Título: Enciclopédia do Sobrenatural: Magia, Ocultismo, Esoterismo, Parapsicologia
Autor: Ricardo Cavendish
CAVENDISH, Ricardo (org.). Enciclopédia do Sobrenatural: Magia, Ocultismo, Esoterismo, Parapsicologia. Consultor especial sobre Parapsicologia Professor J. B. Rhine. Tradução de Alda Porto e Marcos Santarrita. Porto Alegre: L&PM, 1993.
Prefácio
As enciclopédias, em geral, destinam-se a informar aos leitores o que se conhece dos assuntos abordados, com o que um consenso de opinião abalizada afirma ser a provável verdade sobre tais assuntos. Mais do que nas enciclopédias convencionais, nos preocupamos necessariamente com a especulação e a comunicação da especulação.
Introdução
Como Enfrentar um Mistério
J. B. Rhine
Causará alguma estranheza o fato de alguém que passou, como eu,
cinquenta anos no ensino e na pesquisa científicos, participar de boa vontade
como consultor sobre a parte desta enciclopédia relacionada ao seu campo? Pedi,
porém, espaço para explicar alguns prós e contras.
Duas etapas importantes
Se você fosse investigar um desses mistérios — astrologia,
mediunidade quiromancia, ou o que for — e quisesse minha opinião, eu lhe
pediria que pensasse no empreendimento em duas etapas importantes. A primeira
seria fazer tantos planos e preparativos prévios quanto possível para seu tema
especial. A segunda seria a pesquisa de fato.
Disposição para o inconveniente
Quem planeja explorar um desses temas (seja apenas para estudar
o que se conhece, ou para dar uma contribuição) deve estar extraordinariamente
certo do que quer — ou seja, da firmeza com que decidiu fazê-lo e por quê.
Muita gente, incluindo seus "melhores amigos", talvez o julgue tolo e
tente dissuadi-lo da empresa. Deve ajudar de algum modo os dois lados e
discutir todas as diferenças de opinião sobre as questões, e se lucrará fazendo
e pedindo todas as concessões razoáveis.
Preparação intelectual
Mas tínhamos estudado o campo no qual entrávamos: o risco era,
pelo menos, conhecido. Também o caminho que nos propúnhamos seguir fora
desbravado por muitos estudiosos que passamos a respeitar. Quando examinamos,
com todo cuidado, o terreno para enfrentar o desafio da parapsicologia, fomos
muito fortemente influenciados por Body
and Mind, de William McDougall,
um livro que retratava de forma brilhante o papel chave da parapsicologia na
compreensão da natureza humana, como faria The Existence of Mind, de John Beloff, numa época posterior.
Considerações do status
Talvez surpreenda saber que a maioria dos mais revolucionários
acontecimentos na ciência se deu fora das universidades, sem ajuda financeira
e, durante muito tempo, sem reconhecimento.
Riscos e salvaguardas
Se você tem a mente independente e planeja identificar-se com um desses temas inexplicados, não deve esperar a aprovação de ninguém. O mesmo se aplica quando se deseja, como eu fiz com a parapsicologia, dedicar suas principais energias à exploração desses temas, fazer disso uma carreira. Deve-se saber que a maioria dos tópicos é arriscada, e que a pressa e a crédula aceitação de alguns deles podem distorcer a perspectiva que se tem da vida, e pôr em sério risco uma carreira.
Aparições
O termo "aparição", como "fantasma", do
qual é praticamente sinônimo, é usado popularmente há séculos, mas nunca com um
sentido específico estritamente definido claro e precisamente. Uma definição de
um dicionário apenas descritivo concentra-se em fases como "material aparência
de fantasma" e "parece real e é geralmente repentina e
assustadora", mas não faz qualquer alusão à causa ou ao significado das
"aparições" desse tipo. Contudo, o termo normalmente se refere à
"aparência imaterial" de uma figura humana que, se identificável, é a
de alguém falecido.
As aparições não são vistas por todo mundo. Só indivíduos, de
vez em quando comunicam uma experiência dessa. Em geral, ocorre quando a pessoa
está só, embora casos em que mais de uma parece ter tido a mesma impressão ao
mesmo tempo tenham sido comunicados com frequência suficiente para exigir uma
explicação. De qualquer modo, porém, a experiência com aparição é transitória e
não há muita probabilidade de que se repita. Consequentemente, a ocorrência não
verificável com facilidade, e a sua comunicação corre o risco de provocar
ceticismo ou descrença na maioria dos ouvintes.
Relatos de aparições, apesar do grande ceticismo em torno
deles, adquiriram certa importância tanto na crença popular quanto na história
da religião. O fantasma de Banquo e do pai de Hamlet, embora criações
literárias, basearam-se numa ideia comum e aceita na época, a ideia de que asa
aparições eram os espíritos de pessoas mortas, que de algum modo se
manifestavam de forma visual. Às vezes a aparição surgia como se simplesmente
trouxesse uma mensagem para o observador vivo apenas com o propósito de
mostrar-se (afirmando-lhe assim a sobrevivência do espírito). Outras vezes,
trazia uma mensagem ou aviso mais específico, como os dos fantasmas de
Shakespeare.
Aparições também desempenham um papel na religião, embora as
experiências mais particulares alegadas nesse campo venham na maioria das vezes
sob o nome de "visão" do que de "aparição" ou
"fantasma".
Hoje, porém, a interpretação simples e direta das aparições
como manifestações de pessoas mortas está fora de moda. Aprendeu-se demais com
a parapsicologia experimental para que ela continuasse se sustentando.
As aparições que se manifestavam a pessoas saudáveis eram
mediúnicas nesse sentido. Eram inexplicáveis pelas leis comuns, mas ainda reais
e significativas. Por isso, pareciam misteriosas, até mesmo sobrenaturais.
Aparições com experiência Psi Espontâneas
As experiências psi espontâneas, das quais as aparições
pareciam outra, constituir uma parte maior do que hoje, são tão antigos quanto
a história.
Em fins do século XIX e início do XX, surgiu o método
experimental na ciência, indicando que experiências adequadamente controladas
podiam mostrar se era verdade que a mente tinha meios de obter informações de
alguma maneira ainda desconhecida, como sugeriram as experiências psi. As
experiências que testaram pela primeira vez essa ideia foram feitas no campo
hoje conhecido como parapsicologia.
Primeiros estudos de aparições
As experiências psíquicas, aparicionais ou outras, jamais foram
cotejadas e estudadas de um modo realmente abrangente antes da descoberta da
capacidade psi. Na verdade, não se poderia esperar esse tipo de estudo antes
que se estabelecesse o abrangente conceito de psi (clarividência,
pré-conhecimento, telepatia e PK), para servir de linha mestra. Marcas
decisivas entre os primeiros estudos de experiências psi espontâneas foram as
realizadas pela Sociedade de Pesquisa Psíquica (Society for Psychical Research
— S. P. R.) de Londres, e o posterior estudo de aparições feito por G. N. M.
Tyrell, na Inglaterra. Um dos motivos da fundação, em 1882, da S. P. R. de
Londres, foi o interesse em estudar comunicados de experiências com aparições.
Um projeto de três dos fundadores, Edmund Gurnsy, F. W. H. Myers e Frank
Podmore, de recolher versões dessas experiências, foi um dos inicialmente
realizados. Esses estudos resultaram, em 1886, no Fantasmas dos Vivos. O objetivo básico da pesquisa era avaliar o
verdadeiro significado e peso dessas experiências na questão da vida após a
morte, a questão da sobrevivência. Segundo seus relatos, as aparições seriam
casos em que o espírito de uma pessoa morta parecia comunicar-se com uma viva.
Portanto, forneciam um suposto indício de sobrevivência. Fossem o que pareciam
ser, representavam uma experiência de comunicação entre as duas, mas,
evidentemente, sem meios sensoriais. Essa comunicação seria telepatia.
A telepatia, contudo, era questão controvertida. Assim, a ideia geral da experiência aparicional, nessa época, era a de que o espírito de uma pessoa morta sobrevivera e podia tornar-se visível para os vivos.
Astrologia
A astrologia tem sido vagamente definida como "o estudo
das verdadeiras ou supostas relações entre o céu e a terra". É uma das
atividades e interesses humanos mais antigos e generalizados.
De um lado, um público enorme acompanha o horóscopo diário nos
jornais, e acredita que a astrologia é um sistema mais ou menos válido de
previsão do destino. Por outro lado, um compacto conjunto de céticos, que
inclui o "público educado" acha a astrologia infundada.
Mas um estudo de astrologia logo mostra que ela é mais complexa
do que os crentes ou os céticos podem admitir. A astrologia que ocupa o espaço
no jornal diário pouca relação tem com a sofisticada e simbólica que atraiu
tantas das maiores mentes do passado. Homens como Platão, Pitágoras, São Tomás
de Aquino e Johan Kepler aceitaram a astrologia não como um meio de prever o
futuro, mas como uma planta básica e simbólica da estrutura de funcionamento do
universo que satisfazia a sua experiência interior. É interessante que nos
últimos anos a moderna ciência física tenha descoberto muitas relações e
correlações entre o que acontece no céu e na terra: relações que uma geração
anterior de autoridades teria decididamente declarado impossíveis.
Princípios fundamentais da astrologia. Fundamental para a astrologia é a hipótese de que o universo
não é acidental; é uma manifestação da Vontade Divina, ordenada e coerente, e
por isso passível de interpretação. A astrologia sempre foi considerada uma
chave para essa interpretação.
O raciocínio por trás do método astrológico é mais analógico
que lógico, e talvez seja mais bem e mais comumente expresso no ditado:
"Assim na terra como no céu". O universo é concebido como um todo
inter-relacionado, um imenso organismo espiritual em que cada parte se
relaciona com todas as outras. O sistema solar, na astrologia, não é um sistema
aglomerado causal de matéria estelar, mas um cosmos sensível e organizado, cuja
atuação está inextricavelmente entrelaçada com a da terra, a do homem e a de
todas as coisas a ele relacionadas na terra.
Por mais antiquada que pareça essa forma de pensamento
hierárquico, é o foco, mais do que a forma, o responsável por isso. O
patologista que, vendo a prova de um fluxo excessivo de adrenalina, conclui que
o paciente ausente está furioso ou perturbado, atua de maneira semelhante ao
astrólogo de uma criança ausente, nascia com o planeta Marte na constelação de
Escorpião e com "aspectos" desfavoráveis, conclui que esse indivíduo
tenderá a ser violento, sensível e dominador, sujeito a fluxos excessivos de
adrenalina. Talvez a diferença principal esteja na facilidade com que o
patologista pode testar e controlar suas conclusões e na extrema dificuldade de
o astrólogo fazer o mesmo.
Os críticos da astrologia acreditam que os antigos sacerdotes e
astrólogos chegaram a essas características através de falso empirismo e
falaciosa imaginação, e as consideraram infundadas. As características das
constelações e dos planetas derivam de processos numéricos, e dependem do
significado supostamente inerente ao número — um tipo de pensamento em geral
associado a Pitágoras.
O número um, em todos os sistemas filosóficos e religiosos
desenvolvidos, representa a unidade, ou o Absoluto. A cisão, a polaridade, é
representada pelo número 2, e conhecida como homem-mulher, ativo-passivo,
positivo-negativo. Mas a polaridade é fundamentalmente estática, uma tensão de
forças opostas. Para que qualquer coisa "aconteça", tem de ser
possível a interação ou relacionamento. O número três representa essa
possibilidade. Homem-mulher não é uma relação, mas homem-mulher-desejo, sim. O
artista e a tela não bastam para produzir um quadro, tem de haver um terceiro
elemento: a inspiração.
Mas uma relação de três elementos continua sendo potencial;
três termos não bastam para justificar o fato da matéria, ou da substância.
Cloro-sódio-afinidade ainda não é sal. Para justificar o sal exigem-se quatro
elementos, cloro, sódio, afinidade, e depois o próprio sal. Assim, o
significado do número quatro é substancialidade ou matéria, e é isso que está
por trás da antiga noção dos quatro elementos. Eles representam os princípios componentes
da matéria, não sua química.
Através dos números, todas as funções, processos e qualidades
que experimentamos no mundo físico podem ser explicados. Exige-se um sistema de
doze termos, e é esse sistema de doze termos que está na raiz da astrologia
ocidental, com seu zodíaco de doze signos.
Na astrologia, distingue-se primeiro os signos pelas
polaridades. Áries é positivo, Touro é negativo, e assim por diante.
O zodíaco pode ser visto como um mapa no qual interagem todas
as forças do mundo. E é esse método sistemático simbólico que está por trás das
generalizações simplórias dos jornais. Áries é "esquentado e impulsivo"
porque, como primeiro signo do zodíaco, é positivo, cardinal, fogo. E Peixes
"recluso, místico, receptivo" porque, como último signo, é negativo,
mutável, água.
Horóscopo. O horóscopo, ou
"mapa da hora", é o principal auxiliar operacional do astrólogo. É
uma representação simbólica do zodíaco de doze constelações, contendo em si
todas as possibilidades.
Tipos de astrologia. A astrologia que se dedica à análise do caráter e à previsão
do futuro do indivíduo com base no horóscopo é chamada de astrologia natal ou
genética.
A astrologia mundial preocupa-se com fenômenos em grande escala
— guerras, cataclismos naturais, os anos de fartura e de escassez, tendências
psicológicas e políticas a longo prazo.
O terceiro tipo de astrologia, a astrologia horária, baseia-se
na teoria análoga de que o horóscopo de qualquer dado momento determina o
significado desse momento, não apenas no que se refere ao nascimento de uma
criança, mas a qualquer coisa que tenha "nascido".
Automatismos
Escrita automática, arte
automática e outras manifestações semelhantes são qualificadas pela psicologia
como automatismos motores. Automatismo é um tipo de comportamento em que a
consciência é limitada. Durante a escrita automática, por exemplo, quem escreve
não sabe conscientemente o que escreve: isso é descrito como “dissociação” ,
que significa que há certa separação temporária entre a parte da personalidade
empenhada no processo de escrever e o estado normal do indivíduo.
Consciência
(Estados Especiais da)
A consciência, comum a
todos os seres humanos saudáveis (e provavelmente em certa medida, a uma gama
muito mais ampla de espécies vivas), continua sendo um total mistério para os
cientistas. Embora conhecida e facilmente manipulada, sua verdadeira natureza
permanece inexplicada. A consciência a varia muito em grau de intensidade,
descendo até a completa inconsciência.
Um fator mental conhecido que afeta a consciência é a concentração. A intensa preocupação com uma determinada coisa pode tornar alguém insensível a todas as outras (por exemplo, um homem empenhado numa luta pode nem perceber um dos golpes que recebeu.
Hipnose
O estado e o status do hipnotismo têm sido temas de calorosos
debates há dois séculos. Em vista das imensas possibilidades para compreender a
mente e aliviar o sofrimento humano que o estudo da hipnose pode oferecer, ela
tem atraído demasiado pouca atenção científica. Isso se deve em parte à sua
história acidentada, e em parte, à associação que a palavra
"hipnotismo" tende a evocar com os aspectos mais escusos do
charlatanismo no ocultismo. O hipnotismo sem dúvida existe, e a prática pode
ser usada para provocar efeitos benéficos, mas até mesmo o estado hipnótico é
difícil de definir. Estar hipnotizado não significa estar dormindo, em TRANSE,
nem necessariamente em qualquer outra condição que não a disposição de aceitar sugestão.
A história do hipnotismo começa com Franz Anton Mesmer
(c.1734-1815), que começou sua carreira como curandeiro estudando medicina na
Universidade de Viena em 1765. Mesmer passou nas provas com louvor, mas o
título de sua tese remontava à medicina de uma época anterior. Chamava-se De influxu planetarium in corpus humanum, "Da Influência dos Planetas no Corpo
Humano", e mesmo Mesmer compreendeu que isso lhe taria acusações de
reviver a moribunda arte da Astrologia. Mas seu interesse era pelas forças
físicas do universo, correntes reais, embora intangíveis, que ele imaginava que
podiam impregnar o espaço e exercer uma imperceptível influência no corpo
humano. Durante alguns anos suas ideias permaneceram dormentes, até que, em
1774, ele ouviu falar das experiências feitas por um padre Jesuíta Maximilian
Hell, um dos astrólogos da Imperatriz Maria Thereza, que fazia surpreendente
sucesso curando os pacientes com a aplicação de ímãs no corpo. Era um
tratamento que derivava do mago e médico místico Paracelso, do século XVII.
Paracelso apegava-se a uma teoria comum entre os magos e estudiosos do final do
Renascimento, que oscilavam nervosamente entre as exigências feitas pela
revivescência contemporânea da magia e a busca simultânea de uma ciência de
observação e experiência. É conhecido como a teoria da CORRESPONDÊNCIA, ou
"simpatias", e postula que hoje nos pareceriam nada a ter a ver com
as outras: uma forma comum de "medicina de simpatia" era a aplicação
em partes do corpo de pedras preciosas que se acreditava tivessem uma ligação
benéfica com o órgão doente.
Karma
O termo karma vem
de uma palavra em sânscrito e que significa “ação” ou “feito”. Na filosofia
hindu e budista, é o princípio de causalidade universal, que afirma que toda
ação é causada por uma ação anterior, e por sua vez provoca ações posteriores.
Tudo isso acontece agora porque alguma coisa foi feita antes. Conceitos como
oportunidade e sorte são incompatíveis com o karma, pois tudo é determinado
pela inflexível lei de causa e efeito
As ações tem ligações com
outras vidas. O bem e o mal que acontecem ao homem são o que ele mereceu por
feitos anteriores; suas ações constituem os elos na corrente que o agrilhoa à
roda do samsara, o ciclo sempre repetido de
nascimento-morte-renascimento.
Algumas vezes se fala de
karma como uma mácula, que a alma adquiriu na Terra, uma mácula que tem de ser
erradicada por feitos contrabalanceantes na região terrena.
A doutrina do karma foi
submetida a muitas interpretações para tentar definir a natureza precisa de uma
ação. Nesse caso, dividiu-a em três partes: o motivo da ação, a própria ação, e
as consequências da ação.
Os que enfatizam o motivo da ação como portador de mácula do karma sugerem que, já que o motivo é concebido na mente, a ação está como que realizada, seja realizada ou não. Segundo essa opinião, são os motivos que determinam o karma. Outros acentuam a verdadeira execução da ação, sejam quais forem seus motivos ou consequências. A terceira e última opinião é a de que as consequências determinam a ação e todas ações têm que ser julgadas por seus frutos.
Mesa Ouija, Planchette
Aparelhos de escrita
automática. Sua forma mais simples é um círculo de letras numa mesa, com um
copo emborcado no centro, sobre o qual um ou mais participantes repousam a
ponta dos dedos. O copo move-se de letra em letra, muitas vezes soletrando uma
linguagem inarticulada, mas, às vezes, palavras e frases. A mesa ouija (“ouijá”
combina as palavras francesa e alemã para “olhos”) é uma peça lisa de madeira
polida, com as letras do alfabeto escrita em forma de meia-lua num dos lados.
Em cima disso há uma prancha em forma de de coração montada sobre rodízios, que
desliza à sua volta quando os participantes põem as pontas dos dedos nele e
mais uma vez soletram palavras e frases. A planchette tem
um lápis amarrado a um ponteiro em forma de coração, que escreve numa folha de
papel, colocada sobre a mesa maior embaixo. No século XIX, supôs-se muitas
vezes que as “mensagens” comunicadas através desses aparelhos tinham de vir dos
mortos, e muito da agitação contra o uso da mesa ouija nos últimos anos parece
vir de um medo profundamente enraizado de que elas coloquem os participantes em
perigo, ao terem contato com as forças dos mortos ou do mal.
Isso pode acontecer, mas a tendência hoje é acreditar que a maioria das manifestações venham do próprio inconsciente dos participantes. Rosalind Heywood observou que “há sugestões que não podem ser ignoradas, de que o material que surge através desses aparelhos não vêm sempre do inconsciente de qualquer um dos participantes; de vez em quando, parece dever-se a alguém tipo desconhecido de contato com acontecimentos distantes, ou com o pensamento de pessoas distantes”.
Numerologia
Em seu nível popular, a numerologia é um método divertido e
relativamente simples de analisar o caráter e prever o futuro, pelo menos em
termos amplos e vagos. Num nível mais profundo, alega-se que é uma das grandes
chaves para a compreensão da verdadeira natureza do universo, e desempenha um
papel importante na magia e no ocultismo. Como outros sistemas de adivinhação,
descobre ordem e regularidade por trás da desnorteante multiplicidade de
fenômenos e do caos de acontecimentos e influências que enfrentamos no mundo
exterior a nós e dentro de nós mesmos. Os números dão uma boa base para esse
sistema por serem eles próprios infinitamente numerosos e variados —
correspondendo aos fenômenos do universo — e no entanto também lógicos e
ordenadamente sujeitos a regras, proporcionando uma estrutura sob o aparente
caos. A numerologia ocidental, na verdade, baseia-se no princípio pitagórico de
que a realidade é matemática, e de que no final tudo é número. Isso quer dizer
que o destino e o caráter de todas as pessoas podem ser expressos em números,
um dos dois princípios fundamentais em que se baseia a numerologia popular. O
outro é o antigo princípio mágico de que o nome de uma pessoa (ou de qualquer
coisa) contém sua realidade essencial.
Os números e a personalidade. Diz-se que as pessoas cuja soma dos números é um têm
personalidades poderosas e dominadoras, inflexíveis, obstinadas, de propósitos
firmes e marcha indesviável. Altamente individualistas e centradas em si
mesmas, afirmativas e autoconfiantes, dão líderes e comandantes criativos, mas
difíceis subordinados.
Em compensação aqueles cujos nomes somam dois são
mais seguidores que líderes, mais passivos que ativos.
Três é um número extremamente
afortunado, implicando energia criativa, inteligência, vivacidade,
versatilidade.
Quatro, fracasso, pobreza.
Cinco, nervoso, muito tenso,
aventureiro.
Seis é o número do equilíbrio.
Sete é o número das
pessoas que estão a um passo da correria do mundo cotidiano.
Oito é o número do
envolvimento universal.
Nove é o número das grandes
realizações mentais e espirituais.
O universo em vibração. Os numerologistas tendem a explicar sua arte em termos da ideia atualmente popular das "vibrações". "Vivemos num universo de vibrações, e cada pessoa que vem a este mundo tem uma vibração peculiar ao individual, distinta dos demais". "A numerologia é simplesmente um estudo ampliado da vibração", e os números de 1 a 9 "formam um ciclo completo de vibração".
Poltergeists
A palavra poltergeist é alemã e significa espírito (Geist)
ruidoso ou chocalhante (poltein). Alguns dos primeiros casos registrados são de
fato alemães. Em 858, perto da cidade de Birgen sobre o Reno, comunicaram-se
quedas de pedras , ruídos altos e pancadas. Acreditava-se que os fenômenos eram
causados por espíritos. Qualquer que fosse a causa, era imune ao exorcismo.
Outro caso foi em 1848 (atirando torrões e rasgando roupas).
As perturbações do poltergeist ocorrem normalmente na vizinhança de uma
determinada pessoa, muitas vezes um menino ou menina na puberdade ou na
adolescência. Distinguem-se das assombrações. Afinal a palavra assombração (haunt em
inglês) deriva da mesma raiz de "casa" (home em
inglês), e refere-se à crença de que o espírito de uma pessoa morta permaneceu
em seu habitat terrestre, ou a ele retornou. Em geral, as assombrações não
parecem depender de qualquer pessoa viva em particular, mas relacionam-se com
uma localização especial, como uma "casa mal-assombrada".
Nos casos de poltergeist, há muitas vezes movimentos diários e
destruição de pratos, quinquilharias, móveis e outros artigos domésticos
movíveis. São mais raros que as assombrações. Assombração dura mais tempo. Poltergeist tem duração curta (máximo dois meses).
Pelo fato de os incidentes de poltergeist normalmente ocorrerem na estreita proximidade de uma pessoa viva, os parapsicólogos tendem a vê-los como manifestações de psicocinese, ou PK. E por serem recorrentes e surgirem inesperada e espontaneamente, são comumente chamados de casos da "psicocinese recorrente espontânea".
Possessão
Em muitas sociedades de todo o mundo, loucura, epilepsia,
êxtase religioso, profecia, inspiração poética e artística, frenesi sexual ou
de embriaguez, estados de transe e outros estados físicos e mentais
classificados de excêntricos e fora do comum têm sido explicados em termos da
invasão de personalidade por um poder sobre-humano, um deus, espírito ou
demônio, que se apodera de um ser humano, movimenta seus membros como se ele
fosse uma marionete, fala por sua boca, escreve com sua mão, olha com seus
olhos e pensa com seu cérebro.
Possessão versus obsessão. A distinção entre as duas é que se acredita que a entidade possuidora controla o ser humano de dentro, enquanto a obsessão o atormenta de fora, tentando insistentemente dominar seus pensamentos e influenciar suas ações. Essas entidades não são invariavelmente consideradas más. Ao contrário, o anjo da guarda da tradição consagrada é uma entidade obsessora benévola, e a possessão total e temporária pelo divino é uma das metas supremas do misticismo, cristãos e outros. "Deus se estabelece dentro dessa alma de tal forma", disse Santa Teresa, "que quando ela retorna a si mesma, é-lhe inteiramente impossível duvidar que tenha estado em Deus, e Deus nela". E São João da Cruz disse que no êxtase da união com o divino, "a alma parece ser o próprio Deus... A alma parece ser mais Deus que ela própria, e na verdade é Deus por participação".
Sincronicidade
Sincronicidade é um princípio "a-causal", nas palavras de C. G. Jung, que inventou o termo. Isso significa que a ideia de sincronicidade pode ser usada para relacionar uma série de acontecimentos que parecem relacionados, mas sobre os quais não há prova suficiente para incluí-los numa relação de causa e efeito. A palavra significa "ocorrer ao mesmo tempo".
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