Allan Kardec havia assinalado que a
Doutrina Espirita é uma só. Podem existir escolas, mas não seitas. Nem sempre
as ideias que surgem são realmente novas; muitas vezes elas precisam
revestir-se das roupas da modernidade, mas continuam as mesmas ideias, sem nada
modificar o que é essencial.
Não há necessidade de se repetir
textualmente os ensinamentos de Allan Kardec para se dizer espírita. Observe
que muitos citam as obras consideradas básicas do Espiritismo sem as
ter consultado e muitos que as leram não assimilaram o seu espírito, pois
não se encontravam preparados para tal façanha. Uma informação pode ser
memorizada e passada aos outros. É um bom trabalho, mas não quer dizer que o
transmissor tenha absorvido o seu conteúdo doutrinal.
Ao estudarmos a obra de um autor,
precisamos penetrar na essência de seu pensamento, repassando-o aos outros de
forma criativa e pioneira. Em A Gênese, Kardec insistiu no fato de
haver a revelação divina e a revelação humana. Quer dizer, ao lado das
instruções dos Espíritos, havia a necessidade do trabalho de pesquisa (ciência)
do ser humano. Estas são as características do método kardecista que fixa as
distinções entre o Espiritismo e as demais filosofias e religiões na análise
dos fenômenos mediúnicos.
Há necessidade, também, de distinguir as
ideias próprias de Allan Kardec daquelas veiculadas pelos Espíritos. Em A
Gênese, distinguiu o pensamento dos autores espiritualistas e o ensino dos
Espíritos já submetidos à triagem, com a intenção de separar o que era
doutrinário daquilo que poderia vir a ser. Em Obras Póstumas recolheu
os artigos encontrados em seu gabinete, os quais, evidentemente, não
passaram pelo seu crivo final.
O Espírito Deolindo Amorim, no capítulo 8
"Kardec e Jesus", de Convite à Reflexão, diz:
"Constitui uma temeridade descartar a autoria de Kardec de certos textos para concedê-lo aos Espíritos: como ele mesmo asseverou, eram trabalhos iniciais de aplicação dos princípios doutrinários. Por não fazerem esta distinção, muito mal entendido tem sido gerado na doutrina, e alguns chegam dizer que Kardec está ultrapassado, sem especificarem ao menos se, com isto, se referem ao ensinamento dos Espíritos, às lições particulares de Kardec, à sua metodologia, e, o que é pior, em que pontos estaria ultrapassado. (grifo nosso) Kardec não se dispôs a estudar todos os assuntos que a convivência com os espíritos suscitara, e nem teria tempo para realizar tal empreendimento, nem proclamou ter posto um ponto final na Doutrina Espírita".
Todo o esforço doutrinário perderia a
razão se não houvesse as aplicações do Evangelho de Cristo. Em outras palavras,
sem as lições do Evangelho os frutos do Espiritismo não amadureceriam
plenamente.
Fonte de Consulta
SOUZA, Elzio Ferreira de (Psicodigitação e
notas). Convite à Reflexão, pelo Espírito Deolindo Amorim. São
Paulo: Instituto Lachâtre, 2012.
2 comentários:
Pois é, gostaria de mais objetividade nessa bandeira que estão levantando! Se está ultrapassado, digam onde e em que! Criar polêmica vazia, é no minimo, coisa das trevas!
Pois é meu amigo...lembro de uma passagem da vida do Chico Xavier ao qual Emmanuel advertia ao médium que se ele ditasse algo que fosse contrário aos princípios da doutrina que o Chico ouvisse Kardec...e segundo Kardec é preferível rejeitar uma verdade do que aceitar ou publicar dez mentiras...Abraços Fraternos...
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