18 novembro 2019

Agêneres

Allan Kardec trata dos "agêneres" na Revista Espírita de 1859 (fevereiro). O ponto de partida é o aparecimento de mãos tangíveis. O problema levantado: duração da aparência corporal, que pode persistir por pouco ou muito tempo. Necessitando de um nome para caracterizar o fenômeno, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas cunhou o termo "agêneres", para indicar que sua origem não é o resultado de uma geração.

O que é, então, o agênere? É uma variedade de aparição tangível. É o estado de certos Espíritos que podem revestir momentaneamente as formas de uma pessoa viva, ao ponto de causar completa ilusão. Daí, a afirmação de que há agêneres e agêneres. Quer dizer, os agêneres são criaturas fisiologicamente não geradas como o normal dos encarnados. Essas podem se mostrar materializadas por longo período de tempo.

Convém sempre nos atermos ao princípio essencial da ciência espírita. Ao tratar do tema no artigo dessa revista, Allan Kardec diz:  "O agente dos fenômenos vulgares é uma força física, material, que pode ser submetida às leis do cálculo, ao passo que nos fenômenos espíritas esse agente é constantemente uma inteligência que tem vontade própria e que não se submete aos nossos caprichos".

Os agêneres têm relação com o docetismo. O docetismo é uma doutrina herética dos séculos II e III, que negava a existência do corpo de Jesus Cristo, admitindo apenas a existência do espírito. Poderíamos perguntar: Cristo foi um agênere? Para os docetas, sim. Contudo, há as pesquisas históricas que se fundamentam no Cristo humano, de carne e osso, como todos os Espíritos encarnados neste Planeta.

O docetismo, contudo, reapareceu na França. Pelas comunicações atribuídas a Moisés, João Batista, os Apóstolos e os Evangelistas, Jean Baptiste Roustaing, publica uma obra mistificadora, Os Quatro Evangelhos, condenada por Allan Kardec, mais ainda reverberada por alguns espíritas.



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