Os animais têm emoção? É uma pergunta que dá o que
pensar. Não resta dúvida que alguns animais como o cavalo, o macaco, o cachorro
e o elefante possuem apreciáveis qualidades da inteligência. Além disso, são
receptivos aos elogios e às repreensões. Gabriel Dellane no livro A
Evolução Anímica mostra que o remorso, a justiça e a injustiça
encontram-se em germe em todos os animais, podendo manifestar-se em ocasiões
oportunas. Mas, daí afirmar-se que o animal possua emoção vai grande distância.
Emoção – do francês émotion, significa
sentimento de pouco duração, reações afetivas intensas, perturbações violentas
e passageiras de afetividade complexa e ligadas a ideias, sendo
estas evocadas ou não por percepções (tais são a cólera, o medo, a alegria, a
tristeza etc.). A emoção distingue-se da afeição e
da paixão. Enquanto a emoção está ligada a ideias
e a estados complexos do espírito, a afeição (agrado e
desagrado) está diretamente ligada à simples sensação. Por outro lado, a paixão é
uma atitude permanente do espírito e não uma rápida efervescência da
afetividade como a emoção.
A emoção é consequência dos nossos automatismos
exercitados nos vários reinos da natureza. O Espírito André Luiz, no
livro Evolução em Dois Mundos, diz-nos que nas linhas da civilização
o reflexo precede o instinto, o instinto precede a atividade refletida, a
atividade refletida precede a inteligência, a inteligência precede a razão e a
razão precede a responsabilidade. Deduz-se que o princípio inteligente vai
agregando potencialidades físicas e psicológicas para desabrochar-se
integralmente na fase humana.
O equacionamento do problema está no grau das
manifestações. A inteligência, o livre-arbítrio e o sentimento encontram-se
limitados no reino animal. Enfatiza-se que a distância entre a alma do animal e
a alma do homem é equivalente à distância entre a alma humana e Deus. O homem é
dotado da capacidade de elaborar conceitos morais, enquanto o animal não. O
animal limita-se, exclusivamente, à vida material.
Concentremos nossa atenção no processo de evolução
do Espírito. O objetivo central do Espírito é o seu progresso moral e
intelectual. O nosso tempo deve ser alocado racionalmente para o aprendizado de
coisas úteis. Quanto às relações misteriosas existentes entre o homem e o animal,
isso, está nos segredos de Deus, cujo conhecimento nada importa para o nosso
adiantamento, e sobre o qual seria inútil nos determos.
Respeitemos nossos irmãos inferiores dentro de seus
graus de evolução. Não queiramos transformá-los em seres pensantes e
apaixonados. Esta é uma característica própria do reino hominal.
Fonte de Consulta
DELANNE, G. Evolução Anímica. 5. ed.,
Rio de Janeiro, FEB, 1988.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8.
ed., São Paulo, FEESP, 1995.
XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Evolução em Dois
Mundos, pelo Espírito André Luiz, 4. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.