Allan Kardec trata
dos "agêneres" na Revista Espírita de 1859 (fevereiro). O ponto de partida é o
aparecimento de mãos tangíveis. O problema levantado: duração da aparência
corporal, que pode persistir por pouco ou muito tempo. Necessitando de um nome
para caracterizar o fenômeno, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas
cunhou o termo "agêneres", para indicar que sua origem não é o resultado de
uma geração.
O que é, então,
o agênere? É uma variedade de aparição tangível. É o estado de certos Espíritos
que podem revestir momentaneamente as formas de uma pessoa viva, ao ponto de
causar completa ilusão. Daí, a afirmação de que há agêneres e agêneres. Quer
dizer, os agêneres são criaturas fisiologicamente não geradas como o normal dos
encarnados. Essas podem se mostrar materializadas por longo período de tempo.
Convém sempre
nos atermos ao princípio essencial da ciência espírita. Ao tratar do tema no
artigo dessa revista, Allan Kardec diz: "O agente dos fenômenos
vulgares é uma força física, material, que pode ser submetida às leis do
cálculo, ao passo que nos fenômenos espíritas esse agente é
constantemente uma inteligência que tem vontade própria e que não se submete
aos nossos caprichos".
Os agêneres têm
relação com o docetismo. O docetismo é uma doutrina herética dos séculos II e
III, que negava a existência do corpo de Jesus Cristo, admitindo apenas a
existência do espírito. Poderíamos perguntar: Cristo foi um agênere? Para os
docetas, sim. Contudo, há as pesquisas históricas que se fundamentam no Cristo
humano, de carne e osso, como todos os Espíritos encarnados neste Planeta.
O docetismo,
contudo, reapareceu na França. Pelas comunicações atribuídas a Moisés, João
Batista, os Apóstolos e os Evangelistas, Jean Baptiste Roustaing, publica uma
obra mistificadora, Os Quatro Evangelhos, condenada por Allan Kardec, mais ainda reverberada por
alguns espíritas.
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