Paixão — Do grego pathos, sofrer, suportar.
Significa o estado "passivo" do ser humano, contraposto aos fenômenos
da atividade. Uma das dez categorias de Aristóteles, designa o fato de sofrer a
ação de um agente exterior. As paixões podem ser: a) superiores ou racionais
(busca do saber, do verdadeiro); ) inferiores ou sensíveis (comida, bebida,
sexo).
A paixão é
um fenômeno psicológico complexo, onde a sua caracterização é feita por
comparação com a inclinação e o sentimento. A
inclinação é primitiva e inata, permanente, mais ou menos vaga e geral; o
sentimento é também natural. A paixão é um sentimento, mas que se tornou
tirânico, egoísta e centrado num único objeto de desejo, deixando o seu
possuidor indiferente a tudo que o rodeia.
A base da paixão é biológica,
mas não podemos reduzi-la a uma mecânica fisiológica, pois entram em
cena os aspectos psicológicos (temperamento, vontade e
imaginação, incluindo a exploração do inconsciente) e sociais (educação
recebida, os exemplos, os costumes e o meio frequentado), que ajudam a
desenvolver as predisposições hereditárias. As paixões afetam o homem como
um todo (orgânico e psicológico). É no psiquismo, contudo, que a
influência é mais larga, pois transforma o apaixonado numa espécie de
"possesso", a ponto de dizer: "Viver uma paixão é demais",
"É coisa de louco".
Em se tratando de uma comparação
entre emoção e paixão, podemos dizer que a emoção
é um estado da mesma natureza que o sentimento, porém de maior complexidade,
pois é excitada por um complexo ideológico. A paixão, por seu lado, é a reação
às emoções, produzidas por causas externas e internas. Inicialmente passiva,
torna-se ativa quando espontaneamente a eles adere e passa a cooperar com
eles.
Por falar em paixão,
lembremo-nos da Paixão de Cristo. É a narração desde a agonia de
Jesus no Getsêmani até à sepultura. É o evento central da história da Salvação
e a consumação dos atos salvíficos de Deus. Em linhas gerais, é a conspiração
dos sacerdotes, a traição de Judas, a ceia, o processo diante dos sacerdotes e
de Pilatos, a crucificação, a sepultura etc. Em seu relato, o apóstolo Marcos
quis salientar a eficácia da morte de Jesus, no sentido de libertar o homem do
pecado.
De acordo com a Doutrina
Espírita, a paixão, sendo natural, não é má em si mesma. “A
paixão está no excesso provocado pela vontade, pois o princípio foi dado ao
homem para o bem e as paixões podem conduzi-lo a grandes coisas. O abuso a que
ele se entrega é que causa o mal”. Uma paixão se torna perniciosa
justamente no momento em ela deixa de ser governada e passa a nos governar. A
paixão está no exagero da emoção ou do sentimento. Ela se apresenta como efeito
e não como causa.
O ser humano poderia,
pelos seus próprios esforços, vencer as paixões. Falta-lhe, contudo, a vontade.
Para vencer a “cristalização progressiva” e o “desencadeamento fulminante”,
nada melhor do que a prática da abnegação.
Fonte de Consulta
KARDEC, A. O Livro dos
Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995 (perguntas 907 a 912).
ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE
CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]
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