Parábola é
uma alegoria que trás em seu bojo um alcance moral. Há, no fundo do parabole grego,
a idéia de comparação, no sentido de se intuir realidades mais amplas do que
aquelas expressas pela simples observação do objeto. Quer dizer, para nos
aprofundarmos no conhecimento parabólico, precisamos debruçar o nosso
pensamento sobre o objeto, a fim de extrair dele essências cada vez mais
renovadas.
Parábola é um termo literário que tem íntima
relação com o apólogo e a fábula. Para alguns, a distinção está nas personagens
consideradas: o apólogo seria protagonizado por objetos inanimados, tais como
plantas, rios, pedras etc.; a fábula conteria preferencialmente animais
irracionais; a parábola, seres humanos. Convém acrescentar que, embora partindo
de objetos distintos, todas essas formas de linguagem tem como pano de fundo um
alcance moral.
No estudo da parábola, convém ter em mente a forma
de transmitir conhecimentos utilizada na antiguidade. A técnica pedagógica era
a linguagem por comparação, o que implicava em se entender algo além daquilo
que se falava. Pedagogia é uma palavra proveniente do grego pai dos e
significa, etimologicamente, a condução de crianças. Nesse sentido, os escravos
eram os verdadeiros educadores (condutores) de crianças. Jesus, por outro lado,
foi o grande pedagogo que poucos conseguiram entender. Por que?
Em se tratando de Jesus, o falar por parábolas
pretendia descortinar uma realidade acessível somente aos mais aptos a
compreendê-las. Além de despertar a curiosidade dos ouvintes, tinha também por
objetivo defender-se das ciladas dos fariseus. Assim, quer, através dessa
figura de linguagem, mostrar o alcance do reino de Deus em cada um dos filhos
de Deus. Recorrendo à parábola dizia: ouça o que tem ouvidos de ouvir e veja os
que têm olhos de ver.
Como todo o conhecimento religioso, há o aspecto
exotérico e o aspecto esotérico. Assim sendo, quando Jesus falava em público
estava fazendo o discurso exotérico. Por isso, muitos não entendiam. Mas,
reservadamente, a sós com os apóstolos, ensinava mais abertamente, pois estes
já tinham condições de compreender as realidades espirituais. Digno de nota é o
fato de que mesmo entre esses não disse tudo. Ou seja, nós só podemos conhecer
aquilo que é possível dentro de nossa capacidade de percepção.
Estudemos as parábolas evangélicas, ponderando a
sua imagem e doutrina, a fim de alcançarmos horizontes mais vastos de
compreensão espiritual.
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