade financeira, o poder e o conforto é tido como
inadaptado, fora dos parâmetros normais da sociedade de consumo.
Cristo alertou-nos sobre a bondade. Em sua prática, porém, surge-nos um mal-estar:
somos sempre enganados pelos mais astutos. Este é um dos grandes espinhos na
vida daqueles que querem exemplificar os ensinamentos de Jesus. Uma comparação
auxiliará o nosso entendimento a respeito. Observe que foi a bondade e não a crueldade
do Mestre que propiciou a traição de Judas. Se Cristo tivesse agido como
Moisés, Judas não teria a oportunidade de cometer tal ato, pois seria morto
antes de realizá-lo. Mas, em se deixando trair, enalteceu esta nobre virtude:
tanto um quanto o outro foi útil no processo.
Os ensinamentos de Jesus são universais e
estão espalhados no cosmo. Muitos pensadores utilizam-se da inspiração (mediunidade)
para captá-los. Pietro Ubaldi, por exemplo, enaltece a mediunidade consciente,
aquela em que o inspirado busca a essência do pensamento dos Espíritos
Superiores. Não a coloca como simples passividade, em que o médium fica
simplesmente esperando qualquer Espírito vir e dar a sua comunicação. Acha ele
que deve haver sempre um esforço de evolução, ou seja, a procura incessante de
conhecimentos mais elevados.
O Evangelho deixado por Jesus dá
margens a diversas interpretações. Geralmente olhamos o mundo
segundo a nossa ótica interior, fruto dos automatismos do passado. O que isso
tem a ver com o seguir as pegadas do Mestre? É que não mudamos com facilidade.
Quem não tiver o espírito do Cristo, poderá dizer que o segue, mas o segue a
seu modo, ou seja, agindo de acordo com o seu caráter e personalidade,
construídos ao longo das diversas encarnações. Por isso a frase: "Nem
todos os que dizem Senhor, Senhor entrarão no Reino de Deus, mas somente
aqueles que fizerem a vontade do meu Pai que está no Céu".
No âmbito do conhecimento adquirido,
deve-se enaltecer a obra e não o autor. Não quem, mas o que,
ou seja, o autor passa, mas a Obra permanece. Num livro psicografado há, sem
dúvida, o trabalho do médium, mas o conhecimento que daí advém não é criação
sua, mas pertence à fonte pura, morada dos Espíritos superiores. Por isso,
destacar a obra, ou mesmo o Espírito que a ditou, vale mais do que se ufanar
pelo trabalho realizado. O médium ou o inspirado deve sempre se colocar como um
simples intermediário.
Sigamos a Boa Nova do Mestre. Embora as
circunstâncias nos mostrem um caminho sombrio, tenhamos confiança em Deus e
enfrentemos os desafios que nos são colocados como provas, expiações ou
missões.
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