As mensagens espíritas são sugestões, advertências e incentivo dos
benfeitores espirituais, baseadas, a maioria delas, nos ensinamentos de Jesus sobre o perdão, a paciência, a tolerância, a
resignação, entre outras.
A principal serventia das mensagens espíritas é salientar
a mudança de nosso comportamento com relação a nós mesmos, ao próximo e a
toda a sociedade de um modo geral, visto que é do nosso pensamento que saem as
críticas à conduta dos outros.
Em se tratando dos Espíritos que se comunicam, citemos: Emmanuel, André Luiz, Hilário Silva, Batuíra, Meimei, Bezerra de Menezes... Notamos que as mensagens mais veiculadas são as do Emmanuel e André Luiz. Contudo, sempre é válido lembrar que o conteúdo da mensagem é muito mais importante do que o renome do autor propriamente dito.
Há quem reprove as mensagens espíritas, alegando que elas dizem respeito ao consolo e, por isso, não tratam do cerne da Doutrina Espírita. Convém, contudo, notar que os encarnados no Planeta Terra são Espíritos imperfeitos, necessitando, assim, das lembranças constantes para que fiquem longe dos erros do passado.
&&&
Alguns livros interessantes:
Caminho, Verdade e Vida, Fonte Viva, Palavras de Vida Eterna, Pão Nosso, Vinha de Luz, Caminho Espírita, Entre os Irmãos de Outras Terras, Estude e Viva, Ideal Espírita, Jesus no Lar, Justiça Divina, Religião dos Espíritos, Seara dos Médiuns...
Uma Mensagem, extraída do livro Espírito da Verdade, psicografia de F. C. Xavier e Waldo Vieira, pelos Espíritos Diversos, copyright 1961. (Estudos e dissertações em torno da obra “O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO” de Allan Kardec)
52 — Há um Século
Cap. XXV — Item 2
I
Allan Kardec, o Codificador da Doutrina
Espírita, naquela triste manhã de abril de 1860, estava exausto, acabrunhado.
Fazia frio.
Muito embora a consolidação da
Sociedade Espírita de Paris e a promissora venda de livros, escasseava o
dinheiro para a obra gigantesca que os Espíritos Superiores lhe haviam colocado
nas mãos.
A pressão aumentava...
Missivas sarcásticas avolumavam-se à mesa.
Quando mais desalentado se mostrava,
chega a paciente esposa, Madame Rivail — a doce Gaby —, a entregar-lhe certa
encomenda, cuidadosamente apresentada.
II
O professor abriu o embrulho,
encontrando uma carta singela. E leu:
“Sr. Allan Kardec:
Respeitoso abraço.
Com a minha gratidão, remeto-lhe o
livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em
suas tarefas de esclarecimento da Humanidade, pois tenho fortes razões para
isso.
Sou encadernador desde a meninice,
trabalhando em grande casa desta capital.
Há cerca de dois anos casei-me com
aquela que se revelou minha companheira ideal. Nossa vida corria normalmente e
tudo era alegria e esperança, quando, no início deste ano, de modo inesperado,
minha Antoinette partiu desta vida, levada por sorrateira moléstia.
Meu desespero foi indescritível e
julguei-me condenado ao desamparo extremo.
Sem confiança em Deus, sentindo as
necessidades do homem do mundo e vivendo com as dúvidas aflitivas de nosso
século, resolvera seguir o caminho de tantos outros, ante a fatalidade...
A prova da separação vencera-me, e eu
não passava, agora, de trapo humano.
Faltava ao trabalho e meu chefe, reto e
ríspido, ameaçava-me com a dispensa.
Minhas forças fugiam.
Namorara diversas vezes o Sena e acabei
planeando o suicídio. “Seria fácil, não sei nadar” — pensava.
Sucediam-se noites de insônia e dias de
angústia. Em madrugada fria, quando as preocupações e o desânimo me dominaram
mais fortemente, busquei a Ponte Marie.
Olhei em torno, contemplando a
corrente... E, ao fixar a mão direita para atirar-me, toquei um objeto algo
molhado que se deslocou da amurada, caindo-me aos pés.
Surpreendido, distingui um livro que o
orvalho umedecera.
Tomei o volume nas mãos e, procurando a
luz mortiça de poste vizinho, pude ler, logo no frontispício, entre irritado e
curioso:
“Esta obra salvou-me a vida. Leia-a com
atenção e tenha bom proveito. — A. Laurent.”
Estupefato, li a obra — O LIVRO DOS
ESPÍRITOS, ao qual acrescentei breve mensagem, volume esse que passo às suas
mãos abnegadas, autorizando o distinto amigo a fazer dele o que lhe aprouver.”
Ainda constavam da mensagem
agradecimentos finais, a assinatura, a data e o endereço do remetente.
O Codificador desempacotou, então, um
exemplar de O LIVRO DOS ESPÍRITOS ricamente encadernado, em cuja capa viu as
iniciais do seu pseudônimo e na página do frontispício, levemente manchada, leu
com emoção não somente a observação a que o missivista se referira, mas também
outra, em letra firme:
“Salvou-me também. Deus abençoe as
almas que cooperaram em sua publicação. — Joseph Perrier.”
III
Após a leitura da carta providencial, o
Professor Rivail experimentou nova luz a banhá-lo por dentro...
Conchegando o livro ao peito,
raciocinava, não mais em termos de desânimo ou sofrimento, mas sim na pauta de
radiosa esperança.
Era preciso continuar, desculpar as
injúrias, abraçar o sacrifício e desconhecer as pedradas...
Diante de seu espírito turbilhonava o
mundo necessitado de renovação e consolo.
Allan Kardec levantou-se da velha
poltrona, abriu a janela à sua frente, contemplando a via pública, onde
passavam operários e mulheres do povo, crianças e velhinhos...
O notável obreiro da Grande Revelação respirou
a longos haustos e, antes de retomar a caneta para o serviço costumeiro, levou
o lenço aos olhos e limpou uma lágrima...
Hilário Silva