A luz é
o símbolo multimilenar do desenvolvimento espiritual. É a herança de Deus para
as trevas. É a substância divina gerada nas fontes superiores da esfera
espiritual. É a mais elevada, potente e veloz das expressões do movimento,
suscetível de acrisolar-se ao infinito. Discípulo é todo
aquele que segue o seu mestre. Discípulos do Senhor são todos
aqueles que seguem a Doutrina do Cristo: primeiro, os doze: depois, os setenta
e dois; hoje, a humanidade dita cristã.
A luz, vista como
símbolo, teve várias ocorrências ao longo do tempo. Na Antiguidade, Platão, no seu
famoso Mito da Caverna, compara, metaforicamente, a luz ao brilho do Sol. Deus,
no livro Gênesis do Velho Testamento, separa a luz das trevas. Jesus, no Novo
Testamento, é a luz do mundo. Santo Agostinho, na Idade Média, compara o
conhecimento à luz e dedica a Deus a fonte que ilumina a tudo. Descartes
associa luz à razão. Locke chama luz de lamparina ao débil conhecimento do ser
humano.
Jesus Cristo, quando
esteve encarnado, há 2000 anos, trouxe-nos a Boa Nova, o Evangelho, a Luz da
espiritualidade superior. Escolheu os seus discípulos, alertando-os que seriam
o sal da terra, a luz do mundo. Posteriormente, em suas instruções, disse-lhes
para procurar as ovelhas perdidas da casa de Israel, curar os enfermos,
ressuscitar os mortos, purificar os leprosos, repelir os demônios; lembrou-lhes
de serem prudentes como as serpentes e simples como as pombas; estimulou-lhes a
nada temer, pois nada há encoberto, que não venha a ser revelado; nem oculto,
que não venha a ser reconhecido; advertiu-os que não veio trazer paz à terra,
mas espada; por fim, recomendou-lhes dar de beber aos pequeninos, pois o reino
dos céus a estes se assemelha.
Os ensinamentos de Jesus
Cristo e dos seus discípulos eram simples e objetivos: enaltecer a vida
espiritual. Com o tempo, o poder das trevas amplia as suas asas de águia e
deturpa a essência destes conhecimentos. Assistimos ao advento de diversas
guerras, denominadas santas, as perseguições de todos os matizes, a inquisição
etc. No âmbito da ortodoxia, criaram-se os dogmas, os rituais, o comércio das
indulgências e a confissão auricular, de modo que o Cristianismo do Cristo foi
quase que totalmente desfigurado, restando apenas o que o Padre Alta denomina
de Cristianismo dos vigários.
Quando Jesus propôs aos
seus discípulos serem a luz do mundo, chamou-lhes, também, a atenção para a
grande responsabilidade na propagação do conhecimento. O Espírito Emmanuel
adverte-nos que a luz gasta o pavio. Nesse sentido, o cristão, sem espírito de
sacrifício, é letra morta no santuário do Evangelho. É por isso que todo o
propagador da luz deve clarear sem ofuscar, ou seja, antes de semear a boa
semente, precisa arrotear o terreno espiritual do seu interlocutor, a fim de
que as palavras encontrem eco em seus ouvidos.
Agradeçamos a dádiva da
luz celestial e não nos detenhamos ante o poder das trevas. Lembremo-nos de que
a luz de uma pequena vela é capaz de iluminar a escuridão da noite.
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