Ideias Inatas — Segundo a filosofia, são as ideias com as quais a gente nasce,
que não se aprende. Para o Espiritismo, são o resultado dos conhecimentos
adquiridos nas existências anteriores; são ideias que se conservam no estado de
intuição para servirem de base à apreciação de outras novas. As ideias inatas
não são mais do que a herança intelectual e moral que vêm das nossas vidas
passadas.
Para os idealistas, o Espírito, o pensamento, a ideia é o fenômeno
principal; a matéria, um epifenômeno. Para os empiristas, matéria é o fenômeno
principal; o espírito, um epifenômeno. Esta divergência entre idealistas e
materialistas ainda não chegou a um acordo satisfatório. Falta-lhes um elemento
conciliador — o PERISPÍRITO —, que é o elo de ligação entre o Espírito e o
corpo físico. Se dedicassem mais tempo à compreensão desse corpo energético,
melhor compreenderiam a relação entre o sensível e o não sensível.
Platão foi o primeiro pensador a nos fornecer uma imagem das ideias inatas.
Para ele, o homem deve passar além dos sentidos, ou seja, para as ideias que
não se derivam da experiência, nem dela dependem. Em Kant, as
ideias da razão pura são objetos de pensamento para os quais não podemos
encontrar qualquer correspondência na nossa experiência; são as ideias da alma,
do mundo e de Deus. Em Hegel, a Ideia é o princípio universal do
devir, que engendra a Natureza e se torna Espírito. Para Descartes e
os cartesianos, as ideias inatas são as que pertencem ao espírito do homem
desde o nascimento e só dependem de sua própria natureza: extensão, substância,
Deus...
Há relatos de crianças em que o quociente de inteligência é bastante
alto. Algumas falam de assuntos que extrapolam as suas idades físicas; outras
tocam maravilhosamente bem um instrumento musical; outras ainda possuem uma
capacidade de memorização de estarrecer. A que se deve isso? Se elas não
tiveram tempo de aprender, de onde tiraram esse saber? Conclusão: esses fatos
só podem ser explicados pelo princípio da reencarnação, princípio este que
mostra que todos já tivemos outras vidas antes desta. Através delas é que fomos
adicionando informações e conhecimentos ao nosso passivo espiritual.
Na resposta à pergunta 218 A (A teoria das ideias inatas não é
quimérica?) de O Livro dos Espíritos, os Espíritos superiores nos
orientam que "Os conhecimentos adquiridos em cada existência não se
perdem; o Espírito liberto da matéria, sempre se recorda. Durante a encarnação,
pode esquecê-los em parte, momentaneamente, mas a intuição que lhe fica ajuda o
seu adiantamento. Sem isso, ele sempre teria de recomeçar. A cada nova
existência, o Espírito toma como ponto de partida aquele em que se achava na
precedente".
O Espiritismo, como Doutrina codificada por Allan Kardec, trouxe-nos uma
nova visão sobre o estoque de conhecimento existente. Cabe-nos debruçar sobre
os seus princípios fundamentais, extraindo deles as instruções necessárias para
o correto direcionamento do nosso Espírito rumo às ideias supremas do bem e do
belo.
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