De acordo
com o dicionário, podemos dizer que o silêncio é a ausência de qualquer ruído,
um estado de sossego, de repouso. Para a filosofia, porém, o silêncio não
se confunde com ausência de qualquer ruído; ele representa apenas a abolição da
palavra ou da linguagem. Em termos metafísicos, a experiência do silêncio gera
uma angústia existencial: "O silêncio eterno dos espaços infinitos me
apavora", diz Pascal. Há, também, a experiência mística, que liga o
silêncio à oração, à meditação, ao ascetismo e à solidão.
O
silêncio segundo alguns pensadores. Para Confúcio, “O silêncio é um amigo que
nunca atraiçoa”; para Thomas Browne, “Não penses que o silêncio é a sabedoria
dos tolos. Pelo contrário, no devido tempo e no devido lugar, é a honra dos
sábios, que não possuem a fraqueza, senão a vontade de calar”; para Alejandro
Casona, “Não falar nunca de uma coisa não quer dizer que não se sinta”; para
Marcel Arnac, “Saber falar é bom; saber calar é melhor. Quantos cretinos
passaram por pessoas inteligentes, simplesmente porque, tendo sabido calar,
pensaram as mesmas cretinices que os outros pensaram, mas não as disseram”.
O
silêncio é uma atitude fundamental do ser humano, que apresenta aspecto
negativo e positivo. Em termos negativos, alude-se à passividade, ao isolamento
e à incomunicabilidade. Positivamente, é o momento de reflexão da palavra, da
meditação, da assimilação daquilo que foi dito. Sem o silêncio o indivíduo
ficaria muito restrito às comunicações verbais sem os fundamentos da
profundidade. Ouviria e passaria sem que pudesse ter um peso na evolução do ser
humano.
Na Bíblia, há várias passagens acerca do silêncio, tanto no
sentido negativo quanto no sentido positivo. A loquacidade, por exemplo, é
condenada pela sua leviandade. O domínio da língua, por outro lado, é sinal de
autodomínio. Em certo trecho dos Provérbios, “A língua assemelha-se ao timão de
um navio, que é preciso dirigir e controlar”. “A sabedoria está em saber calar
e saber falar em seu devido tempo”. (Ecl 3, 1-7)
Em se
tratando de nossa relação com Deus, silêncio absoluto, estejamos atentos às
palavras de Cristo, que veio ao mundo para nos ensinar a obediência ao Pai, no
sentido de fazer transcender a nossa alma enfermiça. Por isso, o cuidado de não
nos apegarmos demasiadamente à superficialidade do cotidiano, às sugestões da
mídia, às sugestões de outras tantas inutilidades para a evolução real do nosso
Espírito.
O
silêncio é o lenitivo para todas as nossas dores. Exercitemo-nos em ouvir os
outros, pois todos podem ser nossos professores em algum detalhe da vida.
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“Quando
a ascética cristã fez a apologia do silêncio, não o fez como negação da
comunicação, que é a expressão suprema dos valores interpessoais, mas sim como
um serviço a essa comunicação com Deus e com os irmãos”.
Essa apologia
foi feita para arrancar a comunicação de seus caminhos rotineiros e
superficiais e canalizá-la para as profundezas de um autêntica experiência.
Silêncio
representa traição à causa quando a situação exige que se proclame
corajosamente o Evangelho.
A
maravilha de Deus também provoca no homem o silêncio da surpresa, da
estupefação.
Neste
mundo de tantas palavras tão falsas e superficiais é preciso aprender a fazer
silêncio e ponderar bem aquilo que vai dizer, para não repetir slogans
maquinalmente, mas falar como expressão de vivência interior.
IDÍGORAS,
J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo: Paulinas, 1983.
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"A
infelicidade de um homem começa com a incapacidade de estar a sós, consigo
mesmo, num quarto." (Pascal)
Isso diz
respeito ao silêncio. Pesquisas da Universidade de Virginia e da Harvard
mostram que este problema é bem atual. No teste que aplicaram aos pretendentes
(permanecer 6 a 15 minutos em silêncio total), poucos lograram êxito.
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