07 julho 2012

Paixão

Paixão — Do grego pathos, sofrer, suportar. Significa o estado "passivo" do ser humano, contraposto aos fenômenos da atividade. Uma das dez categorias de Aristóteles, designa o fato de sofrer a ação de um agente exterior. As paixões podem ser: a) superiores ou racionais (busca do saber, do verdadeiro); ) inferiores ou sensíveis (comida, bebida, sexo). 

paixão é um fenômeno psicológico complexo, onde a sua caracterização é feita por comparação com a inclinação e o sentimento. A inclinação é primitiva e inata, permanente, mais ou menos vaga e geral; o sentimento é também natural. A paixão é um sentimento, mas que se tornou tirânico, egoísta e centrado num único objeto de desejo, deixando o seu possuidor indiferente a tudo que o rodeia. 

A base da paixão é biológica, mas não podemos reduzi-la a uma mecânica fisiológica, pois entram em cena os aspectos psicológicos (temperamento, vontade e imaginação, incluindo a exploração do inconsciente) e sociais (educação recebida, os exemplos, os costumes e o meio frequentado), que ajudam a desenvolver as predisposições hereditárias. As paixões afetam o homem como um todo (orgânico e psicológico). É no psiquismo, contudo, que a influência é mais larga, pois transforma o apaixonado numa espécie de "possesso", a ponto de dizer: "Viver uma paixão é demais", "É coisa de louco". 

Em se tratando de uma comparação entre emoção e paixão, podemos dizer que a emoção é um estado da mesma natureza que o sentimento, porém de maior complexidade, pois é excitada por um complexo ideológico. A paixão, por seu lado, é a reação às emoções, produzidas por causas externas e internas. Inicialmente passiva, torna-se ativa quando espontaneamente a eles adere e passa a cooperar com eles. 

Por falar em paixão, lembremo-nos da Paixão de Cristo. É a narração desde a agonia de Jesus no Getsêmani até à sepultura. É o evento central da história da Salvação e a consumação dos atos salvíficos de Deus. Em linhas gerais, é a conspiração dos sacerdotes, a traição de Judas, a ceia, o processo diante dos sacerdotes e de Pilatos, a crucificação, a sepultura etc. Em seu relato, o apóstolo Marcos quis salientar a eficácia da morte de Jesus, no sentido de libertar o homem do pecado. 

De acordo com a Doutrina Espírita, a paixão, sendo natural, não é má em si mesma. “A paixão está no excesso provocado pela vontade, pois o princípio foi dado ao homem para o bem e as paixões podem conduzi-lo a grandes coisas. O abuso a que ele se entrega é que causa o mal”. Uma paixão se torna perniciosa justamente no momento em ela deixa de ser governada e passa a nos governar. A paixão está no exagero da emoção ou do sentimento. Ela se apresenta como efeito e não como causa. 

O ser humano poderia, pelos seus próprios esforços, vencer as paixões. Falta-lhe, contudo, a vontade. Para vencer a “cristalização progressiva” e o “desencadeamento fulminante”, nada melhor do que a prática da abnegação.

Fonte de Consulta

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995 (perguntas 907 a 912).

ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]

 

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