Consciência significa etimologicamente um saber
testemunhado ou concomitante. Por analogia, dualidade ou multiplicidade de
saberes ou de aspectos num mesmo e único ato de conhecimento. Inconsciência -
apesar de sua base etimológica ser clara e precisa, enquanto negação da
consciência, torna-se contudo extremamente difícil definir o inconsciente. O
fato é devido não só à obscuridade como, também, aos vários conteúdos que o
termo encerra.
Os psicólogos aceitam o termo
consciência. Dividem-na, porém, em espontânea e reflexiva.
A primeira refere-se à consciência direta, imediata; a segunda, à mediata, ou
seja, ao retorno do espírito sobre as ideias. Quanto à inconsciência, são
muitos os que a negam, alegando que, sendo a consciência própria do pensamento,
o que não é consciência deixa de ser psicológico.
Em Descartes, a consciência é
posta como fundamento inabalável da verdade, devido ao seu caráter de evidência
imediata. Em Kant, é a consciência em geral que se situa como
condição transcendental da possibilidade do conhecimento. No idealismo
posterior, é a consciência absoluta, visto absorver em seu seio a
própria materialidade, identificando-a com o infinito.
O Espírito André Luiz, no livro No
Mundo Maior, psicografado por Francisco Cândido Xavier, afirma-nos que
possuímos um único cérebro, dividido em três regiões, como se fosse um castelo
de três andares. No primeiro andar, o subconsciente, representando
nossos hábitos e automatismos; no segundo andar, o consciente, em
que situamos as conquistas atuais, e, no terceiro andar, o superconsciente,
ou seja, a casa das noções superiores. Diz-nos, ainda, que essas três regiões
devem estar sob controle, para que possamos viver equilibradamente.
Allan Kardec, em O Livro dos
Espíritos, ao tratar das ideias inatas, oferece-nos, também, subsídios para
uma melhor interpretação do tema. Segundo a Doutrina Espírita, a cada nova
encarnação temos o esquecimento do passado, mas permanece a intuição de todos
os nossos conhecimentos adquiridos. É por isso que, para muitos de nós, alguns
conhecimentos vêm à tona como se fossem algo do inconsciente, ou seja, não
foram adquiridos na atual existência e sim numa existência anterior. Mozart,
por exemplo, recebia de ouvido uma composição. Depois tinha apenas o trabalho
de coordená-la conscientemente.
O passado, o presente e o futuro formam
a nossa consciência global. Assim sendo, hoje somos um misto do que fomos e daquilo
que desejamos ser. Por isso, o esforço e a vontade devem estar sempre presentes
em cada um de nossos atos
Fonte de Consulta
SANTOS, M. F. dos. Dicionário
de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed., São Paulo, Editora Matese, 1965.
XAVIER, F.C.. No Mundo Maior,
pelo Espírito André Luiz. 7.ed., RJ, FEB, 1977.
KARDEC, A.. O Livro dos
Espíritos. São Paulo, FEESP, 1972.
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