15 fevereiro 2018

Bem e Mal Sofrer

Este tema “Bem e Mal Sofrer” diz respeito às instruções dos Espíritos (Lacordaire), que se encontra no capítulo V “Bem-Aventurados os Aflitos”, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec. Este capítulo discorre sobre as causas atuais, as causas anteriores e a justiça das aflições, o esquecimento do passado, os motivos de resignação, o suicídio e a loucura, a felicidade não é deste mundo, entre outros.

Para bem entendermos a questão do bem e mal sofrer, convém observar a diferença que há entre dor e sofrimento. A dor é fisiológica; o sofrimento, psicológico. O sofrimento é um conceito mais abrangente e complexo do que a dor. Em se tratando de uma doença, é o sentimento de angústia, vulnerabilidade, perda de controle e ameaça à integridade do eu. Pode existir dor sem sofrimento e sofrimento sem dor. O sofrimento, sendo mais vasto, é existencial. Ele inclui as dimensões psíquicas, psicológicas, sociais e espirituais do ser humano. A dor influi no sofrimento e o sofrimento influi na dor.

O sofrimento não é castigo de Deus. O Espiritismo ensina-nos que todos os nossos sofrimentos estão afeitos à lei de ação e reação. Estudando pormenorizadamente este capítulo (Bem-Aventurados os Aflitos) vamos aprendendo que Deus, inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, deixa sempre uma porta aberta ao arrependimento e o ressarcimento da falta cometida.

Reação não é sempre sofrimento? Geralmente, a palavra reação vem impregnada de dor e sofrimento. É empregada como sinônimo de carma (sofrer e resgatar as dívidas do passado). Em realidade, a reação nada mais é do que uma resposta – boa ou má –, em razão de nossas ações. Pergunta-se: se estamos praticando boas ações, por que aguardar o sofrimento?

Como a cruz é o símbolo do sofrimento, relembremos esse pequeno conto. Um indivíduo tinha recebido a sua cruz e deveria carregá-la montanha acima. Como estava pesada, cortou alguns pedaços. Chegando ao topo da montanha, deveria usá-la como ponte para a outra montanha. Fato: o comprimento foi insuficiente, e teve de voltar para pegar os pedaços que tinha deixado ao longo do caminho. Pode-se entender como uma metáfora de nossa jornada terrestre que, ao caminharmos, vamos encontrando dificuldades. Fugindo delas, teremos de voltar em uma nova encarnação para a devida reparação.

Observe um trecho das instruções dos Espírito. Eles nos dizem: “... Ficai satisfeitos quando Deus vos envia à luta. Essa luta não é o fogo da batalha, mas as amarguras da vida, onde é preciso, algumas vezes, mais coragem do que num combate sangrento, porque aquele que ficaria firme diante do inimigo, se dobrará sob o constrangimento de uma pena moral. O homem não é recompensado por essa espécie de coragem, mas Deus lhe reserva os louros e um lugar glorioso”.

Repitamos com os Espíritos: "Serão bem-aventurados aqueles que tiverem oportunidade de provarem sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão em cêntuplo a alegria que lhes falta na Terra". 

  

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