26 setembro 2016

Epistemologia e Espiritismo

Epistemologia vem de episteme, que é um corpo organizado de conhecimento, uma ciência. Etimologicamente, epistemologia significa "discurso sobre a ciência". Presentemente, emprega-se como um estudo crítico das ciências naturais e matemáticas. Sendo a ciência positiva, poderíamos falar de uma epistemologia espírita?

Ao longo da história, procurou-se verificar a autonomia das várias ciências em relação à filosofia. Para Platão, o saber rigorosamente científico é concebido univocamente como filosofia, e esta se reporta ás coisas invisíveis. Aristóteles, por sua vez, diz que a ciência se reporta às coisas físicas, mas não despreza o o rigor do silogismo de Platão. 

O grande passo na separação entre ciência e filosofia foi dado por Galileu (1564-1642). Galileu diz que a ciência cuida dos fatos, dos fenômenos; ela não está interessada no porquê das coisas. Foi ele também quem assinalou os momentos da pesquisa científica: observação, hipótese, verificação. As epistemologias contemporâneas procuram basear-se em Galileu, ou seja, na demarcação clara entre o que é ciência e o que é filosofia. 

A epistemologia espírita pode ser entendida como o estudo e a crítica do conhecimento à luz do Espiritismo. José Herculano Pires, no capítulo X "Epistemologia Espírita", do livro Curso Dinâmico de Espiritismo, acentua que não há menção deste termo nas obras de Kardec, mas pode-se verificar implicitamente tal assertiva em O Livro dos Espíritos.

Assim, na introdução de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec afirma que o Espiritismo é uma Ciência que se defronta com as outras ciências em pé de igualdade e não pode ser julgada pelos cientistas que não a conhecem. Na Ciência, o que importa são os fatos e não as opiniões. Na ausência dos fatos, a dúvida é a opinião do homem prudente.

Rebatendo as críticas ao objetivo de sua doutrina, Allan Kardec afirmou que "o Espírito é um ser concreto e circunscrito, um ser real, definido, que em certos casos pode ser apreendido pelos nossos sentidos da vista, da audição e do tato". Quando, certa vez, foi arguido que o Espiritismo tinha se originado na dança da mesas, ele contra argumentou: a dança das rãs não dera a Galvani a possibilidade de descobrir a eletricidade? 

Fonte de Consulta 

LOGOS – ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE FILOSOFIA. Rio de Janeiro: Verbo, 1990.

PIRES, José Herculano Pires. Curso Dinâmico de Espiritismo. Capítulo X (Epistemologia Espírita). 



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