18 dezembro 2024

Natal

 “Os ensinamentos de Jesus devem servir para transformar não apenas um homem, mas toda a Humanidade”.

Natal. Do latim natale significa nascimento. Dia em que se comemora o nascimento de Cristo (25 de dezembro). 

O nascimento de Cristo sempre esteve envolvido em controvérsias. Para uns, seria 1.º de janeiro; para outros, 6 de janeiro, 25 de março e 20 de maio. Pelas observações dos chineses, o Natal seria em março, que foi quando um cometa, tal qual a estrela de Belém, reluziu na noite asiática no ano 5 d.C. Como data festiva, é um arranjo inventado pela Igreja e enriquecida através dos tempos pela incorporação de hábitos e costumes de várias culturas: a árvore natalina é contribuição alemã (século VIII); o Papai Noel (vulgo São Nicolau) nasceu na Turquia (século IV); os cartões de natal surgiram na Inglaterra, em meados do século XIX. (Estado de São Paulo, p. D3)

O nascimento de Jesus está relacionado à manjedoura e ao anúncio profético. Coincide com a percepção de uma nova luz para a humanidade sofredora. Nesse sentido, o Espírito Emmanuel, em Roteiro, diz-nos que antes de Cristo, a educação demorava-se em lamentável pobreza, o cativeiro era consagrado por lei, a mulher aviltada qual alimária, os pais podiam vender os filhos etc. Com Jesus, entretanto, começa uma era nova para o sentimento. Iluminados pela Divina influência, os discípulos do Mestre consagram-se ao serviço dos semelhantes; Simão Pedro e os companheiros dedicam-se aos doentes e infortunados; instituem-se casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o espírito popular etc. (Xavier, 1980, cap. 21)  

Papai Noel, símbolo do Natal, é usado pelos comerciantes, a fim de incrementar as vendas dos seus produtos no final de cada ano. O espírito do natal, segundo a propaganda, está relacionado com a fartura da mesa, a quantidade de brinquedos e outros produtos que o consumidor possa ter em seu lar. À semelhança dos reflexos condicionados, estudados por Pavlov, há repetiçãointensidade e clareza dos estímulos à compra, dando-nos a entender que estamos comemorando o renascimento de Cristo. Se não prestarmos atenção, cairemos na armadilha do consumismo exacerbado, dificultando a meditação e a reflexão durante esta data tão especial para a Humanidade.  

O espírito do Natal deve ser entendido como a revivescência dos ensinos de Cristo em cada uma de nossas ações. Não há necessidade de esperarmos o ano todo para comemorá-lo. Se em nosso dia-a-dia estivermos estendendo simpatia para com todos e distribuindo os excessos de que somos portadores, estaremos aplicando eficazmente a “Boa-Nova” trazida pelo mestre Jesus. “Não se pode servir a Deus e a Mamon”. A perfeição moral exige distinção entre espírito e matéria. A riqueza existe para auxiliar o homem no seu aperfeiçoamento espiritual. Se lhe dermos demasiado valor, poderemos obscurecer nossa iluminação interior. Útil se torna, assim, conscientizarmo-nos de que somos usufrutuários e não proprietários dos bens terrenos.  

Um conquistador diferente. A história está repleta de conquistadores: Sesóstris, em seu carro triunfal, pisando escravos e vencidos, em nome do Egito sábio; Nabucodonosor, arrasando Nínive e atacando Jerusalém; Alexandre, à maneira de privilegiado, passa esmagando cidades e multidões; Napoleão Bonaparte, atacando os povos vizinhos. A maioria desses homens fizeram as suas conquistas à custa de punhal e veneno, perseguição e força, usando exército e prisões, assassínio e tortura.

“Tu, entretanto, perdoando e amando, levantando e curando, modificaste a obra de todos os déspotas e legisladores que procediam do Egito e da Assíria, da Judéia e da Fenícia, da Grécia e de Roma, renovando o mundo inteiro. Não mobilizaste soldados, mas ensinaste a um punhado de homens valorosos a luminosa ciência do sacrifício e do amor. Não argumentaste com os reis e com os filósofos; entretanto, conversaste fraternalmente com algumas crianças e mulheres humildes, semeando a compreensão superior da vida no coração popular”. (Xavier, 1978, cap. 49, p. 261) 

Natal espírita. Na noite em que o mundo cristão festeja a Natividade do Menino Jesus, os espíritas devem se lembrar de comemorar o nascimento da Doutrina Espírita, entendida como a terceira revelação, um novo marco no desenvolvimento espiritual da humanidade, em que todos os problemas, todas as dúvidas, todas as dores serão explicadas à luz da razão e do bom senso.

Fonte de Consulta

ESTADO DE SÃO PAULO. 21/12/1996

XAVIER, F. C. Roteiro, pelo Espírito Emmanuel. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980.

XAVIER, F. C. Pontos e Contos, pelo Espírito Irmão X. 4. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1978.

17 dezembro 2024

Entre a Terra e o Céu (Notas do Livro)

O livro Entre a Terra e o Céu, pelo Espírito André Luiz e psicografia de Francisco Cândido Xavier, tem o copyright de 1954. Destaca-se, nas histórias recolhidas no livro, o respeito que devemos ter para com o nosso corpo físico e do culto incessante de serviço ao bem. Sem isso, todas as nossas ações se tornam infrutíferas.

A ideia central do livro gira em torno de um processo obsessivo envolvendo encarnados e desencarnados. O ponto de partida é o caso da jovem senhora Zulmira, a segunda esposa de Amaro, vampirizada por Odila, primeira esposa de Amaro e mãe de Evelina. Zulmira não gostava de Júlio, um dos filhos do casal, pois sentia ciúme dele em relação ao marido. Aspirava matá-lo. Não o fez, mas deixou que o menino fosse mar adentro e, com isso, morresse. Daí em diante, a senda de provas se iniciava.

O processo desobsessivo. Nas diversas situações apontadas, observamos o cuidado dos mentores espirituais — tal como Clarêncio — para que o trabalho de refazimento das almas em desequilíbrio se realizasse com êxito. Para tanto, foi preciso verificar todas as circunstâncias relacionadas ao caso, perquirindo uma grande quantidade de pessoas. Esse trabalho é relatado ao longo do livro até chegar a um "final feliz" consoante a lei de causa e efeito. 

Eis alguns ensinamentos extraídos do livro:

Prece. Caracteriza-se por uma emissão de força, uma espécie de estímulo-resposta, um potencial de frequência onde nossa mente se sintoniza com as estações receptoras do mundo espiritual. (Cap. I)

Prece refratada. É aquela cujo impulso luminoso teve a sua direção desviada, passando a outro objetivo. (Cap. II)

Benefícios do desprendimento parcial do corpo físico. Atuando no corpo espiritual, os mentores podem auxiliar a cura do corpo, inclusive de um câncer. Em outro momento, há o encontro, no mar, entre Zulmira e Odila, no mesmo lugar em que Júlio morreu. A obsessão de Odila é tão intensa que Zulmira, ao acordar, sente o desfalecimento de suas forças. (Cap. V)

Morte. E se morrêssemos hoje e nos livrássemos do esquecimento do passado? Clarêncio, contudo, instrui-nos que a morte não nos torna felizes. Sobre a lembrança do passado, diz-nos: o encontro com afetos implica também os desafetos. (Cap. VIII)

Alma livreQuem na Terra poderá imaginar as deliciosas sensações da alma livre? (Cap. VIII)

A importância de ser mãe. Blandina, a orientadora, desenvolve algumas ideias sobre a educação dos filhos, mas respeitando sempre a lei de causa e efeito. No final do capítulo, diz que na Terra foi casada e não teve filhos. Precisa se reeducar para tê-los. (Cap. X)

Repouso. Quanto mais se nos avulta o conhecimento, mais nos sentimos distanciados do repouso. A inércia opera a coagulação de nossas forças mentais, nos planos mais baixos da vida. O serviço é a nossa bênção. (Cap. XI)

Labirinto mental. No grande futuro, o médico terrestre desentranhará um labirinto mental, com a mesma facilidade com que atualmente extrai um apêndice condenado. (Cap. XIII)

Sobre o suicídio. É preciso analisar as causas. Esteves foi envenenado, enquanto Júlio se envenenou. A fixação mental do remorso opera inapreciáveis desequilíbrios no corpo espiritual. (Cap. XX)

Perispírito. Classifica o instrumento perispirítico do selvagem como protoforma humana, devido a sua matéria mais densa. (Cap. XXI) 

Cura dos males. Um dia, o homem ensinará ao homem, consoante as instruções do Divino Médico, que a cura de todos os males reside nele próprio.  (Cap. XXI)

Mãe de filho. Indubitavelmente, a Sabedoria Universal colocou imperscrutáveis segredos no carinho materno. Algo de milagroso e divino existe nos laços que unem mães e filhos que, por enquanto, não podemos apreender. (Cap. XXVI)

Reencarnação. A reencarnação, tanto quanto a desencarnação, é um choque biológico dos mais apreciáveis. Unido à matriz geradora do santuário materno, em busca de nova forma, o perispírito sofre a influência de fortes correntes eletromagnéticas, que lhe impõe a redução automática. (Cap. XXIX)

Observação

Para se ter uma ideia mais abrangente dos ensinamentos veiculados neste livro, convém fazer um estudo detalhado dos seus 40 capítulos. 

13 dezembro 2024

Pão Divino

O Espírito Emmanuel, no capítulo 173 — "Pão Divino", do livro Vinha de Luz, psicografado por Francisco Cândido Xavier, comenta a seguinte citação evangélica: “Moisés não vos deu o pão do Céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do Céu.” — Jesus. (João, 6:32.)

O escopo de toda arregimentação religiosa é congregar crentes a fim de que absorvam as ideias mais puras do Evangelho de Jesus, preparando as almas para a grandeza da vida religiosa. E o que se observa ao longo do tempo? Templos de pedra arruínam-se, princípios dogmáticos desaparecem, cultos externos modificam-se, revelações ampliam-se e sacerdotes passam.

Consideremos, porém, os serviços da fé viva, que dão base para toda a tarefa religiosa. De acordo com Emmanuel, esses serviços "representam aquele pão que Moisés dispensou aos hebreus, que sustentava o corpo apenas por um dia, e cuja finalidade primordial é a de manter a sublime oportunidade da alma em busca do verdadeiro pão do Céu".

A missão do Espiritismo Evangélico, como um verdadeiro libertador de consciências, é fornecer o pão puro, para que nos traga mais certeza, alimente nossa alma com mais conhecimentos, aumente o grau de nossa felicidade na Terra. Sejamos, também, cada um de nós pão de luz para todo aquele que tem fome e sede de justiça.

O Espiritismo dá ênfase ao esforço pessoal. Por quê? A salvação da alma não vem com aparências externas. Não é apenas orando, pedindo graças, favores, mas sim, colocar mãos à obra no trabalho árduo: primeiro convencermo-nos a nós mesmos; depois, convencer os outros dos benefícios da missão evangélica. Não sejamos a letra morta de que nos fala o Evangelho, mas os fiéis divulgadores da boa nova, trazida por Jesus. 

Estejamos convencidos de que o nosso culto do pão divino para renovação, purificação e engrandecimento da alma deve se fundamentar no esforço pessoal. Nesse sentido, observações de ordem fenomênica destinam-se ao olvido, afirmativas doutrinárias elevam-se para o bem, horizontes do conhecimento dilatam-se ao infinito e processos de comunicação com o invisível progridem sempre.

"Se procuras, pois, a própria felicidade, aplica-te com todas as energias ao aproveitamento do pão divino que desce do Céu para o teu coração, através da palavra dos benfeitores espirituais, e aprende a subir, com a mente inflamada de amor e luz, aos inesgotáveis celeiros do pão celestial".


Nutrição Espiritual

O Espírito Emmanuel, no capítulo 134 — “Nutrição Espiritual”, do livro Pão Nosso, psicografado por Francisco Candido Xavier, comenta a seguinte citação evangélica: “Bom é que o coração se fortifique com graça e não com manjares, que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram.” — Paulo. (HEBREUS, 13:9.)

Nesta lição, o Espírito Emmanuel elabora alguns raciocínios acerca dos vícios da alma e os vícios da alimentação corpo, alertando-nos para cuidarmos tanto do corpo quanto do Espírito. Há necessidade dessa atenção, pois nossa caminhada neste planeta de provas e expiações está sujeita a altos e baixos, devido ao grau inferior de nossa evolução espiritual.

Muitas pessoas, iludidas pelo apego à matéria e aos seus gozos, costumam trocar a água pura pelas bebidas alcoólicas, sem ter consciência do mal que estão causando ao seu corpo e, por conseguinte, à sua alma. As recomendações evangélicas enaltecem a nossa mudança comportamental, pois adquirindo virtudes em vez dos vícios, chegaremos ao porto seguro da salvação.

O alimento do coração funda-se nas realidades simples do caminho evolutivo. Observe como os grandes religiosos passavam os seus dias. Muitos deles, numa cela, rezando em prol da paz e da harmonia entre as pessoas. Sua comida era parca, tendo o cuidado de ficar mais tempo louvando o mestre Jesus.  “A estrada religiosa deve se afastar dos deslumbramentos da fantasia que procede do exterior e focar no esforço mais amplo do aprimoramento interior”.

O crente e o fenômeno. A busca do fenômeno ou de situações que lhe atendam aos caprichos nocivos é muito prejudicial. Isso acontece porque “ele ainda não tomou consciência de que as sensações empolgantes da zona fenomênica se tornam inúteis ao espírito, quando este não possui recursos interiores suficientes para compreender as finalidades”.

O Espírito Emmanuel conclui:

Inúmeros aprendizes guardam a experiência religiosa, que lhes diz respeito, por questão puramente intelectual. Imperioso, porém, é reconhecer que o alimento da alma para fixar-se, em definitivo, reclama o coração sinceramente interessado nas verdades divinas. Quando um homem se coloca nessa posição íntima, fortifica-se realmente para a sublimação, porque reconhece tanto material de trabalho digno, em torno dos próprios passos, que qualquer sensação transitória, para ele, passa a localizar-se nos últimos degraus do caminho.

 

12 dezembro 2024

Homens de Fé

O Espírito Emmanuel, no capítulo 9 — “Homens de Fé”, do livro Pão Nosso, psicografado por Francisco Candido Xavier, comenta a seguinte citação evangélica: “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha.” — Jesus. (MATEUS, 7:24.)

Nesta lição, convém estarmos cientes daquilo que tem substância, valor, contrastando com o seu contrário, que é o supérfluo, o passageiro. De nada adianta vermos os grandes pregadores do Evangelho como as expressões máximas do Cristianismo. O correto seria lembrarmo-nos de que isso somente aconteceu porque não esqueceram da vigilância indispensável ao justo testemunho.

Diante dessa lição, poderíamos perguntar quais são realmente esses homens de fé? Nesse sentido, o Mestre destaca, entre todos os discípulos, é aquele que lhe ouve os ensinamentos e os pratica. Assim, os homens de fé não são somente os palavrosos e entusiastas, mas também todos aqueles que ouvem com atenção os ensinamentos de Jesus e procuram pô-los em prática no dia-a-dia.

Ressaltemos, também, o estimado valor dos homens moderados que, registrando os ensinos e avisos da Boa Nova, cuidam, desvelados, da solução de todos os problemas do dia ou da ocasião, sem permitir que suas edificações individuais se processem longe das bases cristãs imprescindíveis.

Embora a palavra seja indispensável para a propagação da ideia evangélica, nenhum aprendiz deverá esquecer o valor do silêncio, a fim de que a ponderação se faça ouvida, dentro da própria alma, norteando-lhe os destinos.

A construção de homens de fé, dentro de nós mesmos, exige esforços hercúleos, no sentido de não nos deixarmos levar pelas facilidades da porta larga, onde imperam os vícios de todas as espécies,  e que nos conduzirão, inevitavelmente, à queda.

 

Espíritos Sofredores: o Castigo

Allan Kardec, no capítulo IV — "Espíritos Sofredores", da Segunda Parte — Exemplos, de O Céu e o Inferno, trata do problema do castigo, ou mais especificamente, da exposição geral do estado dos culpados por ocasião da entrada no mundo dos Espíritos, ditada à Sociedade Espírita de Paris, em outubro de 1860. Eis algumas notas.

1) Os Espíritos endurecidos, egoístas e maus são tomados de uma dúvida cruel a respeito do seu destino, no presente e no futuro. O insulamento e a inércia para fazer o mal os desespera.

2) Não conseguem levantar o olhar às moradas superiores porque estão ensimesmados sobre si mesmos, e presos à lembrança de suas faltas passadas, que eles põem continuamente em ação pelos seus gestos ridículos.

3) Em vista disso, atiram-se para a Terra como abutres famintos, procurando entre os homens uma alma que lhes dê fácil acesso às tentações. Encontrando-a fazem-na um adepto de seu mal.

4) Sentem-se felizes nos casos em que veem propagar-se a ideia do mau. Quando em contato com o bem, sentem os espinhos do remorso.

5) Quando se lhe apresentam a reencarnação, veem como num espelho as provações terríveis que os aguardam. Querem recuar, mas a lei natural é mais potente.

6) Na condição de encarnado, "fechadas as pupilas, ele vê um clarão que desponta, ouve estranhos sons; a alma, prestes a deixar o corpo, agita-se impaciente, enquanto as mãos crispadas tentam agarrar as cobertas... Quereria falar, gritar àqueles que o cercam: — Retenham-me! eu vejo o castigo! — Impossível! A morte sela-lhe os lábios esmaecidos, enquanto os assistentes dizem: Descansa em paz!"

7) "No mundo dos Espíritos, retribuem-lhe outros Espíritos o mal que fez; castigado, confuso e escarnecido, por sua vez vagueia e vagueará até que a divina luz o penetre e esclareça, mostrando-lhe o Deus vingador, o Deus triunfante de todo o mal, e ao qual não poderá apaziguar senão à força de expiação e gemidos".

Alguns casos relatados neste capítulo: Novel, Augusto Michel, Exprobrações de um Boêmio, Lisbeth, Príncipe Ouran, Pascal Lavic, Ferdinando Bertin, Francisco Riquier e Clara.

Fonte de Consulta

Kardec, Allan. O Céu e o Inferno — Capítulo IV — "Espíritos Sofredores".

 

11 dezembro 2024

Os Tempos Estão Chegados: Sinais dos Tempos

Os sinais dos tempos. Para os incrédulos, eles não têm nenhuma importância; para o maior número dos crentes, eles têm qualquer coisa de místico e de sobrenatural. Para o Espiritismo, o nosso globo está sujeito à lei do progresso, físico e espiritual.

O duplo progresso. O progresso se realiza de duas maneiras: uma, lenta, gradual e insensível; a outra, por modificações mais bruscas; cada uma delas resulta num movimento ascensional mais rápido, o qual marca, com sinais nítidos, os períodos progressivos da humanidade. Ressalte-se que o progresso se realiza em virtude da vontade de Deus, não de uma vontade acidental e caprichosa, mas de uma vontade imutável.

Será que Deus, depois de ter estabelecido as leis, se torna indiferente? Não. Deus vela pela execução de suas leis. Se o seu pensamento cessar de agir um só instante, o Universo seria como um relógio sem o pêndulo regulador. Os Espíritos que povoam o espaço são seus ministros encarregados dos detalhes, segundo as atribuições relativas ao seu grau de adiantamento.

E as perturbações que observamos dessa ordem universal? Como se explica? Uma vontade única mantém a unidade por toda parte. As perturbações são os movimentos parciais e isolados, que só nos parecem irregulares, porque nossa vista é circunscrita.

Depois do progresso material, devemos cuidar para fazer reinar entre nós a caridade, a fraternidade e a solidariedade para assegurar o bem-estar moral. Nesse caso, devemos incluir a destruição do egoísmo e do orgulho. E marcará uma das fases principais da humanidade. E envolverá toda a humanidade. O processo se dará pela luta inevitável das ideias. De tal conflito nascerão forçosamente perturbações temporárias, até que o terreno haja sido desobstruído e o equilíbrio restabelecido.

Eis a percepção do Espírito Arago: "Quando se diz que a humanidade chegou a um período de transformação, e que a terra deve se elevar na hierarquia dos mundos, não vede nestas palavras nada de místico, mas, ao contrário, o cumprimento de uma das grandes leis fatais do Universo, contra as quais se quebra a má vontade humana."

Este é um pequeno resumo: para uma visão mais abrangente, consultar o livro.

Kardec, Allan. A Gênese — Capítulo XVIII — "Os Tempos Estão Chegados"


Mediunismo

Mediunismo. A expressão “Mediunismo”, criada por Emmanuel, designa as formas primitivas de Mediunidade, que fundamentam as crenças e religiões primitivas. Estão associadas, assim, ao Mediunismo todas as religiões primitivas, sem desenvolvimento cultural e intelectual, as religiões africanas e os diversos tipos de sincretismos religiosos.

A diferença entre Mediunismo e Mediunidade pode ser vislumbrada na conscientização do problema mediúnico. Nesse caso, a Mediunidade é o Mediunismo desenvolvido, racionalizado e submetido à reflexão religiosa e filosófica e às pesquisas científicas.

A Mediunidade foi marginalizada pelas religiões e correntes do pensamento espiritualista. Por quê? Devido a Mediunidade ser apontada nas religiões como de natureza diabólica, nas doutrinas espiritualistas refinadas como um campo inferior e perigoso de manifestações suspeitas e perigosas, acusada de responsável pela loucura do mundo.

Tendo em vista a primitividade do Mediunismo, ele deveria ser condenado? Não. Condenar o Mediunismo seria condenar a fonte que nos fornece a água. Há ricos filões de fenômenos no solo fecundo do Mediunismo à espera dos investigadores espíritas.

Os diversos ramos do Mediunismo podem ser encontrados nos terreiros de Umbanda, com práticas mais elevadas, voltadas para o bem; nos de Quimbanda, com práticas menos evoluídas, como o uso de sangue de animais e a queima de pólvora, revelando a brutalidade dos ritos selvagens.

O Espiritismo, pelo seu caráter filosófico e científico, fornece-nos uma visão mais acurada das práticas mediúnicas. Elas resumem-se na prece e na meditação, no passe (imposição das mãos, do Evangelho) e na doutrinação caridosa dos espíritos sofredores ou vingativos.

Mediunismo e barbárie. Não é o Mediunismo que responde pela barbárie, mas o apego do homem aos interesses mundanos e o desejo de vencer com mais facilidade e segurança, sob a suposta proteção espiritual de criaturas incultas e grosseiras.

Fonte de Consulta

Pires, J. H. Mediunidade. Capítulo VI — “O Mediunismo".

 

10 dezembro 2024

Mediunidade — Capítulo V de "O Consolador"

O Espírito Emmanuel, no capítulo V — “Mediunidade”, da Terceira Parte, de O Consolador, instrui-nos acerca do seu desenvolvimento. Este estudo compreende as questões que vão de 382 a 391.

Começa nos dizendo que a verdadeira definição de mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre toda carne e prometida pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra. Embora tendo os seus percalços, a mediunidade é uma das principais oportunidades de progresso da humanidade.

Em seguida, discute se é justo considerarmos todos os homens como médiuns. Sua resposta é afirmativa, tal qual é também feita por Allan Kardec, em O livro dos Médiuns. Há, contudo, de considerar que no campo imenso das potencialidades psíquicas do homem existem os médiuns com tarefa definida, precursores das novas aquisições humanas.

Depois, analisa se devemos ou não provocar o desenvolvimento da mediunidade. Recomenda-nos que a mediunidade não deve ser fruto de precipitação nesse ou naquele setor da atividade doutrinária, porquanto, em tal assunto, toda a espontaneidade é indispensável, considerando-se que as tarefas mediúnicas são dirigidas pelos mentores do plano espiritual.

Continuando, trata da especialização e da mediunidade mais preciosa para o bom serviço da Doutrina. Quanto à especialização, não resta dúvida, pois é por ela que poderá nascer a harmonia na grande obra de vulgarização da verdade a realizar. Quanto à mediunidade mais preciosa, afirma que não há uma mediunidade mais importante que outra. Contudo, o médium, com a tarefa definida, deve se encher de espírito missionário.

Comenta, também, se a mediunidade pode ser retirada. Diz-nos que a intermediação com o invisível exige esforços constantes do médium. Optando pela vaidade ou pela exploração inferior, pode se tornar indigno da missão.

Por fim trata do erro grave em provocar alguns trabalhos especiais com o fim de converter os descrentes e a mediunidade nos irracionais. Sobre esse mister escreve: “Os irracionais não possuem faculdades mediúnicas propriamente ditas. Contudo, têm percepções psíquicas embrionárias, condizentes ao seu estado evolutivo, através das quais podem indiciar as entidades deliberadamente perturbadoras, com fins inferiores, para estabelecer a perplexidade naqueles que os acompanham em determinadas circunstâncias”.

Charlatanismo e Prestidigitação

O Capítulo 28 — “Charlatanismo e Prestidigitação”, de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, trata dos médiuns interesseiros e das fraudes.  

Charlatanismo. É a prática de alguém que, de má fé, propaga a cura de doenças por meio de métodos secretos ou infalíveis, sem respaldo científico. O crime está previsto no artigo 283 do Código Penal e a pena é de detenção de três meses a um ano, além de multa. Prestidigitação. A palavra "prestidigitação" tem origem no francês prestidigitation. Significa "arte de prestidigitador; agilidade de mãos". A prestidigitação é uma técnica ou arte que consiste em iludir o espectador com truques que dependem da agilidade, especialmente das mãos. Alguns sinônimos de prestidigitação são: Ilusionismo, Mágica, Manigância, Manobra, Passe-passe, Prestigio. 

Em se tratando do charlatanismo e da prestidigitação, é necessário averiguar se o médium agiu com ou sem interesse próprio.  Que motivo teriam as pessoas que praticassem a mistificação sem nenhuma vantagem?

No exercício da mediunidade, devemos ter muito cuidado, pois a faculdade mediúnica é concedida para a prática do bem. Nesse caso, Espíritos bons podem se afastar dos médiuns que pretendem usar essa faculdade como meio para alcançar qualquer coisa contrária aos desígnios da Previdência. Egoísmo, cupidez, orgulho e prepotência são os alvos que devemos combater em nós mesmos.

Espíritos inferiores gostam de mistificar, mas não gostam de ser mistificados. Se espontaneamente se entregam a brincadeiras e aos caprichos da curiosidade, por gostarem de se divertir, não lhes agrada servir de passatempo aos outros nem de comparsas para ganhar dinheiro. Observe que a prestidigitação poderia ser praticada como passatempo em reuniões improvisadas e frívolas, mas nunca em assembleias sérias em que só se admitem pessoas honestas.

Sobre o médium pago. Muito se desconfia dele, porque o abuso provém entre os médiuns pagos e não aqueles que se dedicam a servir a causa cristã. Há que se considerar, também, nem todo médium pago é nocivo. Depende muito de seu caráter e seus objetivos. Os Espíritos bons julgam mais a intenção do que o fato material.

A fraude tem sempre uma finalidade, algum interesse material. Onde nada se tem a ganhar, não há nenhum interesse em enganar. Por isso dissemos, a propósito dos médiuns mercenários, que melhor de todas as garantias é um desinteresse absoluto.

De todos os fenômenos espíritas, os de efeitos físicos são mais propensos à fraude. Primeiro, porque se dirigem mais aos olhos do que à inteligência, são os que os prestidigitação mais facilmente pode imitar. Segundo, porque despertam curiosidade mais do que os outros e são mais apropriados a atrair multidão e consequentemente mais produtivos.

 

 

Pedi e Obtereis

O capítulo 27 — “Pedi e obtereis”, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, trata dos seguintes tópicos: Condições da Prece — Eficácia da Prece — Ação da Prece. Transmissão do Pensamento — Preces Inteligíveis — Da Prece pelos Mortos e pelos Espíritos Sofredores — Instruções dos Espíritos: — Modo de Orar — Ventura da Prece

Condições da prece. Quando orarmos não devemos nos colocar em evidência. O correto é orarmos sem fingimento e sem muitas palavras, mas pela sinceridade delas. “Antes de orar, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-a, porque a prece não poderia ser agradável a Deus, se não partisse de um coração purificado de todo sentimento contrário à caridade”.

Eficácia de prece. A eficácia da prece resume-se em pedir confiança, coragem, paciência e resignação. Diante de nossa rogativa, a divindade nos concederá os meios de nos livramos das dificuldades.

Ação da prece. A ação da prece se realiza pela transmissão do pensamento, seja quando o ser a quem oramos atende ao nosso apelo, seja quando o nosso pensamento eleva-se a ele.

Preces inteligíveis. Como ligar o pensamento àquilo que não se compreende? É impossível, pois o que não se compreende não pode tocar o coração.

Espíritos sofredores. Os Espíritos sofredores ao verem que são lembrados, sentem-se menos abandonados e menos infelizes. “Mas a prece tem sobre eles uma ação mais direta: reergue-se a coragem, excita-lhes o desejo de se elevarem, pelo arrependimento e a reparação, e pode desviá-los do pensamento do mal”.

Modo de orar. A prece do religioso deve ser feita — com humildade e profundeza — no momento em que o Espírito retoma o jugo da carne. Esta prece deve encerrar o pedido das graças do que realmente necessitamos.

Ventura da prece. Santo Agostinho elabora um trecho poético sobre essa ventura, mostrando-nos que, por meio da prece, nossa alma se encaminha para lugares harmoniosos e felizes.  Eis como está posta no livro.

Vinde, todos vós que desejais crer. Acorrem os Espíritos celestes, e vêm anunciar-vos grandes coisas! Deus, meus filhos, abre os seus tesouros, para vos distribuir os seus benefícios. Homens incrédulos! Se soubésseis como a fé beneficia o coração, e leva a alma ao arrependimento e à prece! A prece. Ah! Como são tocantes as palavras que se desprendem dos lábios na hora da prece! Porque a prece é o orvalho divino, que suaviza o excessivo calor das paixões. Filha predileta da fé, leva-nos ao caminho que conduz a Deus. No recolhimento e na solidão, encontrai-vos com Deus; e para vós o mistério se desfaz, porque Ele se revela. Apóstolos do pensamento, a verdadeira vida se abre para vós! Vossa alma se liberta da matéria e se lança pelos mundos infinitos e etéreos, que a pobre Humanidade desconhece.

Marchai, marchai, pelos caminhos da prece, e ouvireis a voz dos Anjos! Que harmonia! Não são mais os ruídos confusos e as vozes gritantes da Terra. São as liras dos Arcanjos, as vozes doces e meigas dos Serafins, mais leves que as brisas da manhã, quando brincam nas ramagens dos vossos arvoredos. Com que alegria então marchais! Vossa linguagem terrena não poderá exprimir jamais essa ventura, que vos impregna por todos os poros, tão viva e refrescante é a fonte em que bebemos através da prece! Doces vozes, inebriantes perfumes, que a alma ouve e aspira, quando se lança, pela prece, a essas esferas desconhecidas e habitadas! São divinas todas as aspirações, quando livres dos desejos carnais. Vós também, como o Cristo, orai, carregando a vossa cruz para o Gólgota, para o vosso Calvário. Levai-a, e sentireis as doces emoções que lhe passavam pela alma, embora carregasse o madeiro infamante. Sim, porque ele ia morrer, mas para viver a vida celestial, na morada do Pai!

Fonte de Consulta

Capítulo XXVII — "Pedi e Obtereis", de O Evangelho Segundo o Espiritismo