Liberdade — estado do ser que não sofre
constrangimento, que age conforme a sua vontade, a sua natureza. Em termos
políticos, é a faculdade de fazer o que se queira dentro dos limites do
direito. Escravidão — caracteriza-se pelo fato de reduzir
uma pessoa humana à condição de coisa ou de animal, como propriedade absoluta
de um senhor.
A palavra liberdade presta-se
a muitos significados. Falamos de liberdade política, de liberdade
econômica e de liberdade de consciência. A liberdade em Cuba é diferente da
liberdade nos Estados Unidos. O termo comporta, também, limitações
psicológicas, legais e econômicas. Suponhamos a seguinte situação: ir aos
Estados Unidos. Sentido psicológico: estou disposto a me deslocar para
aquele país? sentido legal: o governo americano permite a
minha estada?; sentido econômico: conseguido o
visto de entrada, tenho recursos financeiros para tal
empreendimento?
Os atos livres praticados pelo
indivíduo podem levá-lo à ampliação ou à limitação de outros atos livres.
Caso escolha deliberadamente o vício, haverá um tolhimento
da vontade, pois esta estará submetida à necessidade de supri-lo,
impedindo a continuidade dos atos livres. A dimensão da moral entra,
aqui, como elemento que vai permitir a continuidade dos atos livres, ou seja, a
aquisição do estado de liberdade.
O estado de liberdade depende do
livre-arbítrio, quer dizer, da capacidade de escolha entre o certo e o
errado. Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, diz-nos que
o livre-arbítrio existe no estado de Espírito, com a escolha
das provas, e no estado corpóreo, com a faculdade de ceder ou
resistir aos arrastamentos a que voluntariamente estamos submetidos. Neste
sentido, o homem não é fatalmente conduzido ao mal: os crimes que comete não
são o resultado de um decreto do destino; será sempre livre para agir como
quiser.
Nas perguntas 829 a 832, o codificador
do Espiritismo tece comentários sobre o problema da escravidão. Relata-nos que
toda a sujeição absoluta de um homem a outro homem é contrária à lei de
Deus mas que desaparecerá com o progresso da humanidade. Afirma-nos,
também, que a desigualdade de aptidões, por ser natural, deve ser utilizada
para elevar e não para embrutecer, ainda mais, o próximo.
A perfeita liberdade do
Espírito far-se-á pela prática dos preceitos evangélicos. Empenhemo-nos,
pois, no estudo e na vivência dos ensinos deixados pelo mestre Jesus.
&&&
Sobre a Escravidão
1. Escravidão no Código de Hamurábi
Se um homem comprou um escravo (a) e
não tiver cumprido seu mês de serviço, se surgir uma reclamação, se for de país
estrangeiro. Para cada caso, há uma dada pena.
2. Escravidão entre os hebreus
Com respeito aos escravos, serão estes
os estatutos: O escravo hebreu deve servir seis anos, ao término dos quais será
liberto. Em se tratando de solteiro, casado, de o escravo vender sua filha...
haverá uma dada recomendação.
3. A escravidão, segundo Aristóteles
A propriedade é parte da casa e a arte
aquisitiva uma parte da administração doméstica. Os instrumentos podem ser
animados e inanimados; no caso, o escravo seria um bem animado.
Natureza e função do escravo: aquele
que por natureza não pertence a si mesmo, senão a outro, sendo homem, esse é
naturalmente escravo; é coisa de outro, aquele homem que, a despeito da sua
condição de homem, é uma propriedade e uma propriedade sendo, de outra, apenas
instrumento de ação, bem distinta do proprietário.
4. Espártaco e a revolta dos escravos
Tolere contudo a desonra das revoltas
dos escravos; embora o Destino os faça joguete, trata-se afinal de uma espécie
de homens de segunda categoria, dos quais podemos dispor por causa de nossa
liberdade.
Extraído de PINSKY, Jaime. 100 Textos de História Antiga. São Paulo: Contexto, 2021.
Ano de 1781 — Obedecendo às ordens do comandante, a tripulação do navio Zong atira ao mar 183 escravos africanos doentes; o seguro não cobria mortes por doença, mas garantia a cobertura em casos de afogamento; o incidente deu ímpeto à causa abolicionista (Crofton, Ian. 50 ideias de história do mundo que você precisa conhecer / Ian Crofton; [tradução Elvira Serapicos]. — 1. ed. — São Paulo: Planeta, 2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário