O conceito é uma ideia
abstrata sobre algum objeto de estudo. Para os empiristas, são formados a
partir da experiência; para os racionalistas, a razão o produz
independentemente de qualquer ensino empírico. Conceito e concepção
assemelham-se, pois a concepção é uma operação mental em que o
espírito constrói, sem a necessidade de dados experimentais, um conceito ou
ideia geral.
A origem da ideia de Deus está presa à
revelação cristã e ao desenvolvimento puramente natural da evolução do ser
humano. Ela é, porém, anterior à revelação cristã ou muçulmana. Allan Kardec,
por exemplo, explica-nos que a ideia de Deus não é efeito da educação ou
produto de ideia adquirida, mas um sentimento natural do ser humano, pelo fato
de se considerar filho de Deus.
A problematização do conceito de Deus pode
ser visto de quatro modos: 1) Deus como causa do mundo; 2) Deus como ordem
moral (Bem); 3) Deus como divindade; 4) Deus como revelação.
1) Deus como causa do mundo. Deus é
criador e ordenador do mundo. Ele não é só o demiurgo, mas também o autor da
estrutura substancial do próprio mundo. O mundo é continuidade, prolongamento
da vida de Deus. Para o Espiritismo, Deus é a inteligência suprema, causa
primária de todas as coisas.
2) Deus como ordenador da moral. Ele
garante a ordem moral do mundo. Essa ordem apoia-se no conceito de providência,
que os antigos entendiam como “destino”. Disto resulta que, ao criar a ordem,
Deus ajuda a salvar a liberdade do homem. Para o Espiritismo, há as leis
naturais (ou divinas), gravadas na consciência de cada um de nós.
3) Deus como divindade. Divindade
significa a relação de Deus com ele mesmo. Para identificá-la ou distingui-la,
valemo-nos dos conceitos de monoteísmo e politeísmo.
No politeísmo há uma hierarquia de deuses, de modo que não há
uma identidade entre Deus e Divindade. No monoteísmo, a divindade é
possuída só por Deus. Nesse caso, Deus e divindade coincidem.
4) Deus como revelação. É a maneira como se dá o acesso do homem a Deus. Há dois modos clássicos: 1) pela razão; 2) pela fé (revelação). Essa duas iniciativas podem ser combinadas, ou seja, reconhecer o esforço natural do homem de conhecer Deus. Essa terceira via fundamenta a própria revelação espírita, pois esta afirma que a revelação é de inspiração divina, mas também fruto do trabalho de pesquisa do ser humano.
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