Ontologia é a teoria dos
entes, ramo da metafísica que se interessa pela natureza do ser. “Ente”
representa todas as coisas sobre as quais se pode dizer que são. Nesse caso, a
ontologia é a teoria do ser enquanto tal. Ontoteologia é a
teoria do ser divino. O “onto”, que se refere ao ente (ou ao ser); o “teo”, que
se refere a Deus (ou aos deuses); o “logos”, que se refere ao saber, ou ao
saber enquanto “falar”.
A tarefa da
ontologia é perguntar pelas características básicas que tornam possível dizer
que algo ou um estado de coisas, um evento, é. O problema ontoteológico surge
quando Heidegger questiona esses termos ao verificar que Hegel equipara “Ser”
com “a Ideia Absoluta”. A estrutura “ontoteológica” da metafísica tem de
revelar por que entraram na filosofia Deus e o Ser, e, além disso, por que se
apresentam como “objetos” do “logos”, com o sistema articulado de saberes. (2)
Na história da
filosofia, observamos as dificuldades para se explicar a relação mente-corpo. A
teoria do ser tem sua síntese na filosofia espírita, quando pela revelação e
pela cogitação surge, além do Espírito e da Matéria, o termo
“Perispírito”. Quer dizer, ao se introduzir o conceito de perispírito,
eliminamos a dualidade existente entre mente e corpo. Nós somos um Espírito
(Espírito + perispírito + corpo físico) que, momentaneamente, está habitando um
corpo de carne.
Na ótica
espírita, a ontoteologia pode ser vista da seguinte forma: para Aristóteles, o
Ser é “aquilo que é”. Na Bíblia é Deus quem fala, embora figuradamente, e se
explica: “Eu sou o que é”. Deus é e se afirma na intuição cartesiana de Um Ser
supremo, como se afirma no sentimento intuitivo kardeciano. Na
Filosofia Espírita o conceito de Ser abrange todas as categorias daquilo
que é, concordando portanto com o pensamento filosófico antigo e moderno.
A definição do
Ser supremo está posta na pergunta 1 de O Livro dos Espíritos:
“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”. Em termos
didáticos, dizemos: Deus é a causa primária de todas as coisas. Dele vertem-se
dois princípios: material e espiritual. O principio espiritual individualizado
torna-se espírito; a individualização do principio material dá origem à
matéria. No ser humano, para haver a ligação entre espírito e matéria, há
necessidade de um intermediário, o perispírito.
Os seres têm
essência e essa essência se desenvolve através da evolução: é o princípio
inteligente. No ser humano, essa realidade se apresenta no complexo Espírito,
Perispírito e Matéria. Entre os dois últimos existe ainda o fluido vital.
Toda essa complexidade, entretanto, é simplesmente a expressão pluralista
de um monismo fundamental. A essência é que tudo domina. Ela é a realidade
última. Mas só através da existência conseguimos atingi-la.
Tenhamos em
mente que a essência do Espírito é indestrutível, pois representa a atualização das
potencialidades do princípio inteligente, uma criação de Deus para fins que
ainda desconhecemos.
Fonte de Consulta
(1) CASTRO,
Susana de. Ontologia. Rio de Janeiro: Zahar, 2008 (Filosofia
passo-a-passo, 83)
(2) MORA, J.
Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004.
(3) PIRES, J.
Herculano. Introdução à Filosofia Espírita. São Paulo: Paideia,
1983.
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