O Medo e a ansiedade, características da
personalidade neurótica, são, ambos, reações proporcionais ao perigo. No caso
do medo, o perigo é manifesto e objetivo enquanto no da ansiedade é oculto e
subjetivo. Este último, portanto, mais difícil de ser detectado e domado.
Todos, em menor ou maior grau, estamos sujeitos à ansiedade. O problema está na sua administração: uns
preferem racionalizá-la, outros narcotizá-la e outros ainda evitá-la. Sempre
que assim agirmos, estaremos nos distanciando da resolução do problema. Se, por
exemplo, para esquecê-la afogamo-nos nas bebidas ou nos narcóticos, é possível
que a consequência deste ato traga-nos, não uma diminuição, mas um aumento
substancial da própria ansiedade.
O medo da solidão pode estimular a prática de
atividades sociais. O sentimento de inutilidade, nesta
situação, desencadeia pensamentos altruístas com relação ao próximo.
Racionalizamos: já que estou sem fazer nada, por que não empregar o tempo em
prol do meu irmão, em maior dificuldade que a minha? A ideia, em si mesma, não
é má. Mas, estamos preparados psicologicamente para tal empreendimento? Ou será
como um fogo-de-palha que mal acaba de acender e já se apaga? Qualquer tipo de
caridade é bem recebida, contudo importa exercitá-la de forma consciente.
A ansiedade tem relação com a debilidade. A maioria de nós conhece relações entre casados,
irmãos e amigos em que a pessoa neurótica age como um condutor escravo, usando
a sua debilidade como chicote para obrigar o outro a atender às suas vontades,
de modo a exigir atenção e auxílio permanentes. Esquecem-se de que cada um é o
construtor do seu próprio destino. Talvez fosse importante termos sempre em
mente: nunca peça ajuda ao outro naquilo que você pode fazer por si mesmo.
Quanto mais neurótica for a pessoa, tanto mais a
sua personalidade se apresentará eivada de defesas. Tanto maior será, também, o número de coisas que
ela não poderá fazer ou nem pensará fazer, conquanto fosse lícito esperar que
as fizesse, em face de sua vitalidade, capacidade intelectual ou formação
educacional. Quanto mais grave a neurose, tanto maior o número de inibições
presentes, quer sutis, quer gritantes.
A cura real está na convivência pacífica com a
ansiedade. Não adianta negá-la ou afogá-la, pois é somente tomando consciência de
sua existência, isentos de ideias preconcebidas, que adquiriremos força para
vencê-la.
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