Lei é uma norma ou conjunto de normas ditada
pelo poder público constituinte e tornada obrigatória para manter, numa
comunidade, a ordem e o desenvolvimento. A noção de lei depende da regra ou
da necessidade. Em se tratando da regra, diz respeito à
lei humana, limitada e sujeita a sanções de diversos matizes. Em se tratando
da necessidade, refere-se à lei natural, ou seja, a que não suporta
exceção, sendo uma lei que deriva da natureza das coisas.
De
acordo com Whithead, em Aventura das Ideias, há, pelo menos, quatro
doutrinas concernentes à lei natural: 1) Lei como imanente — a
ordem da natureza expressa os caracteres das coisas reais, as quais,
conjuntamente, compõem as existências encontradas na natureza; 2) Lei
como imposta — uma existência necessita estar relacionada com
outras existências; 3) Lei como ordem observada de sucessões –
basta apenas observar e descrever os padrões de identidade da natureza; 4) Lei
como interpretação convencional — além da descrição, devemos
estudar os fatos e inferir novas leis.
Os Dez
Mandamentos e a lei de Moisés podem oferecer-nos uma clara distinção entre a
Lei Divina e a lei humana. Moisés, grande médium que fora, recebera dos
Espíritos superiores a tábua dos Dez Mandamentos, consubstanciando os
ensinamentos da Lei Divina. De outro modo, como tinha que manter a disciplina
do seu povo, ainda muito primitivo, valeu-se das leis humanas, criadas por ele
mesmo, emprestando-lhe um caráter divino. O “olho por olho e dente por dente” é
um bom exemplo de como o humano pode passar pelo divino.
Se as
leis divinas estão inscritas na consciência dos seres humanos, a sociedade não
poderia ser regida apenas por elas? Poderia, se todos as compreendessem bem. Se
os homens as quisessem praticar, elas bastariam. A sociedade, porém, tem suas
exigências. São-lhe necessárias leis especiais. Em outras palavras, não basta
as leis estarem inscritas, faz-se necessário que elas sejam atualizadas. Quer
dizer, estas leis devem ser lembradas, exercitadas para que façam parte de
nosso passivo espiritual.
Allan
Kardec, na pergunta 795 de O Livro dos Espíritos, diz-nos: “A
civilização criou necessidades novas para o homem, necessidades relativas à
posição social que ele ocupe. Tem-se então que regular, por meio de leis
humanas, os direitos e deveres dessa posição. Mas, influenciado pelas suas
paixões, ele não raro há criado direitos e deveres imaginários, que a lei
natural e que os povos riscam de seus códigos à medida que progridem. A lei
natural é imutável e a mesma para todos; a lei humana é variável e progressiva.
Na infância das sociedades, só esta pode consagrar o direito do mais forte”.
A lei
humana pune, mas é incapaz de alcançar todas as faltas. Pergunta-se: e as
faltas que não são punidas nesta vida? Certamente ficarão para uma próxima
encarnação. Há diversos casos, em que a mídia jornalística informa que as
pessoas foram presas inocentemente. A notícia: depois de muitos anos,
descobriu-se o que o assassino foi outro e não o que está preso. De imediato,
pensamos na injustiça. Como pode acontecer isso? Contudo, se voltarmos a uma
encarnação passada, poderíamos descobrir que lá ficaram pendências, as quais
devem ser sanadas nesta existência, para que a Lei Divina se cumpra.
A Lei
Divina está inscrita em nossa consciência. Consultemo-la mais constantemente, a
fim de evitarmos levar para a outra vida o que deve ser resolvido nesta.
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