07 fevereiro 2022

Liberdade, Escravidão e Espiritismo

Liberdade — estado do ser que não sofre constrangimento, que age conforme a sua vontade, a sua natureza. Em termos políticos, é a faculdade de fazer o que se queira dentro dos limites do direito. Escravidão — caracteriza-se pelo fato de reduzir uma pessoa humana à condição de coisa ou de animal, como propriedade absoluta de um senhor.

A palavra liberdade presta-se a muitos significados. Falamos de liberdade política, de liberdade econômica e de liberdade de consciência. A liberdade em Cuba é diferente da liberdade nos Estados Unidos. O termo comporta, também, limitações psicológicas, legais e econômicas. Suponhamos a seguinte situação: ir aos Estados Unidos. Sentido psicológico: estou disposto a me deslocar para aquele país? sentido legal: o governo americano permite a minha estada?;  sentido  econômico: conseguido  o visto de entrada, tenho recursos  financeiros  para tal empreendimento?

Os atos livres praticados pelo indivíduo podem levá-lo à ampliação ou à limitação de outros atos livres. Caso escolha deliberadamente o vício, haverá um tolhimento da vontade, pois esta estará submetida à necessidade de supri-lo, impedindo a continuidade dos atos livres. A dimensão da moral entra, aqui, como elemento que vai permitir a continuidade dos atos livres, ou seja, a aquisição do estado de liberdade.

O estado de liberdade depende do livre-arbítrio, quer dizer, da capacidade de escolha entre o certo e o errado.  Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, diz-nos que o livre-arbítrio existe no estado de Espírito, com a escolha das provas, e no estado corpóreo, com a faculdade de ceder ou resistir aos arrastamentos a que voluntariamente estamos submetidos. Neste sentido, o homem não é fatalmente conduzido ao mal: os crimes que comete não são o resultado de um decreto do destino; será sempre livre para agir como quiser.

Nas perguntas 829 a 832, o codificador do Espiritismo tece comentários sobre o problema da escravidão. Relata-nos que toda a sujeição absoluta de um homem a outro homem é contrária à lei de Deus mas que desaparecerá com o progresso da humanidade. Afirma-nos, também, que a desigualdade de aptidões, por ser natural, deve ser utilizada para elevar e não para embrutecer, ainda mais, o próximo.

A perfeita liberdade do Espírito far-se-á pela prática dos preceitos evangélicos. Empenhemo-nos, pois, no estudo e na vivência dos ensinos deixados pelo mestre Jesus.

&&&

Sobre a Escravidão

1. Escravidão no Código de Hamurábi

Se um homem comprou um escravo (a) e não tiver cumprido seu mês de serviço, se surgir uma reclamação, se for de país estrangeiro. Para cada caso, há uma dada pena.

2. Escravidão entre os hebreus

Com respeito aos escravos, serão estes os estatutos: O escravo hebreu deve servir seis anos, ao término dos quais será liberto. Em se tratando de solteiro, casado, de o escravo vender sua filha... haverá uma dada recomendação.

3. A escravidão, segundo Aristóteles

A propriedade é parte da casa e a arte aquisitiva uma parte da administração doméstica. Os instrumentos podem ser animados e inanimados; no caso, o escravo seria um bem animado.

Natureza e função do escravo: aquele que por natureza não pertence a si mesmo, senão a outro, sendo homem, esse é naturalmente escravo; é coisa de outro, aquele homem que, a despeito da sua condição de homem, é uma propriedade e uma propriedade sendo, de outra, apenas instrumento de ação, bem distinta do proprietário.

4. Espártaco e a revolta dos escravos

Tolere contudo a desonra das revoltas dos escravos; embora o Destino os faça joguete, trata-se afinal de uma espécie de homens de segunda categoria, dos quais podemos dispor por causa de nossa liberdade.

Extraído de PINSKY, Jaime. 100 Textos de História Antiga. São Paulo: Contexto, 2021.

&&&

Ano de 1781 — Obedecendo às ordens do comandante, a tripulação do navio Zong atira ao mar 183 escravos africanos doentes; o seguro não cobria mortes por doença, mas garantia a cobertura em casos de afogamento; o incidente deu ímpeto à causa abolicionista (Crofton, Ian. 50 ideias de história do mundo que você precisa conhecer / Ian Crofton; [tradução Elvira Serapicos]. — 1. ed. — São Paulo: Planeta, 2016.

 

 


Nenhum comentário: