A origem da questão. Antes de sua prisão e crucificação,
Jesus, numa refeição de Páscoa, compartilhou com os seus discípulos o pão e o
vinho, dizendo: “Este é meu corpo, este é meu sangue”. Este ato de devoção
pelos cristãos passou a ser conhecido como Eucaristia, Sagrada Comunhão ou
Santa Ceia. Com o passar do tempo surgiu a seguinte controvérsia: em que
sentido o pão e vinho transformam-se no corpo e sangue de Jesus?
Transubstanciação é o termo utilizado pelo teólogo medieval
Tomás de Aquino, no século XIII, para esclarecer a questão da eucaristia, que é
o sacramento da Igreja Católica Romana, em que o pão e vinho se transformam no
corpo e sangue de Jesus Cristo. Para tanto, baseou-se na filosofia de Aristóteles,
que trata da substância e do acidente.
Substância e acidente. De acordo com Aristóteles, "substância"
é a identidade única de um objeto ou pessoa — o que caracteriza uma mesa, por
exemplo. "Acidentes" são os atributos da substância e podem mudar sem
alterar sua identidade — uma mesa pode ser de madeira e azul, mas se fosse de
metal e rosa, continuaria sendo uma mesa.
Aquino desenvolveu essa ideia afirmando que a substância ou essência de
um objeto ou pessoa (como Jesus) podia ser encontrada nos acidentes ou
atributos de outros objetos (como o pão e o vinho). Além disso, um objeto
também poderia ser convertido em outro, de modo que, quando um padre abençoava
o pão e o vinho, a substância do pão e do vinho era convertida na substância do
corpo e sangue de Jesus (daí o termo transubstanciação — "transformação de
uma substância em outra"). Como os acidentes ou atributos do pão e do
vinho continuavam a existir, a "verdadeira presença" de Jesus nesses
elementos podia ser imaginada, mas não vista fisicamente.
Fonte de Consulta
WERNER, Camila (editora). O Livro das Religiões. Tradução de Bruno Alexander. São Paulo: Globo Livros, 2014.
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