14 julho 2013

Observai os Pássaros do Céu

O ser humano é um ser simbólico por natureza. No símbolo, que muitas vezes se confunde com o mito, há muitas verdades. Para descobri-las, é preciso buscar o fundo da coisa, a origem do processo, observando, inclusive, a época em que aquele conhecimento foi ventilado. Jesus não fugia às regras da sociedade em que vivia: seus conhecimentos eram transmitidos por parábolas, meio de comunicação da época.

“...Observai os pássaros do céu: não semeiam, não ceifam, nada guardam em celeiros; mas, vosso Pai celestial os alimenta. Não sois muito mais do que eles? - e qual, dentre vós, o que pode, com todos os seus esforços, aumentar de um côvado a sua estatura?... Buscai primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, que todas essas coisas vos serão dadas de acréscimo. - Assim, pois, não vos ponhais inquietos pelo dia de amanhã, porquanto o amanhã cuidará de si. A cada dia basta o seu mal". (Mateus, cap. VI, vv. 19 a 21 e 25 a 34.) 

O texto evangélico diz que deveríamos acumular tesouros no céu, pois lá não há vermes para corroer o dinheiro. Em realidade, há uma diferença de planos. No plano terrestre, estamos sujeitos à lei da matéria: devemos atendê-la, suprindo as nossas necessidades de alimentação, vestuário, lazer etc. No plano espiritual, o que se nos pede é que saibamos dar a esses bens um valor menor do que aos bens espirituais. Por isso, acumular tesouros no céu (entendido como aquisição de sabedoria).

“Observai os pássaros do Céu”. É uma forma romântica de enfatizar a confiança na Divina Providência. Às vezes, passamos por dificuldades financeiras, tendo como consequência a falta de alimento, vestuário e moradia. Nesse momento crucial, voltemo-nos ao Criador, solicitando-lhe, através da prece, forças para suportar a nossa provação, para o cumprimento dos seus desígnios, tendo em mente que nada acontece por acaso. Assim sendo, acalmemos o nosso coração e lancemos uma luz na escuridão de nossa alma. Lembremo-nos da frase lapidar: “Pensa em Deus primeiro”.  

Buscar primeiramente e Reino de Deus e tudo o mais virá por acréscimo. O reino de Deus não é um lugar circunscrito, mas "obra divina no coração dos homens", ou seja, a edificação da sabedoria e a conquista do amor, através do trabalho incessante na prática do bem. É o desapego aos bens materiais, o perdão às ofensas dos inimigos, enfim, é a lembrança das Leis Divinas ou Naturais, gravadas por Deus em nossa consciência. Nesse sentido, todo o esforço despendido em auxiliar o próximo, em silenciar uma crítica, em pensar duas vezes antes de querelar com o vizinho assume papel relevante na prática da perfeição. 

O Espírito Emmanuel pede-nos para não nos afligirmos com a prosperidade alheia, pois isso nada mais é do que um sentimento de inveja, egoísmo, característica dos homens impiedosos. Ao contrário, deveríamos confiar de tal maneira no Divino Amigo que, por mais desnudos que estivermos, ainda assim poderemos renovar as nossas atitudes para o bem.

Olhemos as coisas da Terra sob o ponto de vista dos Espíritos superiores. Assimilando-lhes os ensinamentos, estaremos nos capacitando para entrar no reino de Deus, no sentido de que o Divino acabe se identificando com o que seja Divino. 



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