Somos seis bilhões de mentes emitindo pensamentos e
ideias de toda a sorte. Muitos, no meio dessas radiações mentais, acabam
aceitando as sugestões dos outros, porque sem a devida crítica, ficam sem opção
para determinar o seu próprio caminho na vida. Não resta dúvida que a lavagem
cerebral, estimulada pelos meios de comunicação, é responsável por essa
padronização do comportamento. O propósito deste artigo é refletir sobre a
nossa aquiescência à sugestão alheia.
Nossa mente está condicionada pela sociedade em que
vivemos, pelos livros que lemos, pelo nosso credo religioso, pelos nossos
temores, pelas nossas ambições etc. Ao nos inserirmos no seio da sociedade, ela
já tem uma estrutura organizada: bancos, comércio, escolas, fábricas etc. É,
assim, justo que ela influencie o seu novo cidadão. Contudo, essa influência
não pode matar a criatividade do seu membro, pois faltando-lhe o alimento
renovador, ela deteriora-se por si mesma.
Para que uma mente seja livre ela tem que
transcender o ambiente em que está inserida. Observe um indivíduo preso ao
dogma religioso. Para ele tudo está certo, desde que atenda ao padrão
estabelecido pela sua religião. Não lhe ocorre pensar de forma diferente,
porque pensa de acordo com o sistema pré-estabelecido. Um exemplo: como posso
negar que Pai, Filho e Espírito Santo são uma única pessoa, se é assim que o
dogma da Santíssima Trindade me obriga a pensar?
O indivíduo, para que realmente
possa ser denominado indivíduo, tem de construir o seu próprio
pensamento. Nesse sentido, e a fim de tornar a sua mente criativa, é
aconselhável despir-se das repetições dos pensamentos alheios, da autoridade de
um chefe, do clamor da mídia televisiva, em fim, de toda a espécie de condicionamento.
A criatividade nada mais é do que a perfeita sintonia com as forças superiores
da natureza. Assim, o espírito criador tratará todos os problemas de maneira
simples, evitará a ociosidade e procurará concentrar-se eficazmente em tudo o
que estiver fazendo.
O descondicionamento pressupõe um requisito: o
indivíduo deve acreditar que pode libertar-se dos condicionamentos. Se, pelo
contrário, achar impossível, o problema já está resolvido. Mas, crendo na sua
possibilidade, deve ponderar a sua busca. Mesmo assim, a ponderação requer uma
mente aberta, a fim de que esta não caia em outro tipo de condicionamento.
Somente quando se pensar livre e profundamente num problema é que a verdade se
descobre por si mesma. O mais importante não é forçar a ruptura de um
condicionamento, e sim ter a mente aberta para compreender as suas causas
intrínsecas.
O descondicionamento é extremamente valioso para a
nossa ascensão espiritual. Quanto mais nos afastarmos das ideias
pré-concebidas, mais perto estaremos do pensamento criativo e renovador.
Fonte de Consulta
KRISHNAMURTI, J. Experimente Um Novo
Caminho. Rio de Janeiro, ICK, 1966.
KRISHNAMURTI, J. Fora da Violência. São
Paulo, Cultrix, 1976.
KRISHNAMURTI, J. Verdade Libertadora.
Rio de Janeiro, ICK, 1963.
Compilação [relacionada ao tema]: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/atitude-e-comportamento
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