O livro Memórias de um Suicida está dividido em
três partes: na primeira, trata dos Réprobos (7 capítulos); na
segunda, dos Departamentos (8 capítulos); na terceira,
da Cidade Universitária (7 capítulos). Numa passada de olhos
pelos títulos dos capítulos, percebemos a situação dos réprobos, a
existência de um hospital, o manicômio, os prelúdios da reencarnação, a justiça
divina, o "vinde a mim" e, em especial, o convite para que o homem
conheça a si mesmo e liberte-se de seu passado tenebroso.
Embora a obra tenha sido publicada como mediúnica, Yvonne A. Pereira
(médium) diz que as suas páginas não foram rigorosamente psicografadas, pois
ela via e ouvia as cenas que foram descritas. Foi auxiliada pelo Espírito
Léon Denis que, na segunda edição, revisou todo o material e suprimiu os
excessos de vocabulário e acúmulos de figuras representativas.
O livro trata dos Espíritos que cometeram suicídio e, em especial,
do romancista Camilo Castelo Branco, cuja médium preferiu chamá-lo de Camilo
Cândido Botelho. O nome que se usa para caracterizar os que cometeram
o suicídio é "réprobo". Detalhe: o suicídio de Camilo derivou-se da
revolta em se encontrar cego.
O primeiro capítulo é dedicado ao vale dos suicidas. É o lugar em
que se encontram os suicidas. Pequena descrição: “gargantas sinuosas e cavernas
sinistras, no interior das quais uivavam, quais maltas de demônios enfurecidos,
Espíritos que foram homens, dementados pela intensidade e estranheza,
verdadeiramente inconcebíveis, dos sofrimentos que os martirizavam”.
Os Espíritos são sempre auxiliados. Há o Hospital Maria de Nazaré,
que funciona como "Hospital Matriz”, e não se rodeia de qualquer
barreira. Apenas árvores frondosas, tabuleiros de açucenas e rosas teciam-lhe
graciosas muralhas. Há, também, a Legião dos Servos de Maria, Espíritos
abnegados que sondam o íntimo de cada um. De acordo com o progresso realizado,
transferem-nos para outros campos de aprendizado.
No campo doutrinário espírita, uma grande descoberta, ou seja,
o conhecimento de que o “corpo astral”, isto é, o perispírito – ou ainda o
“físico-espiritual” – não é uma abstração, figura incorpórea, etérea, como a
maioria supõe. Ele é, ao contrário disso, organização viva, real, sede das
sensações, na qual se imprimem e repercutem todos os acontecimentos que impressionem
a mente e afetem o sistema nervoso, do qual é o dirigente.
A leitura deste livro é de suma importância, pois a grande surpresa para
os que cometem suicídio é continuarem vivos.
PEREIRA, Yvonne A. Memórias
de um Suicida (Obra Mediúnica). Rio de Janeiro: FEB, 1980.
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