Não faz muito tempo, veiculou-se um comercial
televisivo em que de um lado havia a sugestão do diabo e, do outro, a do anjo
da guarda. No meio desse tiroteio, a pessoa tinha que tomar uma decisão: seguir
um dos dois conselhos. É mais ou menos o que acontece com a influência dos
Espíritos em nossa vida: há os apelos dos Espíritos protetores e os dos
Espíritos menos felizes. A nossa tarefa é rechaçar as influências que nos
incitam ao mal e aderir àquelas que nos encaminham para o bem.
Na Antiguidade tínhamos o daemon socrático,
um guia espiritual que o impedia de praticar certas ações. A Bíblia não faz
nenhuma alusão aos anjos da guarda. Todavia, segundo Enoc (100,5), os santos e
os justos possuem seus protetores. Cada fiel é assistido por um anjo, dirá
Basílio; este anjo guia-lhe a vida, sendo ao mesmo tempo seu pedagogo e
protetor. Joana d’Arc, Jung, Winston Churchill, Abrão Lincoln e outros
confirmaram sua convicção de que um poder misterioso os vigiava, agindo como
guia, aguilhão ou instigador.
A missão do Espírito protetor é a de um pai para
com os filhos: conduzir o seu protegido pelo bom caminho, ajudá-lo com os seus
conselhos, consolá-lo nas suas aflições, sustentar sua coragem nas provas da
vida. O Espírito protetor é ligado ao indivíduo desde o nascimento até a morte,
e frequentemente o segue depois da morte, na vida espiritual, e mesmo através
de numerosas existências corpóreas, porque essas existências não são mais do
que fases bem curtas da vida do Espírito.
Não é um grande consolo para a nossa alma enfermiça
saber que há seres superiores ao nosso lado, que estão ali para nos aconselhar,
nos sustentar e nos ajudar a escalar a montanha escarpada do bem? Esses
Espíritos se colocam à nossa disposição por ordem de Deus, Assim, há os
protetores familiares, os espíritos simpatizantes e um que toma propriamente a
responsabilidade de nos conduzir, do nascimento à morte: o anjo da guarda.
Basta apenas que tenhamos a humildade de pedir-lhes para nos auxiliar em todas
as nossas dificuldades terrestres.
Os bons Espíritos estão sempre nos secundando; eles
não precisam de trombetas para se fazer notar. Basta apenas nos colocarmos em
sintonia com eles, para recebermos os seus avisos salutares. Os avisos,
contudo, não vêm como uma ordem, porque se assim fosse delimitaria a nossa
própria ação, o uso do nosso livre-arbítrio. Esta doutrina deveria converter os
mais incrédulos, por seu encanto por sua doçura. Mas como a maioria das pessoas
tem se tornada muito materialistas, elas acabam se esquecendo das verdades mais
simples: a existência dos anjos da guarda é uma delas.
Humilhemo-nos ante os desígnios do Alto. Valhamo-nos das sugestões dos nossos mentores espirituais. Muitas vezes o que nos parece um mal é um bem ulterior que ainda não somos capazes de perceber.
Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/anjos-da-guarda
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Na página 12, da Revista Ser Espírita (edição 15), de 2011, cujo título é "Eles São Como Nós", e se refere aos "anjos", há a seguinte referência:
Para o presidente do Centro Espírita Ismael, de São Paulo (SP), Sérgio Biagi Gregório, por mais que as pessoas tenham seus espíritos protetores específicos, nada impede que outros espíritos venham auxiliá-las nos momentos difíceis, sejam encarnados ou não, e que estes encarnados também podem ser considerados “protetores”. “Por exemplo, os pais deixam uma criança ir para a escola sozinha. Para chegar lá, ela precisa atravessar a rua e um estranho a ajuda. Fazendo uma analogia, este estranho funcionou como um ‘anjo da guarda’ naquele momento”. Ou seja: pessoas extremamente boas, que vivem na Terra no caminho do bem seriam “anjos” encarnados. Sendo assim, chega-se à conclusão de que a bondade que caracteriza os anjos é um atributo de todos os espíritos, sendo por estes revelada através do processo evolutivo.
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— Será justo lembrar que estamos
plasmando nossa individualidade imperecível no espaço e no tempo, ao preço de
continuadas e difíceis experiências. A ideia de um ente divinizado e perfeito,
invariavelmente ao nosso lado, ao dispor de nossos caprichos ou ao sabor de
nossas dívidas, não concorda com a justiça. Que governo terrestre destacaria um
de seus ministros mais sábios e especializados na garantia do bem de todos para
colar-se, indefinidamente, ao destino de um só homem, quase sempre renitente
cultor de complicados enigmas e necessitado, por isso mesmo, das mais severas
lições da vida? Porque haveria de obrigar-se um arcanjo a descer da Luz Eterna
para seguir, passo a passo, um homem deliberadamente egoísta ou preguiçoso?
Tudo exige lógica, bom-senso.
— Anjo, segundo a acepção justa
do termo, é mensageiro. Ora, há mensageiros de todas as condições e de todas as
procedências e, por isso, a antiguidade sempre admitiu a existência de anjos
bons e anjos maus. Anjo de guarda, desde as concepções religiosas mais antigas,
é uma expressão que define o Espírito celeste que vigia a criatura em nome de
Deus ou pessoa que se devota infinitamente a outra, ajudando-a e defendendo-a.
Em qualquer região, convivem conosco os Espíritos familiares de nossa vida e de
nossa luta. Dos seres mais embrutecidos aos mais sublimados, temos a corrente
de amor, cujos elos podemos simbolizar nas almas que se querem ou que se afinam
umas com as outras, dentro da infinita gradação do progresso. A família
espiritual é uma constelação de Inteligências, cujos membros estão na Terra e
nos Céus. Aquele que já pode ver mais um pouco auxilia a visão daquele que
ainda se encontra em luta por desvencilhar-se da própria cegueira. Todos nós,
por mais baixo nos revelemos na escala da evolução, possuímos, não longe de nós,
alguém que nos ama a impelir-nos para a elevação. Isso podemos verificar nos
círculos da matéria mais densa. Temos constantemente corações que nos devotam
estima e se consagram ao nosso bem. De todas as afeições terrestres,
salientemos, para exemplificar, a devoção das mães. O espírito maternal é uma
espécie de anjo ou mensageiro, embora muita vez circunscrito ao cárcere de
férreo egoísmo, na custódia dos filhos. Além das mães, cujo amor padece muitas
deficiências, quando confrontado com os princípios essenciais da fraternidade e
da justiça, temos afetos e simpatias dos mais envolventes, capazes dos mais
altos sacrifícios por nós, não obstante condicionados a objetivos por vezes egoísticos.
Não podemos olvidar, porém, que o admirável altruísmo de amanhã
começa na afetividade estreita de hoje, como a árvore parte do embrião. Todas
as criaturas, individualmente, contam com louváveis devotamentos de entidades
afins que se lhes afeiçoam. A orfandade real não existe. Em nome do Amor, todas
as almas recebem assistência onde quer que se encontrem. Irmãos mais velhos
ajudam os mais novos. Mestres inspiram discípulos. Pais socorrem os filhos.
Amigos ligam-se a amigos. Companheiros auxiliam companheiros. Isso ocorre em
todos os planos da Natureza e, fatalmente, na Terra, entre os que ainda vivem
na carne e os que já atravessaram o escuro passadiço da morte. Os gregos sabiam
disso e recorriam aos seus gênios invisíveis. Os romanos compreendiam essa
verdade e cultuavam os numes domésticos. O gênio guardião será sempre um
Espírito benfazejo para o protegido, mas é imperioso anotar que os laços
afetivos, em torno de nós, ainda se encontram em marcha ascendente para mais
altos níveis da vida. Com toda a veneração que lhes devemos, importa
reconhecer, nos Espíritos familiares que nos protegem, grandes e respeitáveis
heróis do bem, mas ainda singularmente distanciados da angelitude eterna.
Naturalmente, avançam em linhas enobrecidas, em planos elevados, todavia, ainda
sentem inclinações e paixões particulares, no rumo da universalização de
sentimentos. Por esse motivo, com muita propriedade, nas diversas escolas
religiosas, escutamos a intuição popular asseverando: — “nossos anjos de guarda
não combinam entre si”, ou, ainda, “façamos uma oração aos anjos de guarda”,
reconhecendo-se, instintivamente, que os gênios familiares de nossa intimidade
ainda se encontram no campo de afinidades específicas e precisam, por vezes, de
apelos à natureza superior para atenderem a esse ou àquele gênero de serviço. (Capítulo XXXIII - "Aprendizado", do livro Entre a Terra e o Céu, pelo Espírito André Luiz)
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