07 março 2022

Apelos de Cristo

“Ninguém salvará um náufrago sem expor-se ao chicote das ondas.” (Espírito Emmanuel, “Ave, Cristo!”)

Todos nós, que estamos encarnados neste mundo de expiações e provas, temos uma missão, uma tarefa definida, pois sem essa perspectiva a vida não teria sentido, já que pelas leis naturais, todos estamos sujeitos à lei de progresso, que é inexorável, quer estejamos encarnados ou desencarnados.

A Terra era, e ainda é, um Planeta inferior, daí a denominação “expiações e provas”. Supõe-se que os Espíritos que nele habitam ainda não alcançaram o status de mundo superior, como nos aponta o livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, na sua classificação dos diversos mundos: primitivos, expiações e provas, regeneradores, felizes, celestes ou divinos. Dessa forma, trabalho não falta para o esforço de evolução do espírito, seja qual for a sua condição.

Nesse sentido, a proposta de uma heroica renunciação, aquela mesma proposta a Quinto Varro no livro Ave, Cristo!, em que precisou reencarnar duas vezes consecutivas para conduzir seu filho Ticiano ao Evangelho de Cristo. A frase do Espírito Emmanuel — “Sem a heroica renunciação dos que se consagram ao progresso e ao aprimoramento das almas, a educação não passará de letra morta” — é bem sugestiva.

Continuando a nossa reflexão sobre os apelos de Cristo, o “ajudar sem exigir resultados”, também merece atenção redobrada. Talvez não percebamos de pronto, mas o trabalho simples e silencioso em prol daqueles que nos odeiam, que nos causam transtornos, que nos tiram fora do sério, é o esmeril que nos aprimora tal qual aquele que modela a esmeralda.

Entre os apelos de Cristo que deveríamos levar em conta, o mais difícil é renunciar à própria personalidade. Achamo-nos os donos da verdade simplesmente porque frequentamos um curso superior. Em consequência, não admitimos que o outro, julgado inferior por nós, nos mostre que estamos em erro. Renunciar à personalidade é colocar-se no último lugar, evitando que o orgulho e o egoísmo falem mais alto.

A evolução não para. Vencido um desafio, outros surgem, porque precisamos ser testados, para reverberar novos valores e novos dons que estavam ocultos, esquecidos. Ao nos levantarmos, todos os dias, agradeçamos a noite bem dormida e peçamos forças para vencer mais uma jornada, visto que “a cada dia basta o seu mal”.

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