A organização espiritual é fruto
do trabalho realizado pelos Espíritos, para o bom funcionamento de suas
instituições. No mundo espiritual há colônias, como é o caso da do Nosso Lar,
que precisam ser administradas, cuidadas, para que os esforços não se percam ao
longo do caminho.
A Colônia "Nosso Lar", que é
essencialmente de trabalho e realização, divide-se em seis Ministérios,
orientados, cada qual, por doze Ministros. Os quatro primeiros, ou seja, os
Ministérios da Regeneração, do Auxílio, da Comunicação e do Esclarecimento, aproximam-se
das esferas terrestres; os dois últimos, isto é, o da Elevação e o da União
Divina, ligam-se ao plano superior, visto que a cidade espiritual é zona de
transição.
Cada colônia atende a necessidades específicas. A
Colônia "Nosso Lar", situa-se numa zona intermediária de evolução,
pois todos os que ali estão, decorrido longo estágio de serviço e aprendizagem,
voltam a reencarnar para atividades de aperfeiçoamento. Para tal finalidade,
passam de Ministério em Ministério.
“A instituição é eminentemente rigorosa, no que
concerne á ordem e à hierarquia. Nenhuma condição de destaque é concedida aqui,
a título de favor. Em verdade, a lei do descanso é rigorosamente observada,
para que determinados servidores não fiquem mais sobrecarregados que outros; mas
a lei do trabalho é também rigorosamente cumprida. No que concerne ao repouso,
a única exceção é o próprio Governador, que nunca aproveita o que lhe toca,
nesse terreno”.
Dá-se a impressão que só os Espíritos do “bem” são
organizados; os do “mal”, também o são. Eles estudam cada ser humano, cada
instituição, para acharem uma brecha, no sentido de exercerem as suas
influências maléficas. Um exemplo: no capítulo 38 (“Decisões das Trevas”),
de Contos desta e de outra vida, pelo Espírito Irmão X, há o relato
do diálogo entre o ORGANIZADOR DE OBSESSÕES e os seus sequazes, cujo objetivo
era impedir o avanço do Espiritismo. Depois de ouvir dezenas de sugestões, o
vampirizador-mor disse: façamos com que os espíritas se acreditem santos de
carne e osso... “Creio que, desse modo, enquanto estiverem preocupados em
preservar a postura e a máscara dos santos, não disporão de tempo algum para os
interesses do espírito”.
Os trabalhos de Assistência Espiritual, realizados
nas dependências de um Centro Espírita, também devem ser bem organizados. O
Espírito André Luiz, Nos Domínios da
Mediunidade, explica-nos todo o trabalho que os
Espíritos fazem, no que tange à preparação do médium e do ambiente, inclusive,
com ionização e dispersão dos fluidos malsãos.
Como diretores e administradores de um Centro
Espírita, façamos a nossa parte: disponhamos da melhor maneira possível o fluxo
de pessoas, para que não haja tumulto. Além disso, ofereçamos uma estrutura
física bem limpa e asseada.
&&&
— Nossa irmã pertence à organização espiritual de
servidores católicos, dedicados à caridade evangélica. Temos diversas
instituições dessa natureza, em cujos quadros de serviço inúmeras entidades se
preparam gradualmente para o conhecimento superior.
— Sob a direção de autoridades ainda ligadas à
Igreja Católica? — perguntou Hilário, admirado.
— Como não? Todas as escolas religiosas dispõem de
grandes valores na vida espiritual. Como acontece à personalidade humana, as
crenças possuem uma região clara e luminosa e uma outra ainda obscura. Em nossa
alma, a zona lúcida vive alimentada pelos nossos melhores sentimentos, enquanto
que, no mundo sombrio de nossas experiências inferiores, habitam as inclinações
e os impulsos que ainda nos encadeiam à animalidade. Nas religiões, o campo da sublimação
está povoado pelos espíritos generosos e liberais, conscientes de nossa suprema
destinação para o bem, ao passo que, nas linhas escuras da ignorância,
ainda enxameiam as almas pesadas de ódio e egoísmo.
E, sorrindo, o Ministro acentuou:
— Achamo-nos em evolução e cada um de nós respira
no degrau em que se colocou.
— Ela, porém, terá penetrado a verdade com que
fomos surpreendidos, depois da morte? — perguntei, intrigado.
— Cada Inteligência — respondeu o orientador,
enigmático — só recebe da verdade a porção que pode reter.
Silva, no leito, dava inequívocos sinais de enorme
angústia.
Não ignorava que o meu dever de assisti-lo era
trabalho inadiável, todavia o encanto espiritual da religiosa singularmente
arraigada aos hábitos terrestres me excitava de tal maneira a curiosidade que
não pude conter a indagação espontânea.
— Mas essa freira sabe que deixou o mundo, sabe que
desencarnou e prossegue, assim mesmo, como se via antes?
— Sim — confirmou o instrutor imperturbável.
— E estará informada de que a vida se estende a
outras esferas, a outros domínios e a outros mundos? Perceberá que o céu ou o
inferno começam de nós mesmos?
O orientador meneou a cabeça, dando mostras de
negativa e acrescentou:
— Isso não. Ela não oferece a impressão de quem se
libertou do círculo das próprias ideias para caminhar ao encontro das surpresas
de que o Universo transborda. Mentalmente, revela-se adstrita às concepções que
elegeu na Terra, como sendo as mais convenientes à própria felicidade.
— E ninguém a incomoda aqui por viver assim
distante do conhecimento real do caminho?
O orientador assumiu feição mais carinhosamente
paternal para comigo e ajuntou:
— Antes de tudo, deve nossa
irmã merecer-nos a maior veneração pelo bem que pratica e, quanto ao modo de
interpretar a vida, não podemos esquecer que Deus é Nosso Pai. Com a mesma
tolerância, dentro da qual Ele tem esperado por nossa mais elevada compreensão,
aguardará um melhor entendimento de nossa amiga. Cada Espírito tem uma senda
diversa a percorrer, assim como cada mundo tem a rota que lhe é peculiar.
(Capítulo XXXIV — "Em tarefa de socorro", do livro Entre
a Terra e o Céu, pelo Espírito André Luiz)
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