10 setembro 2006

Reflexos Condicionados e Espiritismo

herança e o automatismo são os pontos de contato entre a Fisiologia e a Psicologia. No capítulo IV de Evolução em Dois Mundos, o Espírito André Luiz remete-nos aos evos dos tempos, dizendo-nos: "Se, no círculo humano, a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade, nas linhas da Civilização, sob os signos da cultura, observamos que, na retaguarda do transformismo, o reflexo precede o instinto, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida, que é base da inteligência..." Acrescenta, ainda, que o princípio inteligente adquire a atração no mineral, a sensação no vegetal e o instinto no animal, transformando, gradativamente, toda a atividade nervosa em vida psíquica.

Pavlov, em uma de suas experiências, separou alguns cães do convívio materno, desde o nascimento, sujeitando-os ao aleitamento artificial. Como é lógico, revelaram naturalmente os reflexos congênitos, quais o patelar e o córneo-palpebral, mas, quando lhes foi mostrada a carne, tanto aos olhos quanto ao olfato, não segregaram saliva, não obstante à frente do alimento tradicional da espécie, demonstrando a esperada secreção apenas quando a carne lhes foi colocada na boca. A partir daí, os animais apresentavam a mencionada secreção sempre que o alimento fosse apresentado à vista ou ao olfato. Segundo André Luiz, no capítulo XII de Mecanismos da Mediunidade, houve uma espécie de enxertia do reflexo condicionado sobre o reflexo congênito desencadeado pelo alimento introduzido na boca.

A experiência mencionada acima serve para compreendermos a função da indução na formação de nossos reflexos condicionados psíquicos. Nos cães de Pavlov, a faculdade de comer representa atitude espontânea (reflexo congênito), mas o interesse pela carne a que foram habituados define uma atitude excitante (reflexo condicionado). A conjugação mediúnica origina-se desses reflexos condicionados psíquicos, pois emitindo uma onda mental, entraremos em contato com todas as ondas mentais de mesmo teor, recebendo, em contrapartida, o retorno dessas ondas enriquecidas do teor energético dos outros agentes.

O reflexo condicionado psíquico pode ser visto nas situações mais complexas quanto nas mais simples. Observe a influência que algumas pessoas, sob o disfarce de um título honroso qualquer, exercem sobre as outras. Lançam uma idéia no centro de um grupo e todas as pessoas presentes passam a seguir-lhes incontinente. Embora todos sejamos passíveis de sermos influenciados por esse líder, cada um será responsável pela duração e aplicação desses pensamentos. A mediunidade é intercâmbio. Nesse sentido, quanto mais ficarmos envoltos com esses pensamentos mais estaremos alimentando-os. Por isso, o recurso da prece é extremamente valioso para quebrar o reflexo condicionado negativo.

A ligação mental do médium à entidade espiritual merece um destaque especial. Como a lei de associação de idéias é uma lei universal, quanto mais nos demorarmos num teor específico de fluxo mental mais estaremos condicionados ao modo de pensar e agir daquela entidade, pessoa ou coisa. O reflexo é automático e muitas vezes, sem o percebemos, acabamos criando um monoideísmo, difícil de ser extinto. É por esta razão que os amigos espirituais estão sempre nos alertando para a vigilância sobre os vícios mais vulgares, qual sejam a maledicência, a crítica sistemática, os abusos da alimentação etc., por serem estes os grandes indutores de nossos reflexos condicionados psíquicos.

Convém, para o nosso próprio bem, rompermos os automatismos negativos, a fim de vislumbrarmos um mundo diferente daquele que estamos vivenciando.


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