A herança e o automatismo são os pontos de
contato entre a Fisiologia e a Psicologia. No capítulo IV de Evolução
em Dois Mundos, o Espírito André Luiz remete-nos aos evos dos tempos,
dizendo-nos: "Se, no círculo humano, a inteligência é seguida pela razão e
a razão pela responsabilidade, nas linhas da Civilização, sob os signos da
cultura, observamos que, na retaguarda do transformismo, o reflexo precede o
instinto, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida, que é base da
inteligência..." Acrescenta, ainda, que o princípio inteligente adquire a
atração no mineral, a sensação no vegetal e o instinto no animal,
transformando, gradativamente, toda a atividade nervosa em vida psíquica.
Pavlov, em uma de suas experiências, separou alguns
cães do convívio materno, desde o nascimento, sujeitando-os ao aleitamento
artificial. Como é lógico, revelaram naturalmente os reflexos congênitos, quais
o patelar e o córneo-palpebral, mas, quando lhes foi mostrada a carne, tanto
aos olhos quanto ao olfato, não segregaram saliva, não obstante à frente do
alimento tradicional da espécie, demonstrando a esperada secreção apenas quando
a carne lhes foi colocada na boca. A partir daí, os animais apresentavam a
mencionada secreção sempre que o alimento fosse apresentado à vista ou ao
olfato. Segundo André Luiz, no capítulo XII de Mecanismos da
Mediunidade, houve uma espécie de enxertia do reflexo condicionado sobre
o reflexo congênito desencadeado pelo alimento introduzido na boca.
A experiência mencionada acima serve para
compreendermos a função da indução na formação de nossos
reflexos condicionados psíquicos. Nos cães de Pavlov, a faculdade de comer
representa atitude espontânea (reflexo congênito), mas o interesse pela carne a
que foram habituados define uma atitude excitante (reflexo condicionado). A conjugação
mediúnica origina-se desses reflexos condicionados psíquicos, pois emitindo uma
onda mental, entraremos em contato com todas as ondas mentais de mesmo teor,
recebendo, em contrapartida, o retorno dessas ondas enriquecidas do teor
energético dos outros agentes.
O reflexo condicionado psíquico pode ser visto nas
situações mais complexas quanto nas mais simples. Observe a influência que
algumas pessoas, sob o disfarce de um título honroso qualquer, exercem sobre as
outras. Lançam uma idéia no centro de um grupo e todas as pessoas presentes
passam a seguir-lhes incontinente. Embora todos sejamos passíveis de sermos
influenciados por esse líder, cada um será responsável pela duração e aplicação
desses pensamentos. A mediunidade é intercâmbio. Nesse sentido, quanto mais
ficarmos envoltos com esses pensamentos mais estaremos alimentando-os. Por
isso, o recurso da prece é extremamente valioso para quebrar o reflexo
condicionado negativo.
A ligação mental do médium à entidade espiritual
merece um destaque especial. Como a lei de associação de idéias é uma lei
universal, quanto mais nos demorarmos num teor específico de fluxo mental mais
estaremos condicionados ao modo de pensar e agir daquela entidade, pessoa ou
coisa. O reflexo é automático e muitas vezes, sem o percebemos, acabamos
criando um monoideísmo, difícil de ser extinto. É por esta razão que os amigos
espirituais estão sempre nos alertando para a vigilância sobre os vícios mais
vulgares, qual sejam a maledicência, a crítica sistemática, os abusos da
alimentação etc., por serem estes os grandes indutores de nossos reflexos
condicionados psíquicos.
Convém, para o nosso próprio bem, rompermos os
automatismos negativos, a fim de vislumbrarmos um mundo diferente daquele que
estamos vivenciando.
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