“Convém que
ele cresça e que eu diminua.” — (João, cap. 3, v. 30)
O Centro
Espírita deveria ser um
celeiro de oportunidades para todos aqueles que o frequentam. Não há
necessidade de que alguém monopolize as atividades. Treinar o outro para
exercer a nossa função é um bem maior, pois estamos ajudando a potencializar o
nosso irmão, passando o bastão que os nossos antecessores no colocaram
nas mãos.
Vejamos o exemplo de João. Tão logo
aparece Jesus, considerado o Messias, abre-lhe espaço para o seu crescimento,
permanecendo posteriormente, apenas como coadjuvante. Na revelação dada a Allan
Kardec, tivemos também outros coadjuvantes, tais como: Léon Denis, que se
concentraria no desdobramento filosófico; Gabriel Delanne, que apresentaria a
estrada filosófica; Camille Flammarion, que nos descortinaria as paisagens
celestes.
Diz-se que, em relação à
mediunidade, deveríamos trabalhar na meia idade e descansar na velhice. Que
isso pode significar? À medida que avançamos na idade, devemos deixar alguns
cargos e encargos, para que outros possam se desenvolver, se ampliar em
criatividade e trabalho na seara do mestre Jesus.
Não seremos avaliados pela nossa narrativa, por
sermos ou não famosos, se somos ou não detentores de riqueza. Ao deixarmos este
mundo e nos dirigirmos ao além, ao mundo espiritual, uma só coisa importa:
nossa consciência. E dependendo da sua pureza, podemos nos
beneficiar da felicidade; ou da infelicidade, caso esteja tisnada.
Observe o que acontece quando nos desfazemos de
roupas velhas, de objetos que não temos mais uso, de redes sociais que roubam o
nosso tempo. Não sentimos um ímpeto de liberdade, um insight para
as coisas do Alto? Parece-nos que o nosso Espírito se elevou, deixou este
miserável mundo e foi habitar um outro de mais graça, de mais harmonia, de mais
luminosidade.
Tenhamos em mente o seguinte: quanto menos
possuímos, menos temos que cuidar. Por isso, é muito importante aprender a desaprender. Desaprender
é jogar no lixo o que não nos serve mais; desaprender é saber dizer não;
desaprender é fazer as mesmas coisas, mas de modo diferente; desaprender é pensar
pela própria cabeça. O ser
humano culto não é aquele que sabe o conteúdo de todos os livros, mas aquele que sabe se situar no
meio deles.
Quanto mais ajudarmos a
potencializar o outro, mais estaremos potencializando a nós mesmos, tal qual o
trecho evangélico que diz: "ao que muito foi dado muito será
pedido". Mas, aos que souberam aproveitar os ensinamentos, muito
lhes será dado.
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