Horizontes da Mente. João Nunes Maia, pelo
Espírito Miramez.
Prefácio
Um livro é um acúmulo de ideias que o escritor seleciona, por meios que muitos leitores desconhecem. Há muitas ciências ou engrenagens espirituais, cujas funções dificilmente podem ser explicadas com clareza pelo raciocínio e pela linguagem. Esta de que falamos é uma: a ciência de pensar, de escolher assuntos, de educar a mente e, para tanto, o companheiro Miramez é hábil expositor.
A compreensão do leitor, nesse sentido, irá se desabrochando com o perpassar das páginas e, na gradação do avanço, ele notará, pela sua própria razão, o que pode se dar nos horizontes da sua mente.
Horizontes da Mente é um ato de caridade cristã de uma alma para milhares delas, nos corredores do mundo terreno. Toca em pontos dificilmente comentados pelos escritores espiritualistas, com muita veemência, emprestando a quem lê a convicção de que o trabalho de reforma mental é o alicerce onde será construído o edifício da sua felicidade. Mostra que o céu é mais real dentro de nós, mas que depende de coisas e seres externos. Há livros iniciatórios que levam o leitor somente para dentro de si, de forma tal que tudo o que é exterior perde o valor para ele. E o egoísmo, nessas circunstâncias, ganha terreno, avança no coração e domina a inteligência. O separativismo floresce nos ambientes do mundo interno e, talvez, o orgulho nasça, sem que o espírito tenha meios de expulsá-lo.
Eis o perigo, na instrução dos leitores acerca de determinados assuntos delicados, na autoeducação. Não há hora tão grave como essa para o estudante da verdade. E sempre, nesses momentos, lembremo-nos de Jesus Cristo, o Mestre incomparável, que mostrou, com riqueza absoluta, a fertilidade do solo espiritual dentro de nós, sem esquecer de associar, a isso, a ajuda exterior, como lei divina. Se Deus não deseja isolar-se de nós, estando presente em tudo, como nós outros, simples criaturas d'Ele, vamos nos recolher ao ostracismo, esquecendo a criação anterior! E o que acontecerá conosco se obedecermos à força do egoísmo, chegando ao ponto de explodirmos, invadindo os espaços exteriores limitados pela lei da fraternidade — o amor.
Os dois mandamentos escolhidos pelo Mestre — "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos" — são fundamentais para o assunto a que ora nos referimos. Nós estamos, escolhidos, por sintonia, ao lado do próximo. E a vida feliz é aquela que esplende no meio termo: não se esconder demais, nem se mostrar com exagero; não comer fora do limite, nem ficar com fome; não beber para embriagar-se, nem protestar contra a bebida; e, assim, sucessivamente. Não esqueceu o Divino Amigo de dizer: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus"
A vida feliz é equilíbrio, é harmonia, e isso tudo é amor. Quem pode viver no mundo somente dentro do lar, porque o lar é o alicerce da civilização? De fato ele, harmonioso, é uma nesga do céu. No entanto, para que ele permaneça de pé, a lei pede que se movimentem os seus componentes. Têm de trabalhar fora, de comprar coisas fora, de beber a água pura que vem de fora, de se educarem fora do lar etc. Como desprezar o exterior, a amizade, o contato com os nossos semelhantes, se a eles devemos amar, depois de Deus?
Horizontes da Mente abre mais um ângulo para a educação aproveitando as forças já em domínio. É aquela caridade que poderemos fazer a nós mesmos e que, certamente, redunda em benefício dos outros, porquanto sempre estamos em convívio com o próximo.
Horizontes da Mente retrata bem o encontro de Jesus com a samaritana. O escritor espiritual pede um pouco de atenção, que não deixa de ser a água do mundo e, em devolução, dá a água da vida, despertando qualidades no leitor, e nele abrindo um pouco de saber, onde poderá beber de um líquido inextinguível. Este livro é apropriado para a época de tantas desilusões. Se lerdes com cuidado, notareis o que há de ser daqueles que não cuidam da educação da mente, e até onde os seus pensamentos podem atingir.
Tudo está preparado para um avanço da humanidade na ascensão espiritual. Mas, no reparte, há uma parte que vos pertence. Cumpri o vosso dever. Educai-vos — porque a educação é o princípio do amor — que sereis livres para subir onde Deus determinar.
Horizontes da Mente é um livro em forma de luz e uma luz em forma de livro, para os que querem se livrar das trevas.
Bezerra
10 de novembro de 1974 — Belo Horizonte — Minas Gerais.
Resumo: Horizontes da Mente / Poder da Mente / O Amor / Crista da Inteligência / Formação das Ideias (Capítulos 1 a 5)
A mente pode
ser comparada a um chuveiro da alma: dela brotam os pensamentos que
nos libertam ou nos aprisionam, conforme a qualidade dos sentimentos que os
sustentam. Aquilo em que pensamos com firmeza acaba refletindo em nossa vida,
trazendo consequências que podem iluminar ou sombrear nossa caminhada. Por
isso, é fundamental aprender a vigiar e a direcionar o fluxo mental.
Quando nos
sentimos cansados e oprimidos, o exercício do pensamento no amor
pode transformar nosso estado íntimo. Ao cultivarmos imagens e sentimentos de
alegria, bondade e compreensão, logo percebemos um alívio psicológico. A mente,
habituada a essa “ginástica do amor”, torna-se capaz de curar ou suavizar seus
próprios desequilíbrios, restabelecendo equilíbrio e serenidade.
A inteligência,
por sua vez, é a faculdade de executar as ordens do raciocínio. Quando
iluminada pelo amor, obedece à vigilância do coração e corrige impulsos
contrários às orientações do Evangelho. Nesse processo, percebemos que mais do
que falar ou escrever sobre virtudes, precisamos praticá-las, principalmente nos
momentos em que enfrentamos perseguição, incompreensão ou desentendimento.
Vivemos em
tempos em que a poluição mental alcança níveis alarmantes. As
dores e crises coletivas soam como apelos urgentes à renovação interior. Formar
bons pensamentos é, portanto, uma arte divina, pois o espírito humano, como
co-criador, participa diretamente da configuração da realidade que o cerca. Se
aspiramos a sintonizar com espíritos benfeitores, a educação da mente é o
primeiro passo indispensável.
Por fim, é
importante lembrar que a harmonização mental não se constrói
de forma isolada. Precisamos da cooperação do próximo, inclusive daqueles que
não simpatizam conosco. Além disso, cabe-nos vigiar o conteúdo que assimilamos
e transmitimos: palavras e imagens carregam responsabilidades. Assim, ao
cultivarmos uma mente pura e educada pelo amor, estaremos não apenas cuidando
de nós mesmos, mas contribuindo para o bem-estar coletivo.
Resumo: Emissão dos Pensamentos / Limpar a Mente / Evolução Mental / Divisões da Consciência / Valor da Alegria
Mesmo que
queiramos, nunca conseguiremos parar de pensar, pois a mente é um dínamo
sagrado ligado à suprema inteligência universal, pela qual flui,
ininterruptamente, a vontade de Deus. Por isso, precisamos vigiar nossas
emissões mentais, lembrando que a mente só cria imagens compatíveis com a sua
própria estrutura espiritual. Cada pensamento molda o eu, revelando nossa
ligação íntima com as forças superiores ou inferiores que buscamos.
Se os
pensamentos forem bons, todo o templo do espírito estará em paz. Caso
contrário, sofreremos, mais cedo ou mais tarde, as consequências das
invigilâncias do inquilino do corpo. Daí a importância de cultivar bons
costumes, que tornam a mente límpida e clareiam o verbo, estimulando os
ouvintes e conviventes à prática do bem eterno. Tal disciplina, embora simples,
exige esforço consciente de renovação.
A mente
necessita de limpeza tanto quanto o corpo. Higienizá-la não significa
reprimi-la, mas orientá-la com brandura e perseverança. O exercício da
castidade mental fortalece a alma, evitando que se prenda a sugestões
inferiores e incompatíveis com o ambiente evangélico. A verdadeira alegria só
se sustenta na paz da consciência, razão pela qual precisa ser purificada dia a
dia, em harmonia com os ensinamentos do Mestre.
Podemos
comparar a mente a uma máquina fotográfica, sempre pronta para registrar aquilo
em que fixa o olhar. Também é uma fornalha de temperaturas variáveis, ajustadas
conforme a evolução da alma, onde se depuram os sentimentos mais íntimos do
espírito. Essa evolução é lei universal, presente em todos os mundos, sendo
guiada pelos instrutores espirituais que auxiliam no processo de limpeza e
reorientação da consciência.
Por fim,
lembramos que escrevemos para todos, mas nos dirigimos de forma especial aos despertos,
aqueles que têm consciência dos seus deveres diante da escalada espiritual. A
cada passo, renovamos nossa responsabilidade de perseverar até o fim, confiando
na promessa de salvação. Ao higienizar a mente, cultivando bons hábitos e
pensamentos elevados, encontraremos a paz necessária para a verdadeira alegria
e a certeza de estar em sintonia com a vontade divina.
Resumo: Dinamismo Mental / Lótus Divino / Querer é Ser / Campo Mental / Rosto, Espelho da Alma (Capítulos 11 a 15)
Deduz-se que práticas como a acupuntura ou o passe espiritual
têm como objetivo principal libertar a energia de estados de estagnação. Essa
renovação energética pode ser comparada a uma lavoura sem limites, sempre
oferecendo oportunidades de crescimento e renovação para a vida interior. Ao
movimentar a energia, o ser humano abre caminhos para o equilíbrio e para uma
saúde mais ampla.
A mente, quando se volta para o bem, a benevolência e o perdão,
torna-se fonte inesgotável de possibilidades. É nesse movimento que surgem
nuances de fraternidade e de compreensão que ultrapassam o que se pode medir. A
vontade tem poder, mas para que ela se traduza em transformação real da alma, é
necessário tempo e esforço contínuo.
No campo da consciência, não existe outra maneira de alcançar a
paz interior senão pelo exercício do bem comum. A energia mental desarmonizada,
quando mantida em padrões inferiores, tende a gerar desequilíbrios que se
manifestam no corpo físico em forma de dores e doenças. Já uma mente educada e
voltada para o amor fortalece todo o organismo e amplia a capacidade de
enfrentar os desafios da vida.
O Evangelho surge como herança para todos os que buscam a
verdade. Quando o coração se encontra cheio de preocupações e tristezas, isso
logo se reflete no semblante. Da mesma forma, um rosto sereno e iluminado
transmite ao próximo esperança, ânimo e fé. É nesse compartilhar de forças
positivas que o homem de bem cumpre seu papel, ajudando aqueles que ainda
sofrem de dores internas.
Por fim, é preciso lembrar que a alegria é um dos maiores
recursos do espírito. Ela não é sinal de fraqueza, mas de atendimento
silencioso a muitas almas que convivem conosco na escala evolutiva. O rosto,
reflexo da alma, mostra de maneira clara o caráter que se forma dentro de cada um.
Por isso, cultivar pensamentos elevados e não desperdiçar energia em ideias
negativas é tarefa essencial para quem deseja crescer e viver em plenitude.
Resumo: Olhos do Iniciado / Pureza Mental / Magnetismo / Energismo Estuante / Ambiente do Bem (Capítulos 16 a 20)
Os olhos do iniciado possuem um poder singular. Ao se cruzarem
com a visão interna, despertam uma sensibilidade elevada, capaz de unir
diferentes planos de percepção. Dessa forma, a alma passa a enxergar duas
faixas de vida ao mesmo tempo, com uma nitidez indescritível, revelando
dimensões que a visão comum não alcança.
Além dessa percepção ampliada, os olhos do iniciado também podem
irradiar magnetismo espiritual. Essa energia, que flui naturalmente, é capaz de
aliviar sofrimentos e até mesmo curar os enfermos. Isso acontece porque a força
nervosa e a força vital do iniciado se harmonizam, transformando-se em um canal
de bênçãos para os que o rodeiam.
No caso de Jesus, esse poder atingia sua plenitude. Sempre que
necessário, todo o corpo trabalhava em perfeita sintonia com o olhar,
irradiando amor e luz. Essa conexão não era fruto do acaso, mas de uma
consciência pura e elevada, preparada para servir plenamente. Na antiguidade,
poucos eram os escolhidos para tamanha iniciação, e apenas alguns chegavam ao
ministério do mestrado.
A pureza mental, aliás, é um dos fundamentos do Cristianismo.
Quando conseguimos manter um campo mental sem manchas, através do esforço
individual e coletivo, damos os primeiros passos nos céus do Cristo. Harmonizar
a mente com o Evangelho é entrar em sintonia com a mente divina, fazendo vibrar
nossa consciência em uníssono com a orquestração cósmica.
Se Mesmer revelou o magnetismo animal e Allan Kardec nos trouxe a clareza do magnetismo espiritual, hoje compreendemos que os bons pensamentos são forças vivas. Eles têm o poder de neutralizar correntes mentais inferiores e fortalecer o sistema nervoso contra o ódio e a vingança. Por isso, começar pensando no bem, falando no bem e escrevendo sobre o bem é abrir um caminho duradouro, que, com o tempo, acompanhará o espírito para sempre.
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