11 fevereiro 2023

Ouvir “Vozes” e Morte

No livro A História de Joana d’Arc, ditada por ela mesma, na psicografia de Ermance Dufaux (Médium de Kardec), temos notícia de sua trajetória na França, numa clara oposição à ordem vigente, inclusive com o uso de trajes masculinos e uma armadura de ferro. Neste livro, encontramos muitos detalhes de sua vida e, mais precisamente, todo o processo eclesiástico que culminou com sua morte na fogueira.

Folheando o livro, encontramos uma quantidade excessiva de perguntas, muitas vezes repetidas, em que Joana era intimada a responder sob pena de perjúrio. Muitas dessas perguntas, ela dizia que não tinha permissão de responder; outras que se negava a responder, e assim foi todo o interrogatório. Isso, possivelmente, não tinha nenhuma importância, pois a sua morte já estava decretada antes do julgamento.

O caso de Joana d’Arc é emblemático: a condenação não se deu por suas façanhas bélicas, mas por ouvir “vozes”, e por isso considerada uma feiticeira.  Na história, temos outros exemplos, tais como, quando Sócrates fora condenado a beber cicuta, em virtude de seu daimon, que lhe dizia o que fazer e o que não fazer. A sentença: foi acusado de ateísmo e de corromper os jovens com sua filosofia.  

Lembremo-nos, também, de outros grandes médiuns que tiveram sua vida de martírio: Eusápia Paladino, médium italiana, mulher analfabeta que sacode a cultura europeia, e desperta os sábios para um conhecimento superior; Amália Domingos Soler, médium espanhola, atirada à mendicância, sob sacrifícios atrozes e, mesmo depois de morta, continua caluniada. O próprio Cristo, também, sofreu morte ignominiosa na cruz.

Qual a razão para tamanha perseguição e condenação? A radicalidade da ortodoxia? Ignorância quanto às leis naturais? Parece-nos que o problema principal está na existência de Espíritos e nas suas manifestações, em que alguns estudiosos de religião teimam em negar tal fato. Preferem o termo “manifestações do demônio”, pois estas encaixam-se perfeitamente à narrativa da ortodoxia.

O Espiritismo, codificado por Allan Kardec, traz-nos a compreensão e a consolação, pois nos mostra que mediunidade pertence à natureza, e todos nós, quer queiramos quer não, somos médiuns.

 

 

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