O que é divindade? Como entender a
divindade de Cristo? Divindade. Designa tudo o que é sobrenatural ou superior ao
homem, podendo ser pessoal ou impessoal. É uma noção mais que a de Deus. A sua
universalidade se manifesta na oposição entre o sagrado e o profano. Em se
tratando de Jesus Cristo, temos de separar o Cristo histórico do Cristo
religioso ou dogmático.
Para entendermos a divindade de Cristo,
temos que nos reportar à história e recuarmos até Ário (256?-336 d.C.), um
sacerdote de Alexandria, no Egito que, por volta de 318 d.C., contesta a
doutrina segundo a qual as três Pessoas da Santíssima Trindade Cristã — o Pai,
o Filho e o Espírito Santo — são iguais. Para Ário, Deus, o Pai, estava acima
do Filho, Jesus Cristo, e ambos estavam acima do Espírito Santo.
De Ário, advém arianismo. O arianismo é a antiga doutrina teológica cristã,
ensinada por Ário aos seus seguidores, e que refuta a divindade de Cristo.
Dizia que Cristo é Filho de Deus, portanto, colocado numa hierarquia inferior,
embora pudéssemos vê-lo como o mais perfeito dos seres humanos. Em 325, sob a gestão
do imperador romano Constantino, o Concílio de Niceia condenou como
hereges os ensinamentos de Ário, afirmando que Jesus era completamente divino.
Em 381, o Concílio de Constantinopla considerou o arianismo uma heresia, e essa
doutrina desapareceu rapidamente no Império Romano.
Allan Kardec, em Obras Póstumas, no item "Estudo da Natureza de Cristo", faz
vários questionamentos sobre a divindade de Cristo: ela é provada pelos
milagres? Ela é provada por suas palavras? Para mais detalhes, convém consultar
o referido capítulo.
Gostaria de destacar dois parágrafos,
extraídos da página 131, que sintetizam o entendimento da divindade de Cristo.
"Se o concílio de Niceia, que se
constitui em fundamento da fé católica, fosse conforme ao espírito de Cristo,
para que o anátema final? Não é isto a prova de que ele é a obra das paixões
dos homens? A que foi devida a sua adoção? À pressão do imperador Constantino,
que fez dele uma questão mais política que religiosa. Sem ordem sua não se
teria realizado o concílio de Niceia e sem a sua intimidação seria mais que
provável o triunfo do arianismo".
"Dependeu pois da autoridade soberana
de um homem, que não pertencia à Igreja, que reconheceu mais tarde a falsa
política seguida, e que em vão procurou emendá-la, conciliando os partidos, não
sermos hoje arianos, em lugar de católicos, e não ser hoje o arianismo a
ortodoxia e o catolicismo a heresia".
Fonte de Consulta
Enciclopédia Delta Universal
KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Tradução de João
Teixeira de Paula. Revisão, Introdução e notas de José Herculano Pires. 14.ed.,
São Paulo: Lake, 2007.
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